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Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald

Formulaico e cansativo

Por Vitor Velloso

Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald

A “saga Harry Potter” é um das bilheterias mais rentáveis da história do cinema, angariou fãs do mundo inteiro e ampliou seu universo através de sua fanbase, nos moldes de Star Wars, ainda que de maneira mais enxuta. Com a adaptação de “Animais Fantásticos e onde Habitam” em 2016, a série ganhou novos números, mesmo público, acrescido de uma nova geração. Esse tipo de estratégia, sempre traz consigo problemas, uma nova trilogia realizada num curto período de tempo, tende a manter uma fórmula barata, que busca mais uma funcionalidade que uma identidade própria. Aconteceu com “Hobbit” da pior maneira possível, com um desfecho tenebroso. Essa nova trinca da Warner, começou mediana, com uma proposta quase igual dos filmes originais, mas que buscava um tom diferente, algo mais aventuresco e menos denso que o término da saga. A tentativa foi bem sucedidas nas bilheterias e agradou parcialmente a crítica. A continuação vem para encher o bolso dos produtores de dinhei… dar continuidade a história que havia sido contada há dois anos. Essa motivação puramente comercial, entrega ao público um resultado medíocre, se esforçando ao máximo em segurar a audiência até o último segundo, a fim de fazer uma revelação chocante que irá tensionar as expectativas ao próximo, foi assim com “Hobbit”, está sendo assim com “Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindewald”, se a tendência se seguir, o próximo será uma bomba. Mas o pior disso tudo, o público cai na graça do plot twist final, e já que no cinema a última impressão é a que fica, todos dizem amar o longa.

Dirigido mais uma vez por David Yates, o blockbuster da vez irá continuar a narrativa acerca dos crimes do grande vilão Johnny… Grindelwald interpretado por Johnny Depp e sua carreira à beira de uma hecatombe. Os problemas de sempre continuam, uma lentidão imensa na narrativa, buscando uma construção de universo envolvente e mágico, que cansa os olhos, resultando em pessoas dormindo na sessão (não era apenas uma). Um uso abusivo de relações dramáticos com animais, sendo justificada pela personalidade de Newt Scamander, mas que no fim é um artifício de marketing a fim de vender produtos e gerar um “cute porn” intenso na geração viciada de vídeos de animais fofos na internet. Aliás outro problema grave dessa franquia é seu protagonista, aborrecido, travado, com excessos de maneirismos, e aí claro, vai da interpretação de Eddie Redmayne que interpreta sempre os mesmos personagens, com os mesmos trejeitos. O uso abusivo de piadas fora de hora na pele do Jacob (Dan Fogler), que é utilizado como alívio cômico da narrativa, sendo o único não-bruxo que participa de todas as aventuras propostas pelo roteiro.

O grande problema dessas superproduções que visam seu lucro e ganchos para continuações, é preocupar-se excessivamente com nostalgia e gatilhos fáceis a fim de gerar algum tipo de reação no fã, mas esquecendo de modificar minimamente a base de sua estrutura, buscando minimamente recriar o universo de maneira crítica ou mesmo ampliar a percepção que se tem de todos os conceitos anteriormente estabelecidos. Criar uma revelação no fim da projeção buscando aplausos e choros desmedidos de psicóticos do mundo bruxo é tão válido quanto colocar o Smaug saindo de uma mina e acabar com o filme. As estratégias semelhantes observadas nas duas franquias nos levam a pensar apenas uma coisa: Vai dar m…. Essa ideia de montar um longa que literalmente serve de trampolim ao fim de uma narrativa, deveria ser descartada pelos estúdios, a relevância dos acontecimentos deste segundo poderia ser medida em 15 minutos. Quando no fim, a projeção possui duas (longas) horas.

Além disso, a covardia do estúdio em não explicitar o romance entre Dumbledore e Grindelwald é tão descabida que na exibição onde assisti “Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindewald” pude ouvir um alto e claro: “Beija logo”. Afinal, estamos em 2018, os moralistas e homofóbicos de plantão que façam o favor de se retirar, não o contrário. Acredito na insistência de J.K Rowling em acrescentar a cena, mas a postura dos estúdios hollywoodianos raramente surpreende.

2 Nota do Crítico 5 1

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