Balanço Geral e Vencedores do Olhar de Cinema 2024
“Greice” arrebata os prêmios de melhor filme, melhor roteiro e atuação na Competitiva Brasileira
Por Pedro Sales
O Festival Internacional de Curitiba, o Olhar de Cinema, que aconteceu de 12 a 20 de junho na capital paranaense, premiou “Greice” como melhor longa da Competitiva Brasileira. Ao todo, mais de 80 produções, entre longas e curtas-metragens, foram exibidos. Além das obras exibidas nas mostras competitivas, o festival também contou com mostras temáticas, como a Mostra Olhar Retrospectivo, Mostra Pequenos Olhares, Mostra Olhares Clássicos, dedicadas respectivamente ao diretor Hou Hsiao-Hsien, ao público infanto-juvenil e aos amantes do cinema clássico.
O júri formado pelo roteirista Bruno Ribeiro, o ator Johnny Massaro, o programador de festivais e pesquisador Edvinas Puksta, a mestre em cinema Maria Campaña Ramia, e Paola Buontempo, programadora do Festival de Cinema de Mar del Plata escolheu “Greice” como melhor longa. Outros prêmios que o longa dirigido por Leonardo Mouramateus ganhou foram: melhor atuação, para a atriz Amandyra, e melhor roteiro para Leonardo.
O grande vencedor do Olhar de Cinema conta a história de Greice, que após dois anos em Portugal, envolve-se em uma confusão na universidade onde estuda e é obrigada a voltar a Fortaleza. Enquanto tenta reorganizar sua vida escondida de dentro de um hotel, ela tem a oportunidade de fazer as pazes com sua cidade natal e de recomeçar. O longa estreia nos cinemas brasileiros em 18 de julho.
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Com dois prêmios do júri oficial, o documentário “Tijolo por Tijolo“, que narra os desafios de uma mulher construir sua casa e realizar uma laqueadura após a gravidez atual, venceu o prêmio de melhor direção para Quentin Delaroche e Victoria Alvares e de melhor montagem. Foi vencedor também do prêmio da crítica Abraccine, a associação de críticos do país. Exibido no Festival de Roterdã neste ano, “Praia Formosa” venceu em duas categorias: direção de fotografia (Flávio Rebouças) e direção de arte (Ana Paula Cardoso). Por fim, na categoria de som, o vencedor foi “A Mensageira“.
Na Competitiva Internacional, o júri composto pelo mestre em roteiro de cinema Fábio Andrade, a crítica de cinema Lorenna Rocha e pela diretora Nathália Tereza escolheu como melhor longa “Pepe“, longa dirigido por Nelson de los Santos Arias, realizador dominicano. Fabrício Duque, editor-geral do Vertentes do Cinema, define a obra como “um divisor de opiniões”, o que se justifica pela sua autoralidade de invenção e de subverter as regras e caminhos comuns à arte cinematográfica. O Prêmio Especial do Júri, uma espécie de segundo lugar, foi para “As Noites Ainda Cheiram à Pólvora“, do moçambicano Inadelso Cossa.
O favorito do público, por sua vez, foi “Caminhos Cruzados“, de Levan Akin, diretor sueco de “E Então Nós Dançamos“. Na Mostra Novos Olhares, dedicada a filmes com mais liberdade na experimentação da linguagem cinematográfica, o júri premiou o brasileiro “Idade da Pedra“, de Renan Rovida.
INOVAÇÃO E POTENCIAL
O Olhar de Cinema, em sua 13ª edição, evidencia uma preocupação muito clara com a curadoria dos longas e desponta já como um dos principais festivais de cinema do país. Em um diálogo bastante produtivo com os outros festivais ao redor do mundo, o Olhar muitas vezes traz ao país a exibição de filmes exibidos nos festivais europeus que acontecem no início do ano, como Roterdã e Berlim. Nesta edição, por exemplo, o vencedor da Competitiva Internacional esteve na Berlinale, inclusive foi vencedor do prêmio de direção do festival. Outro longa que teve rodagem na capital alemã foi “As Noites Ainda Cheiram à Pólvora“, um dos longas da mostra Forum.
