Mostra Um Curta Por Dia 2025

Balanço Geral e Vencedores do Festival Lanterna Mágica 2025

Lanterna Mágica 2025

Balanço Geral e Vencedores do Festival Lanterna Mágica 2025

Evento cinematográfico goiano termina sua 7ª edição cumprindo o papel de formação de público infantil e conseguindo promover um encontro entre o mercado de animação de diversas partes do Brasil e do mundo    

Por Clarissa Kuschnir  

A 7ª edição do Lanterna Mágica – Festival Internacional de Animação mostrou que já se consolida entre um dos mais importantes encontros de animação do Brasil. Durante os cinco dias do evento, o público pode conferir diversas mostras de curtas nacionais e internacionais (competitivas ou não), rodas de conversas, excelentes debates, sessões para as escolas, oficinas e painéis de negócios. Sem contar que o evento promoveu um intenso intercâmbio entre os profissionais de diversas partes do Brasil e do mundo. E quem esteve presente pode sentir essa energia tão necessária para o nosso mercado de animação, que tem se mostrado bastante promissor nos últimos anos, com uma leva grande de novos realizadores de animação, se consolidando no audiovisual.      

“A gente seguiu cumprindo um papel que acho muito importante que é o de formação da plateia infantil, e vocês viram aqui. É muito emocionante, ver as crianças vindo. Algumas delas pela primeira vez ao cinema e assistindo um filme. Então é muito gratificante. Promovemos mais uma vez a mostra Gondwana, com a curadoria da Kalu. Também lançamos a mostra Nyama, que é um grupo de animadores negros da qual eu faço parte aqui. Esse é um movimento que surgiu da necessidade de mapear filmes feitos por pessoas negras. E também tivemos a mostra de longas, que é uma curadoria especial onde fazemos alguns convites, e foi muito incrível. Promover um festival fora do eixo é muito especial, mas também muito difícil, então isso é o que mais me deixa feliz, no centro do Brasil e em Goiânia”, disse Camila Nunes, idealizador e diretora artística do Lanterna Mágica, na noite de premiação do festival. 

Os últimos dias do Lanterna Mágica 2025

A última noite das mostras competitivas lotaram as salas do CineX, no Centro Cultural Oscar Niemeyer. A segunda mostra competitiva nacional para mim foi a melhor sessão com curtas de temáticas mais adultas como “Balada para Raposo Tenório”, de Samuel Peregrino, única animação goiana, em que diretor adaptou um faroeste tradicional para o período colonial brasileiro, na capitania de Goyaz. Outro tema que esteve presente foi a exploração das construtoras nas grandes cidades e a poluição causadas por elas nos rios, como bem retrataram os cineastas Rogi Silva e Juliana Soares, no excelente O Mergulhão”. Esse curta me remeteu a outras duas produções live action que são: “Recife de Dentro Pra Fora” (1997) de Katia Mesel e o mais recente “Das Águas”, de Adalberto Olivera e Tiago Martin Rêgo. E todas essas produções são do Recife, falando e retratando o Rio Capibaribe. Não menos adulto, porém muito divertido e lúdico A Viagem de Tetê” fala sobre uma teta cheia de leite que em breve terá que desmamar seu nenê. E para quem é mulher e já passou por isso sabe o quanto esse é um momento único, de transição e desprendimento para as mães em relação ao desmame de seus filhos. Ainda falando sobre o universo feminino Pressure”, de Chê Marchetti expõe na tela, através da animação, uma mulher prestes a explodir suas emoções reprimidas. E isso me soa tão atual.

Leia também:

Tudo Sobre o Festival Lanterna Mágica 2025

Confira o que aconteceu nos primeiros dias do Lanterna Mágica 2025

“O Nome da Vida” de Amanda Pomar retrata a ditadura militar com um visual impactante e uma montagem impecável. O curta é baseado na autobiografia do jornalista e militante Wladmir Pomar(falecido em 2023) que acabou sobrevivendo ao “Massacre da Lapa “ocorrido em 16 de dezembro de 1976, durante o Governo Geisel. A mostra nacional encerrou com Pária”, de Daniel Bruson (que também estava concorrendo com “Guaracy”, ao lado Eliete Della Violla). O curta que se utiliza da técnica de animação de pintura quadro a quadro conta a história de uma jovem que se conecta com uma garotinha tentando sobreviver, em meio ao caos da cidade.

O festival encerrou com a maestria a mostra internacional trazendo a bela e sensível animação iraniana “In the Shadow of the Cypress”, vencedor do Oscar na Categoria em 2025, cuja trama se baseia em um pai, ex-capitão que sofre de estresse pós-traumático e tenta fazer de tudo, para se conectar da melhor maneira com sua filha. A animação é dirigida por Hossein Molayemi e Shirin Sohani. Dentro da programação destaque para “Pietra”, de Cynthia Levitan de Portugal. Com tema sobre o relacionamento entre vizinhas, a animação usa técnicas de stop motion com muita sutileza e uma linda direção de arte. Na mesma sessão foram exibidos: “Percebes”, de Alexandre Ramires e Laura Gonçalves, da França, “The Car That Came Back From The Sea, Lilli+Camille”, de Iris Birke da Alemanha, T-Zero”, de Vicente Nirô, de Portugal, “A Little Beetle Returns”, de Elene Sebiskveradze da Georgia e “Windflower”, de Carina Pierro, de Portugal.

