Curta Paranagua 2024

Crítica: Baywatch

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Diversão com Picardias

Por Fabricio Duque


Ziembinski acreditava que qualquer gênero de teatro, se feito com seriedade artística, era válido. Acrescento que qualquer e toda arte, principalmente o cinema tem esse valor, opção e possibilidade. “Baywatch” cumpre ao que se destina: uma comédia despretensiosa da continuação desdobrada do clássico dos anos oitenta com Pamela Anderson.
Aqui, o espectador pode conferir novas histórias-tramas, infinitas picardias sexuais, pilhérias, perseguições, tiros e, como não poderia deixar de referenciar ao antigo, muita câmera lenta de efeito (desta vez bem mais slow motion).

O filme é propositado pela linguagem auto-sarcasmo de se desconstruir com adjetivos irônicos pelo humor fácil, ora escatológico, ora de escárnio cúmplice, ora pra irritar, mas sempre com o respeito à veia essencial, que é a da diversão entretenimento.

“Baywatch”, dirigido pelo americano Seth Gordom (de “Quero Matar Meu Chefe”, “Uma Ladra Sem Limites”) escala uma nova geração de atores que representam sucesso no público, tendo um trincado e bronzeado (com suas veias pulsando) “Ken High School Musical” Zac Efron (para deleite das meninas e dos gays) de tanto malhar, e o carisma do sempre “Batman” (o conhecido e salvador “Super-Homem”), The Rock (para os machos de plantão), e o ator Dwayne Johnson, com seu grande peitoral, que mesmo beijando na boca de outro homem não duvidamos nada de sua masculinidade.

O longa-metragem comporta-se como um cômico clipe musical de hip-hop que se contrasta com músicas pop antigas (“Oh Girl”, “Say You, Say Me” e “How Deep is Your Love”), reverberando o estilo trote, constrangido, “awkward”, à moda de “Porks – A Casa do Amor e do Riso”, de Bob Clark. Há ambientação da praia (cenário principal dos salva-vidas com “roupas coladinhas”) com cortes rápidos, detalhes embaraçosos de idiossincrasias, referências a “Breaking Bad”, a timidez paralisante, enconchado pela mulher gostosa, “balada no Rio de Janeiro”, vômito na piscina, “piroca presa” excitada (à moda de “Tudo para ficar com ele”, de Roger Kumble), drone. “Tentar é a melhor parte”, diz-se.

Mitch Buchannon (Dwayne Johnson) é um devoto salva-vidas, um “Aquaman”, um “tenente” orgulhoso do seu trabalho, que teve David Hasselhoff, como seu mentor. Enquanto está treinando o novo, forte, suado, peludo, marrento, “negligente”, “indisciplinado” e exibido recruta “símbolo sexual” Matt Brody (o ator Zac Efron que busca aqui desconstruir a carreira), um “Justin Bieber”, um “Ken Malibu”, um “New Kid on the Block”, um integrante do “One Direction”, um “Jonas Brothers”, um egoísta “demônio do olho azul”, com “mangina N´Sync”, um “herói americano com rosto de modelo sueco”, um “Hot Wheels” os dois descobrem uma conspiração criminosa no local que pode ameaçar o futuro da baía e viajam em uma aventura aos moldes de “007”. “80% top, 30% show”.

“Baywatch” mescla “Rambo” com “Velozes e Furiosos” (e as liberdades poéticas das mentirinhas humanamente que vencem o impossível – vence o fogo, a água, o ar, a terra e os fogos de artifício à moda Katy Perry), em discursos clichês, trunfos, palatáveis, caricatos, de riso fácil e humor óbvio. Aqui, são “peixinhos se tornando tubarões”, “gordinho” sem vergonha, salva-vidas que agem como policiais “elite da elite” para “proteger a baía”, para “recolher os desgarrados”, sacrificando-se por “algo maior”, aprendendo a “guardar energia”, competindo como “machos orgulhosos” da “espécie”, aceitando o “erro” e fazendo mais que o “mínimo para as pessoas não morrerem”. “Baywatch é um estilo de vida”, finaliza-se.

O filme, como foi dito, é puro entretenimento, com suas caricaturas, seus desenvolvimentos desengonçados e seu humor quase a “Bob Esponja”, que vive sempre no mar. Se o espectador procura diversão com humor, “Baywatch – S.O.S Malibu” é um prato cheio, que ainda conta com erros de gravação junto com os créditos finais.

3 Nota do Crítico 5 1

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