Já do festival holandês, o Olhar foi o responsável pela estreia nacional de “Retrato de Um Certo Oriente“, filme de abertura na Ópera de Arame, em Curitiba. Além do longa de Marcelo Gomes, a primeira exibição dos premiados “Greice” e “Praia Formosa“, no país, foi no festival curitibano, ao passo que a estreia mundial se deu em Roterdã. Portanto, por meio desta sintonia com grandes festivais europeus, o Olhar de Cinema demonstra uma preocupação em trazer ao país o que também é celebrado em outros festivais ao redor do mundo, muitas vezes sendo responsável pela estreia destes longas no país, dos estrangeiros aos nacionais.
Com três mostras competitivas que acolhem a visão cinematográfica do Brasil e do mundo, este ainda é um festival que referencia o cinema de outros tempos. A mostra Olhares Clássicos, com filmes centenários, como “Sherlock Jr.” (1924), traz obras absolutamente fundamentais no cânone, além de clássicos subestimados. Outro destaque do evento é a retrospectiva que homenageia cineastas. Neste ano, foi Hou Hsiao-Hsien, diretor de “Millennium Mambo” (2001) e “A Assassina” (2016). No ano passado, quando estive presencialmente na capital curitibana, o homenageado foi David Cronenberg. A experiência do festival não é só composta pelas exibições, mas pela oportunidade do debate com a equipe dos longas em uma relação horizontal. Além da própria oportunidade de reencontrar e conhecer profissionais da crítica.
CONFIRA A LISTA COMPLETA DOS VENCEDORES DO FESTIVAL OLHAR DE CINEMA 2024
Competitiva Brasileira | Longa
Prêmio Olhar de Melhor longa-metragem
“Greice“, de Leonardo Mouramateus
Prêmio de Melhor Direção
“Tijolo por tijolo”, de Victoria Alvares e Quentin Delaroche
Prêmio de Melhor Roteiro
“Greice“, de Leonardo Mouramateus
Prêmio de Melhor Atuação
“Greice“, Amandyra
Prêmio de Melhor Direção de Arte
“Praia Formosa“, Ana Paula Cardoso
Prêmio de Melhor Direção de Fotografia
“Praia Formosa“, Flávio Rebouças
Prêmio de Melhor Som
“A Mensageira“, Lucas Coelho, Ana Penna, Vinicius Barreto, David Terra
Prêmio de Melhor Montagem
“Tijolo por tijolo“, Quentin Delaroche
Competitiva Brasileira | Curta
Prêmio Olhar de Melhor Curta-metragem
“Caravana da Coragem”, Pedro B. Garcia
Prêmio Especial do Júri
“Povo do coração da terra”, Coletivo Guahu’i Guyra
Competitiva Internacional
Prêmio Olhar de Melhor longa-metragem
“Pepe”, Nelson de los Santos Arias
Prêmio Especial do Júri
“As noites ainda cheiram a pólvora”, Inadelso Cossa
Prêmio Olhar de Melhor curta-metragem
“Minha Pátria”, Tabarak Abbas
Prêmio do Público
Melhor longa-metragem
“Caminhos Cruzados”, Levan Akin
Melhor curta-metragem
“Viventes”, Fabrício Basílio
Novos Olhares
Prêmio Olhar de Melhor longa-metragem
“Idade da Pedra”, Renan Rovida
Prêmio da Crítica Abraccine
Melhor longa-metragem
“Tijolo por Tijolo”, Victoria Alvares e Quentin Delaroche
Melhor curta-metragem
“Cavaram uma cova no meu coração”, Ulisses Arthur
Prêmio AVEC-PR Ari Candido Fernandes
Melhor filme
“Quarto Vazio”, Julia Vidal
Menção Honrosa
“Baobab”, Bea Gerolin