E começa a Noite de Encerramento com as Premiações…   

Antes de anunciar as premiações, o festival exibiu o divertido longa de animação nacional “Abá e Sua Banda”. Dirigido por Silvia Fraiha e Humberto Avelar, a trama retrata a vida de um jovem príncipe Abá, um abacaxi que está prestes a se tornar o próximo rei, no Reino do Pomar. Porém o grande sonho de Abá é se tornar um grande músico. E para isso ele se disfarça de plebeu e se junta com Ana, uma banana que toca bateria e Juca, um caju que é seu amigo de infância. Destaque para a participação de Zezé Motta fazendo a voz da personagem Titikaba. O longa que esteve na 48ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, ganhou o Prêmio de Melhor longa de Animação no último Ecocine – Festival Internacional de Cinema Ambiental e Direitos Humanos, e tem estreia prevista para o próxima dia 17 de abril, no circuto nacional.

Os vencedores das categorias de animação pelo júri oficial nacional foram: melhor filme para Guaracy”, de Eliete Della Viola e Daniel Bruson); o curta ainda levou os prêmios de direção de som e  melhor filme, escolhido pelo júri popular;  melhor direção para “Cherry, Passion Fruit”, de Renato José Duque; melhor roteiro para “A Viagem de Tetê”, de Betânia Furtado; melhor direção de arte para “O Nome da Vida”, de Amanda Pomar; melhor trilha para o animação Goiânia Balada para Raposo Tenório”, de Samuel Peregrino e melhor técnica de animação para Pária”, de Daniel Bruson. O júri ainda deu uma menção honrosa para “Anacleto o Balão”, de Carol Sakura e Walkir Fernandes. 

Na categoria internacional; melhor filme para “Pietra”, de Cynthia Levitan; melhor direção para “In the Shadow of the Cypress”, de Molayemi e Shirin Sohani, que ainda levou o prêmio de melhor trilha musical e melhor filme pelo voto popular;  melhor roteiro para Percebes, de Alexandre Ramires e Laura Gonçalves; melhor direção de arte para “Papillon”, de Florence Mialhe; melhor desenho de som para “The Car That Came Back From The Sea”, de Jadwiga Kowalska e melhor técnica de animação para “Steps do Fly”, de Nicolas Conte e Chole Capes.  Assim como na mostra nacional, o júri também deu uma menção honrosa que foi para “Go My Way”, de Chelo Loureiro.

O festival ainda teve um júri formado pela imprensa (eu, Clarissa Kuschnir, pelo Vertentes; Raphael Camacho; e Amilton Pinheiro) que premiou como melhor filme nacional “Anacleto, O Balão” e internacional “Papillon”.

Lanterna Mágica 2025

LISTA COMPLETA DOS VENCEDORES

MOSTRA NACIONAL – JÚRI OFICIAL

MELHOR FILME – Guaracy, de Eliette Della Violla e Daniel Bruson – Sorocaba/SP

MELHOR DIREÇÃO Cherry, Passion Fruit, de Renato José Duque – São Paulo/SP

MELHOR ROTEIROA Viagem de Tetê, de Betânia Furtado, Rio de Janeiro/RJ

MELHOR DIREÇÃO DE ARTE – O Nome da Vida, de Amanda Pomar, Juiz de Fora/ MG

MELHOR DESENHO DE SOM – Guaracy, de Eliette Della Violla e Daniel Bruson – Sorocaba/SP

MELHOR TRILHA MUSICAL – Balada para Raposo Tenório, de Samuel Peregrino – Goiania/ GO

MELHOR TÉCNICA DE ANIMAÇÃOPária, de Daniel Bruson, Sorocaba/SP

MENCÃO HONROSA – Anacleto, o Balão, de Carol Sakura e Walkir Fernandes, Curitiba/PR 

MOSTRA INTERNACIONAL – JÚRI OFICIAL

MELHOR FILME – Pietra, de Cynthia Levitan, Portugal

MELHOR DIREÇÃO – In the Shadow of the Cypress, de Molayemi e Shirin Sohani, Irã

MELHOR ROTEIRO – Percebes, de Alexandra Ramires e Laura Gonçalves, França

MELHOR DIREÇÃO DE ARTE – Papillon, de Florence Miailhe, França

MELHOR DESENHO DE SOM – The Car That Came Back From The Sea, de Jadwiga Kowalska, Suiça

MELHOR TRILHA MUSICAL – In the Shadow of the Cypress, de Molayemi e Shirin Sohani, Irã

MELHOR TÉCNICA DE ANIMAÇÃO – Steps do Fly, de Nicolas Conte e Chole Capes, Argentina

MENCÃO HONROSA – Go My Way, de Chelo Loureiro, Espanha

JURI POPULAR

MELHOR FILME NACIONAL – Guaracy, de Eliette Della Violla e Daniel Bruson – Sorocaba/SP

MELHOR FILME INTERNACIONAL – In the Shadow of the Cypress, de Molayemi e Shirin Sohani, Irã

JURI DA IMPRENSA

MELHOR FILME NACIONAL – Anacleto, o Balão, de Carol Sakura e Walkir Fernandes, Curitiba/PR 

MELHOR FILME INTERNACIONAL   – Papillon, de Florence Miailhe, França

Deixe uma resposta