Caça Aos Gângsteres

Metralhadoras e Policiais Divertidos Cospem Clichês em Um Noir Extravagante do Século 21

Por Zeca Seabra 

Hollywood sempre gostou de produzir filmes que retratavam a ação da máfia na América. James Cagney, Edward G. Robinson, George Raft, Al Pacino, Marlon Brando e Robert de Niro foram alguns dos astros que imortalizaram a figura do gângster durão e poderoso que batia nas mulheres, desafiava os policiais e fuzilava seus algozes sem pestanejar. O gênero alcançou o status máximo com a obra de Francis F. Coppola: A trilogia do Poderoso Chefão que remontava a origem da Máfia até a sua chegada na América do Norte. Martin Scorsese dirigiu excelentes filmes a respeito do mesmo tema fazendo uma abordagem muito mais ampla sobre a extensão do crime organizado. “Caça aos Gângsteres” (Gangster Squad, 2013) dirigido por Ruben Fleischer não faz nenhuma promessa para entrar na galeria de obra definitiva sobre os filmes de gangsteres, mas mesmo assim, consegue divertir o público. Recriando uma Los Angeles dos anos 40, o filme narra os esforços de uma equipe secreta, liderada pelo incorruptível Sargento John O’Mara (Josh Brolin), criada com a intenção de acabar com o império do lendário mafioso Mickey Cohen (conhecido como o Rei da Cidade),  um marginal perigoso que quer dominar e controlar o mercado negro de toda a parte leste dos EUA. O diretor Ruben Fleischer utiliza a tradicional narrativa dos filmes de ação para compor uma homenagem ao gênero sem grandes surpresas. Espertamente, o diretor percebeu que seria impossível fazer um filme rigoroso e circunspecto sobre um tema que já foi imortalizado por obras excepcionais e optou pelo tom farsesco e divertido – universo ao qual está mais acostumado desde o terrir “Zumbilândia” de 2009. Baseado em eventos reais (Mickey Cohen de fato existiu e fez parte da máfia judia por quase 30 anos), o filme segue uma estrutura conservadora onde o espectador assiste exatamente aquilo que se espera: Muita ação, perseguições, metralhadoras cuspindo fogo, uma femme fatale (Emma Stone) se insinuando para o galã (Ryan Gosling), policiais justos e um vilão impiedoso e desumano (interpretado por um caricato Sean Penn). Cercado por uma competente equipe técnica e uma inspiradora trilha sonora a cargo de Steve Jablonski (da franquia Transformers), o diretor acerta ao investir em um clima colorido e violento transformando todos os clichês em elementos cômicos propositalmente extravagantes em algumas sequências.  “Caça aos Gângsteres” cumpre muito bem seu papel de diversão completamente isenta de compromisso sobre um assunto que já foi exaustivamente explorado, mas que é sempre bem vindo desde que não seja levado tão a sério.

Zeca Seabra


É Terapeuta Psicomotricista. Faz parte da ACCRJ (Associação dos Críticos de Cinema do Rio de Janeiro); e atua como Crítico e colaborador do Almanaque Virtual
 www.almanaquevirtual.com.br Combinação perfeita que emprega em seus textos. Este é a sua primeira crítica aqui. Seja Bem vindo, Zeca!

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