Direção: Danny Boyle
Roteiro: Danny Boyle, Simon Beaufoy
Elenco: James Franco, Lizzy Caplan, Kate Mara, Amber Tamblyn, Kate Burton, Darin Southam
Fotografia: Enrique Chediak, Anthony Dod Mantle
Música: A.R. Rahman
Direção de arte: Christopher R. DeMuri
Figurino: Suttirat Larlarb
Edição: Jon Harris
Produção: Danny Boyle, Christian Colson, John Smithson
Distribuidora: Fox Film
Duração: 100 minutos
País: Estados Unidos / Reino Unido
Ano: 2010
COTAÇÃO: REGULAR
O diretor Danny Boyle surpreendeu crítica e público ao lançar “Cova Rasa”, um filme com um roteiro manipulador que o torna genial. Dois anos mais tarde, emplacou um novo sucesso: “Trainspotting”, um misto de realismo cotidiano com a agilidade da edição, reiterando o movimento cinematográfico de hip-hop montage, complementado com trilha sonora moderna e tema polêmico abordado sem suavização. Depois voltou a inovar com “Por uma vida menos ordinária”, “A Praia”, com Leonardo di Caprio, “Extermínio”, sobre zumbis existenciais. Danny desejou transformar a vertente da experimentação em sentimental e em comercial. Conduziu a direção de “Caiu do céu”, um drama pseudo-espírita, seguiu com “Sunshine” e derrocou em “Quem quer ser um milionário?”, este último vencedor do Oscar de Melhor Filme, causando polêmico e dividindo opiniões. Uma delas é o fato de “esculhambar” a cultura social indiana, não respeitando assim preceitos intrínsecos. Depois da enxurrada de críticas, Danny apresenta o seu mais recente trabalho “127 horas”, que aborda o tempo que um jovem (exímio alpinista) fica preso em uma “caverna”, com uma pedra em cima de seu braço. O roteiro é baseado na Cinebiografia de Aron Ralston, autor do livro homônimo. É um longa que inicia com uma edição ágil de imagens a fim de transpassar a atmosfera da adrenalina do esporte e também funciona como uma crítica ao mundo moderno.
O personagem principal (vivido por James Franco, de “Comer rezar amar” e “Homem-aranha 2 e 3”) trabalha seguindo as regras do seu trabalho, mas quando o final de semana chega, ele resolve vivenciar a catarse pedalando bicicletas radicais e escalando montanhas. A tela divide-se em duas, três, quatro partes, explicitando a correria e o que acontece hoje em dia. A fotografia alaranjada, extremamente clara serve para ofuscar o espectador, como se estivesse olhando diretamente ao sol. Esse preambulo indica a direção seguida. Aron, o protagonista, munido de tecnologias (camera fotográfica e filmadora) contempla e eterniza o que vê. Pelas montanhas de Utah, ele só encontra a si, mesmo ouvindo ininterruptamente o seu iPod, que para acrescentar mais realismo ao filme, Aron Ralston (o autor) fez com que James Franco aprendesse as letras da sua banda favorita, Phish. O personagem principal encontra conhecidas (uma delas atriz de “Brokeback Mountain”), e aventura-se em piscinas naturais em grutas. Até aí, James interpreta muito bem. A segunda parte é quando fica preso, conduzindo a um novo nível que só possui um ator em cena. Devo observar e repassar ao leitor que é muita responsabilidade. James necessita sofrer a dor, ser profissional – e calmo, ficar tonto, delirar, imaginar possíveis futuros, sobreviver, vencer os desafios de ficar cinco dias em um mesmo local. Infelizmente, ele não consegue segurar a interpretação sem a afetação e clichê gestual. Não se percebe as nuances.
Como era de se esperar, o diretor cria a sua epifania surreal em forma de prévias manipuladas, mostrando caminhos não verdadeiros, mas necessários por causa da imaginação do personagem que merece um pouco da fuga. É um filme sobre superação e sobre o amor incondicional da vida. O espectador suporta até certo ponto. Depois cai no senso comum, no óbvio e na massificação do banal, mesmo com a cena que Aron amputa seu próprio braço – e percorre 20 quilômetros. Não se pode negar a qualidade técnica de seus elementos. A camera hipnotiza em determinados instantes, como a cena do sol que adentra a cavidade física. Assim, novamente, um outro filme da nova fase de Danny foi indicado ao Oscar de Melhor Filme de 2011. Não é um longa de todo ruim, mas não acrescenta. Há o medo da experimentação invocativa. Prefere-se o comercial. Concluindo, um filme com altos e baixos, que não prende de forma equilibrada, definindo-o como regular. O ator Sebastian Stan chegou a ser cogitado para viver Aron, mas o papel acabou nas mãos de James Franco. A atriz Katie Featherston chegou a fazer teste para o papel de alpinista que cruza com o personagem principal antes do acidente, mas Kate Mara (Homem de Ferro 2) foi a vencedora. Rodado em locações no estado de Utah, como Moab e Salt Lake City, nos Estados Unidos, com orçamento estimado em US$ 18 milhões.
Danny Boyle nasceu em Radcliffe, 20 de Outubro de 1956) é um cineasta e produtor inglês. Resolveu fazer cinema por causa do filme “Apocalyse Now”, que “mudou a minha vida”, disse. Em 17 de junho de 2010, foi anunciado que ele será o diretor artístico para o Jogos Olímpicos de 2012 da cerimônia de abertura.
Filmografia
2010 – 127 Horas
2008 – Quem Quer Ser um Milionário
2007 – Sunshine, alerta solar
2004 – Caiu do Céu
2002 – Extermínio
2000 – A Praia
1997 – Por Uma Vida Menos Ordinária
1996 – Trainspotting – Sem Limites, baseado em livro homônimo de Irvine Welsh
1994 – Cova Rasa (que tem a curiosa tradução em Portugal “Pequenos Crimes entre Amigos”)
James Franco e Aron Ralston
2 Comentários para "127 Horas"
Esperava mais de 127 Horas. Gosto do estilo de Danny Boyle, mas a edição do filme me irritou bastante. Toda aquela divisão de tela foi desnecessária, acho que Boyle exagerou um pouco.
"Depois cai no senso comum, no óbvio e na massificação do banal, mesmo com a cena que Aron amputa seu próprio braço – e percorre 20 quilômetros."
Como assim??? Tipo, não foi isso que aconteceu e ele resolveu mudar a história pra deixar mais comercial…ops banal? =P
Seria o mesmo que assistir "A queda" e reclamar que Hitler morre no final…
Vai dizer q vc não sentiu o estômago revirar na hora que ele cortou o tendão? Agora imagina fzer akilo?
Acho q o filme traz o espectador bem pra perto do drama vivido, quase no lugar do ator.
De fato ele não é um grande expoente da dramaturgia, mas até que quebra o galho =)