Casa com parede
A luta e o direito
Por Vitor Velloso
Mostra de Cinema de Gostoso 2021
“Casa com parede” de Dênia Cruz é um projeto que compreende as quedas dos limites entre a militância e a denúncia expositiva. O filme não cria grandes contornos para alcançar seu eixo norteador, assimila o registro como o mecanismo funcional na estrutura do curta.
Acaba transando com uma cadência institucional, sem formalizar um conteúdo de mera projeção. O barato aqui funciona entre a perspectiva imediata do assentamento e as pessoas que ali estão presentes. É a base do direcionamento materialista, onde o protagonismo é sintetizado pela negociação dessas duas frentes de representação.
Existe uma tentativa de secção capitular pouco funcional durante a projeção, além de uma inserção que busca “dar sentido” ao título através de uma história contada por um dos entrevistados. “Casa com parede” busca o didatismo necessário para uma exibição de conscientização e exposição, sem entregar-se às forças reacionárias que desagregam a base material de seu objeto. Não à toa, o curta centraliza suas figuras de maneira constante, persegue suas lutas políticas, o direito à moradia e o subdesenvolvimento como um estado.
A montagem busca uma diretriz tão demarcada para a própria estrutura que acaba acelerando demais o processo nos últimos minutos, para somar o sentimento exibido com o vazio deixado com a possibilidade de algo novo, através da coletividade e da resistência política. O nome do assentamento, 8 de Março, marca a presença da força feminina em um campo político onde vemos os rosto de um Brasil que possui menos idade que aparenta.
Ah… Os trópicos