O Quarto Dia do CineBH 2018
Por Vitor Velloso
O quarto dia da Mostra Cine BH se iniciou com o painel de Sundance, onde Heidi Zwicker, programadora, explicou alguns processos básicos da seleção de filmes em Sundance e das Premieres de Ficção e Documentários, onde diretores famosos decidem fazer um megaevento para uma pré-estréia bastante glamourosa. Heidi deixou claro que Sundance é um festival que procura um frescor cinematográfico e vozes originais, o que para quem acompanha o festival sabe que é um pouco relativa esse contato entre novidades na linguagem cinematográfica e os filmes que eles exibem. Ela ainda disse que eles buscam ao máximo abranger diversas formas de exibição e gêneros de cinematográficos, para que possam criar uma programação bastante diversificada.
Além, de tentarem incluir uma diversidade geográfico maior, para as exibições dos longas e curtas. Um dos momentos mais interessantes foi a apresentação da “New Frontrier”, onde eles buscam novas formas de se fazer cinema e experiências cinematográficas, exemplo a plataforma VR que vêm sendo amplamente explorada pelo festival. Mantendo uma média de 30 filmes deste tipo sendo exibidos durante a programação. A programadora comentou que o foco do festival de um tempo para cá se manteve em buscar essas novas experiências.
Uma das perguntas feitas a Heidi, foi se eles aceitavam projetos não finalizados, para a surpresa de muitos, foi dito que a grande maioria dos filmes que se inscreviam para a seleção não estavam finalizados ainda. O importante para os curadores é entender qual o “coração do projeto”, por isso, diversos longas e curtas chegam sem correção de cor, sem pós-produção em geral. Outro assunto bastante debatido foi a representatividade de documentários na programação. A mediadora, Séverine, até realizou algumas perguntas sobre o tema. O que ficou claro é que de alguns anos para cá aumentou o número de documentários sendo selecionados, isso porque até um certo tempo eles usavam como principal critério o “Social Justice”, algo que se mantém, mas não necessariamente como uma exclusividade.
O segundo painel do dia foi o da Noruega, que teve menos informações, já que o representante da Sorfond não possuía muita desenvoltura para palestras. Mas foi esclarecido que o fundo da Sorfond Classic possui algo próximo a 400 mil euros e que um projeto pode ganhar até no máximo 100 mil, e que apenas em 2011 eles conseguiram produzir 51 filmes, sendo 35 ficções e 16 documentários. O curioso foi ver que apenas a América do Sul representa 23% das parcerias realizadas e a África 8%, inclusive, dois filmes brasileiros estão em produção. Vale dizer, que dentro da curadoria que gira em torno de 3 a 5 pessoas, pelo menos 1 deve ser de um dos países elegíveis para os projetos, compreendendo o mundo inteiro, com exceção da América do Norte. Durante a mesa foram exibidos dois trailers de coproduções deles: Las Herderas (Paraguai) e Rafiki (Quênia), sendo este mais radical politicamente. O ponto baixo da conversa, foi quando ele se referiu a diversos projetos apoiados como “Art House”, algo que eu venho batendo na tecla a algum tempo aqui no site. Que trata-se de uma convenção preguiçosa que se criou de anos para cá.
Após a mesa, fui assistir “Parajito Gomez”, em 35mm, a experiência foi incrível, mas deixarei para me debruçar sobre o longa Argentino em uma crítica completa.
Aconteceu uma mesa de “Experiências de Coprodução na França”, que foi uma espécie de conversas e propagandas sobre valer ou não a pena coproduzir com a França. Não foi tão frutífero, apenas, interessante ficar sabendo alguns exemplos desta parceria, incluindo o novo filme do Eryk Rocha e do Kléber Mendonça Filho. E alguns elogios as temáticas e estéticas dos países latino-americanos foram realizados. E um número bastante relevante foi dito, dos 9 filmes da América Latina, nos últimos anos, 5 foram brasileiros.
E para encerrar o dia assisti ao “Classical Period”, um filme bastante interessante, que irei abordar em uma crítica, e claro, “La Flor – Parte 2”, que já posso adiantar ter sido uma experiência super positiva.