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Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore

Títulos pretensiosos e onde habitam

Por Bernardo Castro

Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore

O fim dos filmes de Harry Potter deixou os fãs com um sentimento de abandono. O sentimento foi suprido posteriormente pelos dois primeiros filmes de “Animais Fantásticos“, que são ambientados no universo expandido da série original, mostrando o passado de Alvo Dumbledore, uma das principais personagens dos livros e dos oito filmes do bruxo mais amado da literatura. Finalmente, chega aos cinemas o tão ansiado terceiro longa da franquia, intitulado “Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore”. Nele, acompanhamos o magizoólogo Newt Scamander e seus amigos em mais uma aventura repleta de mistérios e revelações – pelo menos, é o que o título promete.

Algo que já era de se esperar, mas é sempre válido ressaltar, é o fato de este ser um filme de nicho, calcado em diversas concepções apresentadas e elaboradas no decorrer dos outros filmes, jogos e livros, o que deixa o longa um tanto confuso para quem não está familiarizado ou que não tenha conhecimento prévio acerca do mundo. Nos irremediáveis esforços para sanar esse problema e se desvencilhar do empecilho gerado a tais pessoas, a direção encabeçada por David Yates se escora em diálogos super expositivos, que basicamente narram a história do filme anterior e geram um incômodo por parte de quem acompanha a trama.

O título “Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore” é, diga-se de passagem, demasiadamente pretensioso. Ao lê-lo, é possível interpelar-se acerca do grande segredo de Dumbledore que dá corda à aventura. Não só de Dumbledore, mas mais especificamente de Alvo Dumbledore, que, como já dito anteriormente, é peça fulcral para o desenrolar dos oito filmes principais e dessa nova franquia. No entanto, para a decepção dos fãs do universo bruxo, o grande segredo não só não envolve Alvo, como também não tem as proporções prometidas pelo intrigante título. Ao invés disso, temos uma relação mal trabalhada de pai e filho entre dois personagens, que não ganham tempo de tela o suficiente para desenvolvê-la adequadamente. O foco dá-se no grande vilão Grindelwald e a sua incessante, irremediável e perigosa busca pelo poder. Pelo menos, muito do que era especulado pelos veículos de notícia especializados é confirmado e mais informações são reveladas – ao menos, para a satisfação dos potterheads, esses segredos menores são revelados

As atuações, no geral, não desapontam. Neste enredo, Grindelwald, que havia sido interpretado por Colin Farell e por Johnny Depp – tendo este último sido substituído por conta das polêmicas envolvendo o conturbado relacionamento do ator com a também atriz e ex-esposa Amber Heard – é vivido por ninguém mais ninguém menos do que Mads Mikkelsen, conhecido por dar vida ao icônico Hannibal Lecter na série homônima. O destaque vai para ele, que parece ter um talento nato para personificar vilões e dá um ar de soturnidade ao antagonista. Eddie Redmayne também volta a brilhar no papel de Newt e, mais uma vez, faz a leitura perfeita da personagem: um mago extremamente introvertido e amável, que conquista os espectadores.

O grande chamariz para o público brasileiro ao longo das campanhas publicitárias havia sido a presença da atriz Maria Fernanda Cândido interpretando Vicência Santos, a candidata à presidência da Confederação Internacional de Bruxos. A sua personagem até possui um papel importante para o universo e tudo indica que será peça-chave nos próximos filmes, mas, para a tristeza da plateia tupiniquim, o roteiro deixou de agraciá-la com uma participação efetiva, designando a ela pouquíssimas falas – salvo engano, cerca de duas ou três durante as duas horas de filme. Foi discutido inclusive que este longa teria cenas no Brasil. Porém, existe apenas uma cena no Rio de Janeiro. A esta cena, é destinada uma fração ínfima de segundos – um fan service um tanto quanto medíocre.

É fácil relevar esses problemas acima explicitados, pois são comuns a maioria dos blockbusters. Em geral, “Os Segredos de Dumbledore” cumprem o seu papel de entreter o espectador e sanar algumas dúvidas corriqueiras dos entusiastas da série de livros. Obviamente, não tem o impacto e a magia dos filmes de Harry Potter, mas amenizam o sentimento de orfandade deixado. Ao menos, ele se mantém fiel ao cânone deixado pela autora – seja nos sete livros originais ou nos seus incontáveis tuítes. Não seja um trouxa. Vá ao cinema assistir “Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore”.

3 Nota do Crítico 5 1

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