A Festa

Festa Estranha com Gente Esquisita

Por Fabricio Duque


“The Party”, novo filme de Sally Potter (de “Orlando”, “Ginger & Rosa”), que concorre ao Urso de Ouro aqui no Festival de Berlim 2017, comporta-se como um exemplar do excêntrico e ingênuo cineasta “trash” Ed Wood (que na maioria das vezes só realiza um tomada), tudo porque a diretora, que tem urgência passional do resultado final (“rápida e furiosa”) – filmou em apenas duas semanas, e que disse que prepara cada ator, os “cozinhando devagar”, “move rápido seus atores nas filmagens”.

O filme é considerado uma “comédia de humor negro” (sobre um jantar, em comemoração a uma Primeira Ministra inglesa, que sai errado), por causa de seus diálogos sociais afiados, cínicos, verdadeiros e constrangedores. Tenta-se, por opção uma “não versão idealizada, mas o caminho é bem diferente. “The Party”, que é baseado na ‘”premissa que política está em todo lugar e não no Parlamento” é o que chamamos de filme pseudo-cult, por tentar construir a espontaneidade, mas o que se consegue é um tom forçado, que busca manipular o espectador com seu humor caricato, teatralmente exagerado, com pinceladas de picardias com os efeitos colaterais de “cheirar cocaína”, dentro de um roteiro frágil, óbvio e paspalhão.

“Toda relação lida com troca de poder e todo mundo tem seus segredos”, disse na coletiva de imprensa, e continua: “Todo contraste pode se tornar uma liberação. Eu espero ter criado uma atmosfera explosiva”. Sobre o filmar em estúdio, ela disse: “Muita energia. É mais eficiente e dinâmico, dando a máxima oportunidade para grandes performances emergirem e também se sentir dentro do humor”. Sobre filmar em preto-e-branco: “O monocromático sempre abre espaços na mente que permitem uma emocional coloração fluída. Isso é como se a imaginação pudesse ser pega para caminhar. O mundo da luz e da escuridão é reconhecida e real – uma magia”.


Festival de Berlim 2017: “The Party”


Janet acaba de ser nomeada ministra do Gabinete Paralelo, um grupo de veteranos representantes da oposição que formam um gabinete alternativo ao governo de Westminster. A conquista é o ápice de sua carreira política e ela planeja comemorar o feito ao lado de Bill, seu marido, e alguns amigos mais íntimos. No entanto, o evento ganha uma inesperada reviravolta quando Bill resolve aproveitar a reunião para revelar dois segredos chocantes. Agora, debaixo da polida superfície de uma esquerda liberal lapidada por tantos anos, todos ali estão prestes a explodir.


A diretora Sally Potter nasceu em Londres, em 1949. Fez seus primeiros curtas aos 14 anos, com uma câmera 8mm. Desde 1969 trabalha como cineasta, performer, coreógrafa, dançarina e musicista. Em 1992, dirigiu Orlando (1992), exibido em Veneza e que recebeu duas indicações ao Oscar. Dirigiu ainda The Tango Lesson (Veneza 1997), Porque choram os homens (Veneza 2000), Yes (Toronto 2004), Rage (Berlim 2009) e Ginger & Rosa (Toronto 2012), entre outros.


1 Nota do Crítico 5 1

Pix Vertentes do Cinema

  • ” roteiro frágil, óbvio e paspalhão”. O filme saiu ovacionado por quem viu. A qualificação entre aspas fez com que achasse que Fabrício Duque, pela desnecessária grosseria no adjetivo fosse o nome “pseudônimo” de Jair Messias Bolsonoro!

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