Direção: Javier Rebollo
Roteiro: Javier Rebollo, Lola Mayo
Elenco: Carmen Machi, Jan Budar, Pep Ricart, Nadia de Santiago
Fotografia: Santiago Racaj
Montagem: Ángel Hernández Zoido
País: Espanha / França
Ano: 2009
Duração: 95 minutos
A opinião
O desgaste da rotina é a diretriz da trama que retrata a vida de uma dona de casa, Rosa. Ela busca a mudança. Os atos cotidianos se repetem. A solução é a fuga momentânea. Com isso, o filme deixa-se acontecer. O próprio caminho escolhido contrasta-se com a conseqûência do percurso. O andar perdido, sem saber o que acontecerá e para onde ir, depois de tanta tempo vivenciando a mesmice e o óbvio latejante. O encontro com um polonês, a deixando tomar decisões e explicações, que foge da cadeia por não ter pago dívidas, reascende o novo para ela. Revive a experiência da traição do marido, mas liga trinta e sete vezes para o filho. A nova vida é sempre impedida pelo passado. Precisa-se do retorno a qualquer custo. O “amante” a ajuda a entender o quadro incompreensível. A noite diferente, mostrada por uma camera que espera e que não foca a imagem real, preferindo os sons e as inferências, com uma fotografia saturada noturna, participando como a contra-partida da própria luz recorrente da normalidade. O novo é a escuridão, pululando pela saída da “caverna de Platão”, buscando o piano como referência para uma rotina perfeita e resignada.
“Por que você está fugindo?”, diz-se. “Filhos são egoístas”, complementa-se. A fuga pelo estado de ser de vítima e pela necessidade do medo que não se consegue vencer. Concluindo, é um longa arrastado, comum, que busca o nada, sem complementar em técnicas e ou elementos narrativos. Falta algo. O próprio filme é o nada, que não leva a lugar nenhum.
A Sinopse
Rosa é dona de casa e vive com o marido em Madrid. Prestes a entrar na menopausa, ela não tem amigos nem vida social, e seu maior prazer é ver um prato fumegante de comida ser servido com admirável pontualidade na hora das refeições. Tendo vivido toda sua vida em função da família, não está nada satisfeita consigo: não se acha bonita nem gosta de seu cabelo. Mas, num dia desses, decide escapar de seu mundo e viver apenas uma noite diferente. Concha de Prata de Melhor Diretor no Festival de San Sebastián 2009.
Nasceu em 1969, em Madri. Graduou-se em Ciências da Informação, pela Universidade Complutense de Madri. Trabalhou nos canais Telemadrid e TVE, onde dirigiu documentários para o programa Documentos TV. Entre 1997 e 2002 dirigiu cinco curtas com Lola Dueñas, também atriz do seu primeiro longa O que sei de Lola (2006), em competição no Festival de San Sebastián, nominado ao Goya e vencedor do FIPRESCI no Festival de Londres.