Um Divertido Esqueceram de Mim Brazuca
Por Fabricio Duque
“Carrossel” é literalmente uma plataforma circular giratória, um divertimento tradicional de parques de diversões, e inicialmente o nome da novelinha infanto-juvenil da emissora SBT (da autora ris Abravanel), inspirada na telenovela mexicana “Carrusel”, escrita por Valentín Pimstein que, por sua vez, havia sido inspirada na telenovela argentina “Jacinta Pichimahuida, la Maestra”. A versão brasileira, em questão aqui, exibiu exibiu 310 capítulos (a previsão inicialmente era de 260 episódios) de 21 de maio de 2012 a 26 de julho de 2013. O sucesso de público foi tamanho que em 2015 chegou às telas do cinema, “Carrossel – O Filme”, dirigido Alexandre Boury e Mauricio Eça, o longa-metragem corroborou a estrutura atmosfera da inocência pré-adolescente, contudo sem mitigar abordagens mais polêmicos como o bullying (artifício intrínseco da idade de crianças que se encontram no “limbo” entre a infantilidade e o amadurecimento).
“Carrossel – O Filme” é acima de tudo sobre a amizade e sobre o respeito pelas idiossincrasias existencialistas peculiares de cada um deles. A mensagem que o filme quer passar é que todo e qualquer jovenzinho tem a liberdade de ser o que é e de reverberar fielmente suas personalidades. E que o tão malfadado “bullying” na verdade ajuda (e é necessário), com limites logicamente, no processo de fortalecimento como ser humano e como indivíduo social, porque quando eles se tornarem adultos, a própria vida “lutará” para limitar sonhos; potencializar dramas e sensibilidades; e mitigar a diversão incondicionalmente naturalista em prol da necessidade da sobrevivência diária com as constantes e quase impossíveis e pressionadas tarefas. Aqui, estes personagens convivem e perpetuam um universo de picardias em forma de uma pura e cúmplice zoação. Suas características próprias são suas maestrias de defesa e de proteção. Cada um é único e ímpar em seus núcleos narrativos, como por exemplo do negro e do pobre Cirilo Rivera (o ator Jean Paulo Campos) que tem paixão pela esnobe Maria Joaquina (Larissa Manoela) – a conscientização do racismo; e o tema da obesidade de Laura; o “peidorreiro”; o japonês “temaki mirim”.
“Carrossel – O Filme” é quase uma representação das revistas infanto-juvenil, como “Capricho” e também dos sonhos, medos, anseios, carências, pequenas vinganças, competições, alegrias desmedidas, firmações de caráter, a descoberta do amor pelo viés platônico do exponencial estrutura essência-literária-filosófica do Romantismo não sexual. A história nos conta que no último dia de aula (sem a Professora Helena – a atriz Rosanne Mulholland – que estava com o projeto com a Rede Globo), os alunos da Escola Mundial entram em férias e viajam para o acampamento Panapaná, pertencente ao avô de Alicia. Lá eles participam de uma gincana organizada pelo senhor Campos, que faz o possível para que as crianças se divirtam. Entretanto, a chegada de Gonzales (a ator-cantor Paulo Miklos) agita o local, já que ele que pretende comprar o terreno do acampamento para transformá-lo em uma fábrica poluidora. Para atingir seu objetivo, Gonzales e seu fiel parceiro Gonzalito (o ator-apresentador Oscar Filho) usam de todos os artifícios maléficos possíveis, inclusive sabotar o acampamento e difamar seu Campos. É inevitável não buscarmos referências nos filmes “Goonies”, “Pestinha” e explicitamente citada de “Esqueceram de Mim”, este devido a versão revisitada de se “vingar” dos bandidos-vilões. O longa-metragem é passeia pela linha tênue da suavização dos clássicos americanos e do aprofundamento mais sagaz-perspicaz das sacadas-diálogos dos filmes da Xuxa e dos Trapalhões. Enquanto a novela Carrossel é mais focada em situações cotidianas, o filme é composto pelos gêneros ação, aventura e musical. “Ainda estamos tentando entender o público do filme, porque em princípio é o das crianças até 12 anos, mas muitos pais que estão levando os filhos também viam a novela com eles e estão amando. Para eles criamos os vilões, que estão funcionando. Foi adicionada a aventura porque se passaram três anos desde o fim da novela. As crianças cresceram e não poderiam reproduzir o mesmo tipo de experiência. Quando cheguei ao projeto, a história já estava ambientada no acampamento de férias, mas não havia um roteiro definitivo. Trabalhamos bastante até chegar ao produto final, convencidos de que o tema, no acampamento, é o rito de passagem. As crianças aprendem a ser independentes, passam a primeira noite fora, dão o primeiro beijo. E, por estarmos no acampamento, com muita atividade física, ampliou-se o espaço da aventura”, finaliza um dos diretores do filme, Mauricio Eça.