Direção: Philip Seymour Hoffman
Roteiro: Robert Glaudini
Elenco: Philip Seymour Hoffman, Amy Ryan, Lola Glaudini, John Ortiz, Elizabeth Rodriguez, Ricky Garcia, Naeem Uzimann
Fotografia: W. Mott Hupfel III
Música: Grizzly Bear, Evan Lurie
Direção de arte: Matteo De Cosmo
Figurino: Mimi O’Donnell
Edição: Brian A. Kates
Produção: Beth O’Neil, Peter Saraf, Marc Turtletaub, Emily Ziff
Distribuidora: Imovision
Estúdio: Big Beach Films / Cooper’s Town Productions
Duração: 91 minutos
País: Estados Unidos
Ano: 2010
COTAÇÃO: REGULAR
“Vejo Você no Próximo Verão” é a estreia na direção do ator americano Philip Seymour Hoffman, que, na maioria das vezes, escolheu papéis independentes. A opção pelo alternativo é por causa da constante vontade de experimentar. Hoffman sempre vivenciou seus personagens completamente. Há vários exemplos. Interpretou Truman Capote, contracenou com Meryl Streep em “Dúvida”, fez a voz de Max, da animação humanista “Mary e Max”, entre tantos outros. A lista é grande. É fato a constatação de excelente ator. Então o que esperar de seu primeiro filme como diretor? O longa-metragem apresenta a história aos poucos. Inicia-se com conversas sobre as banalidades do cotidiano. Intercala com cenas do protagonista (vivenciado pelo próprio Hoffman) em uma cama cama prostrado e letárgico. Baseado na peça de Robert Glaudin, que é o roteirista do filme. O diretor está repetindo o papel que já interpretou no palco. O mundo é complicado para os diferentes. Jack é um motorista de limusine (Philip Seymour Hoffman) solteiro que, motivado por sua timidez, vive uma vida sem grandes emoções. Tudo muda quando seu companheiro de trabalho Clyde (John Ortiz) organiza um encontro às cegas de Jack com Connie (Amy Ryan), amiga de sua esposa Lucy (Daphne Rubin-Vega).
O encontro vai bem e o protagonista se vê estimulado a aprender diferentes coisas, como nadar e cozinhar, para agradar a moça. Enquanto o relacionamento dos dois cresce, o casamento de Clyde e Lucy vai aos poucos desmoronando. A narrativa é lenta, mas não parada. Deixa-se acontecer, acompanhada todo tempo por uma trilha sonora ora positiva (como o reggae), ora romântico, ora depressiva, soando como um exemplar de auto-ajuda. Em seu trabalho, Jack conhece histórias de passageiros. O roteiro busca chocar o espectador com as inúmeras desgraças e tragédias de seus personagens, que se comportam de forma passional, surtada, epifânica e resignada. O tema apresentado, pincelado de acontecimentos depreciativos, serve a fim de capturar o espectador ao sofrimento. Porém, o excesso realiza o caminho inverso. Há distância que gera o clichê, reinando o óbvio. Tenta aprofundar tanto que transpassa superficialidade, transmitindo uma peça de teatro filmada e editada. Há um ditado popular que diz: “O menos é mais”. O extra do extra prejudicou o ritmo e o contexto, que se apresenta elipsado. É um filme puro, ingênuo, infantilizado. “Ter que viver sem nunca ter certeza”, diz-se.
Perde-se no meio do turbilhão dos elementos inseridos. Em relação à parte técnica, o longa-metragem adquire seriedade. A camera aproxima, buscando extrair o medo da decepção. E consegue com seus ângulos diversos. “Eu sei como andar pela rua em transe”, diz-se. Eles estão perdidos, ajudando-se mutuamente à sobrevivência futurista. Enquanto um com menos conhecimento a um relacionamento consegue um amor verdadeiro e incondicional, o outro erra ao buscar novidades amorosas. Jack quer alguém que não procure outros. Ele é simples. Quer aprender a nadar (para velejar com sua iminente namorada), quer aprender a cozinhar (para ser o primeiro na vida dela a realizar o jantar). Concluindo, um filme que peca pelo excesso. Assim, torna-se cansativo, mitigando a atenção de quem assiste. Este é o segundo filme que Hoffman atua como produtor executivo. O outro foi “Capote” (2005), filme que contracenou com a atriz Amy Ryan. É dos mesmos produtores de “Pequena Miss Sunshine” (2006) e “Distante Nós Vamos”(2009). Indicado a Melhor Ator Coadjuvante – John Ortiz; Melhor Atriz Coadjuvante – Daphne Rubin-Vega; Melhor Roteiro de Estreia no Festival INDEPENDENT SPIRIT AWARDS 2010.
Philip Seymour Hoffman nasceu em Fairport, 23 de julho de 1967. Iniciou sua carreira na televisão, em 1991, e no ano seguinte começou a aparecer no cinema. Gradualmente conquistou reconhecimento por seu trabalho como ator coadjuvante em diversos filmes célebres, como Scent of a Woman, de 1992, Twister, de 1996, Boogie Nights, de 1997, “Felicidade” e “O Grande Lebowski”, de 1998, “Magnólia” e “O Talentoso Mr. Ripley”, de 1999, “Quase Famosos”, de 2000 e “Cold Mountain”, de 2003. Em 2005 Hoffman interpretou o papel-título no filme biográfico “Capote”, pelo qual ele conquistou diversos prêmios, incluindo um Oscar de melhor ator. Foi indicado por outras duas vezes ao Oscar de melhor ator coadjuvante pelo seu trabalho em “Jogos do Poder”, de 2007, e “Dúvida”, de 2008. Entre os outros filmes elogiados pela crítica nos quais atuou estão “Antes que o diabo saiba que você está morto” e “A Família Savage”, de 2007.