Direção: Michel Gondry
Roteiro: Evan Goldberg, Seth Rogen
Elenco: Seth Rogen, Cameron Diaz, Christoph Waltz, Jay Chou, Edward Furlong, Tom Wilkinson, Edward James Olmos, Chad Coleman, Joe O’Connor
Fotografia: John Schwartzman
Música: Danny Elfman
Direção de arte: Chad S. Frey e Greg Papalia
Figurino: Kym Barrett
Edição: Sally Menke e Michael Tronick
Produção: Neal H. Moritz
Distribuidora: Sony Pictures
Duração: 119 minutos
País: Estados Unidos
Ano: 2010
COTAÇÃO: REGULAR
“Besouro verde” representa o novo trabalho do diretor Michel Gondry, referenciado por utilizar estética inovadora em seus filmes. “Brilho eterno de um mente sem lembranças”, com Jim Carey e Kate Winslet, tornou-se clássico entre os alternativos, nerds e indies. Há em sua característica cinematográfica a exploração de um existencialismo moderno, jovem e ágil por metáforas cotidianas e sentimentais. Realizou também “Sonhando acordado”, com Gael Garcia Bernal. Em “Rebobine, por favor” tenta resgatar o universo retrô das fitas de vídeo VHS, em um ambiente nostálgico e amador. O grau experimental deste projeto beira o comum, o sentimento de reviver um época perdida – e ingênua ao seu modo – e o genial, acarretando uma exposição homônima no Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro, um pouco depois do seu lançamento. Entre inúmeros videoclipes (incluindo nomes como Bjork, Radiohead e White Stripes) e curtas-metragens, traçou uma carreira independente e de sucesso. Seu nome começou a ser usado para o não comercial. Porém, mesmo com todos os atrativos curriculares, o seu último longa dirige-se a outro gênero e objetivo. A batalha do cult versus o comercial, teve como vencedor o segundo “lutador”.
A ação desmedida elevou-se. Por mais que Michel tentasse conservar o seu estilo, a história em quadrinhos às avessas ganhou o patamar de pura aventura, mesmo escalando ao elenco o protagonista interpretado por Seth Rogen, que perdeu 14 quilos, (“Ligeiramente Grávidos) queridinho dos filmes do movimento Munblecore (pouco dinheiro, humor no equilíbrio tênue do clichê e perspicaz óbvio, história simples e trabalho total dos atores). Britt Reid (Seth Rogen) é o filho do magnata da mídia mais importante e respeitado de Los Angeles, vivendo uma vida perfeitamente feliz e irresponsável de farras. O panorama muda quando seu pai (Tom Wilkinson) morre misteriosamente, deixando seu vasto império para Britt. Estabelecendo uma improvável amizade com um dos funcionários mais dedicados e geniais de seu pai, Kato (Jay Chou), eles veem a chance de fazer algo significativo pela primeira vez em suas vidas: combater o crime. Mas para fazer isso, decidem se tornar foras da lei – eles zelam pela lei infringindo-a, e Britt se transforma no vigilante Besouro Verde, patrulheiro das ruas, ao lado de Kato. Essa “amizade” inicia-se pelo café que o funcionário faz. Mas a interpretação apelativa, afetada e pretensiosa não permite que o espectador perceba o aprofundamento necessário à trama. Originalmente, “The Green Hornet” (no original) surgiu como programa de rádio transmitido pela primeira vez em 1936.
Com essa informação – e adicionando que foi baseada na série televisiva exibida nos anos 1960, na qual Bruce Lee interpretava Kato, captamos a essência que o diretor desejou transpassar. A data significava o crime descontrolado e a manipulação a mídia sem preceitos. Adaptando-se à contemporaneidade, captamos que talvez esses elementos não tenham mudado tanto assim, servindo de crítica acirrada ao sistema de informação generalizada. O argumento que aborda uma história incomum de super heróis quer por que quer assemelhar-se a outras similares. Com orçamento estimado de US$ 120 milhões, reiteramos a máxima que nem sempre dinheiro demais acarreta um filme bom. Quando os direitos de adaptação foram comprados pela Miramax, Kevin Smith (“Dogma”, “O Balconista”) foi escalado para roteirizar e dirigir, mas o polêmico cineasta abriu mão da direção por insegurança de trabalhar com orçamento muito acima do que estava acostumado. Apesar disso, Smith chegou a escrever dois rascunhos de roteiro, mas não foi adiante e os direitos acabaram sendo adquiridos pela Columbia Pictures. Não falta nada: há tiros, piadas batidas, perseguições, lutas, enfrentamentos, explosões. Concluindo, um diretor de sucesso no mundo alternativo deseja ganhar dinheiro realizando um filme comercial, mas mostra que não possui competência ao gênero apresentado. A exibição em 3D fornece mais um elemento de precaução (da produtora), permitindo o embasamento necessário ao o que não é bom, direcionando à massa (público alvo) que consome diversão garantida e preguiçosa. Para não dizer que nada é interessante, a interpretação de Christoph Waltz na pele do vilão Chudnofsky é extremamente engraçada.
Michel Gondry nasceu em 8 de maio de 1963, Versailles, França. Dirigiu dois filmes do famoso roteirista Charlie Kaufman, “A Natureza Quase Humana” e “Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças”. Esse último pelo qual ganhou o Oscar de Melhor Roteiro Original como co-roteirista, em 2005. Em 2006 dirigiu “Sonhando Acordado”, com roteiro seu. O personagem principal, Stéphane (interpretado por Gael Garcia Bernal) traz diversos elementos autobiográficos. O apartamento de Stéphane no filme, por exemplo, é o mesmo onde Gondry morou na realidade, 15 anos atrás, entre diversas outras coisas. Em 2008, filmou o projeto “Rebobine, Por Favor”, cujo elenco era composto por Jack Black, Mos Def, Danny Glover e Mia Farrow. A história rodava em torno de uma vídeo locadora que, acidentalmente, tem suas VHS apagadas. Para atender a clientela, o balconista da loja (Def) se junta ao amigo (Black) para refilmar de forma amadora filmes como “Os Caça-Fantasmas”, “Robocop”, “Conduzindo Miss Daisy” e “Hora do Rush”. Tal prática foi batizada de “sweeded” ou “suecar”. No Youtube, por exemplo, pode-se conferir vários filmes “suecados” por fãs do filme.
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