Direção: Joel Coen, Ethan Coen
Roteiro: Joel Coen, Ethan Coen
Elenco: Michael Stuhlbarg, Sari Lennick, Richard Kind, Fred Melamed, Aaron Wolff, Jessica McManus, Adam Arkin, Simon Helberg, Adam Arkin, George Wyner, Katherine Borowitz
Fotografia: Roger Deakins
Trilha Sonora: Carter Burwell
Produção: Joel Coen, Ethan Coen
Distribuidora: Universal Pictures
Estúdio: Working Title Films
Duração: 105 minutos
País: EUA
Ano: 2009
COTAÇÃO: MUITO BOM
A opinião
A obra dos Irmãos Coen (Joel e Ethan Coen) necessita ser entendida observando as pessoas e o mundo a nossa volta. A estranheza e o surrealismo dos momentos apresentados explicam o individualismo exacerbado que cada um possui. A indiferença no relacionamento com o outro gera a hipocrisia da etiqueta social. As idéias massificadas pela maioria pensante ditam regras, fazem repetições serem recorrentes e alienam por si só. A crítica social dos diretores é ácida, direta e extremamente cruel.
Aborda a vida de Larry Gopnik (Michael Stuhlbarg), em 1967, um professor de Física da Universidade de Midwestern, que acaba de ser informado que sua esposa Judith (Sari Lennick) o está deixando. Ela apaixonou-se por um de seus colegas, Sy Ableman (Fred Melamed), que, aos seus olhos, é alguém muito mais interessante do que seu marido. A família de Larry também não é lá essas coisas: seu irmão Arthur (Richard Kind) mora em sua casa e dorme no sofá; seu filho Danny (Aaron Wolf) é um estudante problemático e rebelde; e sua filha Sarah (Jessica McManus) pega, frequentemente, dinheiro de sua carteira, para fazer uma plástica no nariz. Uma carta anônima, conduzente e não idionática, também ameaça sua carreira na universidade. Larry, então, decide pedir conselhos a três diferentes rabinos que poderão ou não ajudá-lo, diante de tantos problemas.
“Receba com simplicidade tudo que acontece com você”, cita Rashi, iniciando as ações surreais e de uma fantasia sarcástica sem querer ser. Um homem é ajudado por um ‘suposto’ morto judeu (dybbuk). Batem na porta. A tensão é criada. A dúvida de ser morto ou não também. “O mal já vai tarde”, diz-se quando abre o filme, deixando as cenas soltas, curiosas e incompreensíveis em um primeiro momento, completas, mas sobreviventes por elas mesmas. O passado pop une-se ao presente moderno com elementos de exemplos de subjetivismos. Um exemplo é a camera que passeia de dentro para fora de um ouvido ao fone escutar músicas. Da escuridão a claridade. Usar droga (maconha) em uma cerimônia religiosa mostra a melhora do entendimento da religião. É como se só os ‘chapados’ pudessem captar a essência daquelas regras.
As ações realistas e cruas geram a dicotomia da epifania, como um médico fumante que informa o estado não tão saudável de um paciente que se cuida. A velhice razinza de judeus ortodoxos causa o sentimento de que aqueles ensinamentos são chatos e ultrapassados. Instigando o questionamento e dilacerando a burocracia da sociedade.
“Não pode entender a física sem a matemática, que é como a coisa toda funciona”, argumenta-se para ensinar a um aluno e ao espectador que o filme não é tão comum de entendimento. “São fábulas para tentá-lo entender”, complementa-se.
Um homem sério precisa ser adulto e aceitar até um divórcio sem se importar com ele. É estar no mundo, mas viver só para si. Esta é a solução para o não surgimento da loucura da vida atual. Os diálogos são sem sentido, com seus personagens egocêntricos e egoístas, e sem a real importância do outro. Ajudar-te a si mesmo e só é a conclusão do filme logo no meio de sua duração. Ele resigna-se com o que acontece a sua volta. Para-se de procurar e recomeça a viver. “Sempre fui um acidente”, diz. “Somos judeus, temos nosso poço de tradição que nos entender”, rebate-se. Ele resolve procurar os rabinos para conseguir respostas e cada vez fica mais confuso por não visualizá-las. “Todos querem uma resposta”, finaliza-se. Os rabinos repetem as mesmas colocações religiosas. O único que pode salvar, gasta o seu tempo em pensar. As desgraças criam desgraças, tormentos e a mudança do que se realmente acredita.
“Ações tem consequências”, diz-se em um ambiente criado que manipula, quem está do outro lado da tela, o superficial e o artificialismo. Nada é tão sério. Nada é tão banal. A “mera imaginação”, exemplicada por pesadelos, com cores reais e fantasiosas, ‘enganando’ sobre a real e o imaginário, de salvação e ou de bondade e ou de vivenciar o real desejo, fornece que o introspecto de si ajuda a não visualização do afã ímpar do outro. “- Eu não pedi nada, – Por isso estamos ligando”, sobre um atendente que vende algo que não é pedido, demonstrando a imcomunicabilidade de ouvir o que o outro tem a falar.
Há sempre a saída, por meio de um catarse, em um ambiente psicodélico moderno de músicas dos anos setenta, como a guitarra de Jimi Hendrix. A saída é chorar, externar o que sente no meio da imaginação palpável e concreta. “O princípio da incerteza é a prova de que nunca sabemos o que está acontecendo”, diz o veredito da não mudança sobre a matemática. A inferência de que se a esta ciência é incerta, então tudo na vida também acontece da mesma forma.
Apresenta-se como um documentário ficcional, como se os diálogos fossem trabalhados para a camera, lembrando alguns seriados do gênero “The Office” e “Parks and Recreation”. A fotografia seca, crua, como sendo bruta de um cenário texano. A bandeira dos Estados Unidos querendo voar realiza o fim do questionamento crítico de apenas um período na vida daquelas pessoas. O antes e o depois não importa. Assim como tudo.
Vale muito a pena ser vista. A interpretação do personagem principal é espetacular, que é contida, com as sutilezas do seu olhar. Os outros embarcam no mesmo ritmo. Vive-se a estranheza cruel da alma, sendo impossível não refletir sobre a própria existência. Recomendo.
Joel Coen e Ethan Coen, conhecidos profissionalmente por “Irmãos Coen”, ganharam por quatro vezes o “American Filmmakers” Academy Award. Por mais de vinte anos, esse par tem escrito e dirigido numerosos filmes de sucesso, desde comédias até filmes policiais e filmes que combinam os dois gêneros. Os irmãos escrevem, dirigem e produzem seus filmes juntos, embora recentemente Joel recebeu um crédito particular por direção e Ethan por produção. São conhecidos no negócio de filmes como “O diretor de duas cabeças” por compartilharem visões similares sobre seus filmes. Se atores chegarem em qualquer um dos irmãos com uma questão, provavelmente receberão a mesma resposta.
Joel Coen (nascido em 29 de Novembro de 1954) e Ethan Coen (nascido em 21 de Setembro de 1957) cresceram em St.Louis Park,Minnesota, um subúrbio de Minneapolis. Seus pais, Edward e Rena Coen, ambos judeus, foram professores. O pai, um economista na Universidade de Minnesota e a mãe, uma historiadora da arte na St.Cloud State University.
Quando eram garotos, Joel economizou dinheiro suficiente cortando gramas para assim comprar uma câmera Vivitar Super-8, e juntos eles refizeram filmes que viam na televisão com um garoto vizinho, Mark Zimering (apelidado de Zeimers), como a estrela. Por exemplo, “The Naked Prey”, (em português, “A prova do leão”, filme de 1966 dirigido por Cornel Wilde) trazia Zeimers no Zâmbia, que também tinha Ethan como um nativo com uma lança.
Os irmãos se graduaram em St.Louis Park em 1973 e 1976. Ambos também se graduaram em Simon’s Rock College of Bard (agora Bard College da Simon’s Rock) em Great Barrington, Massachusetts.
Joel então gastou quatro anos no programa universitário da Universidade de Nova York onde realizou um filme-tese de 30 minutos chamado Soundings. O filme mostrava uma mulher fazendo sexo com seu namorado surdo enquanto verbalmente fantasiava ter sexo com o melhor amigo de seu namorado, que a ouvia na sala ao lado.
Ethan foi para Universidade de Princeton e conseguiu uma graduação em filosofia em 1979. Sua tese foi um ensaio de 41 páginas intitulado “Two Views of Wittgenstein’s Later Philosophy” (Duas visões da Filosofia Tardia de Wittgenstein). Ethan é casado com a editora de filmes Tricia Cooke.
Depois de se formar em Nova Iorque, Joel trabalhou como assistente de produção em algumas produtoras de filmes e vídeos musicais. Ele desenvolveu um gosto particular pela edição de filmes e encontrou Sam Raimi, que estava procurando um assistente de diretor para seu primeiro filme, The Evil Dead (1981). Joel é casado com a atriz Frances McDormand desde 1984. Eles adotaram um filho do Paraguai, de nome Pedro McDormand Coen (Frances e todos seus irmãos são adotados). McDormand estrelou em 6 dos filmes dos irmãos Coen. Ambos os casais vivem em Nova Iorque.
Em 1984, os irmãos escreveram e dirigiram Blood Simple no primeiro filme que fizeram juntos. Gravado no Texas, o filme fala do conto de um safado, desprezível que contrata um detetive particular para matar sua esposa e o amante dela. Dentro deste filme estão elementos consideráveis que apontam para a futura direção.
Filmografia
2009 – A Serious Man
2008 – Queime Depois de Ler
2007 – Onde os Fracos Não Têm Vez
2006 – Paris, eu te amo (Paris, je t’aime)
2004 – Matadores de Velhinhas (The Ladykillers)
2003 – Intolerable Cruelty
2001 – O Homem que não estava lá (The Man Who Wasn’t There)
2000 – O Brother, Where Art Thou?
1999 – O Grande Lebowski (The Big Lebowski)
1996 – Fargo
1994 – The Hudsucker Proxy
1991 – Barton Fink
1990 – Miller’s crossing
1987 – Raising Arizona
1984 – Blood Simple
Michael S. Stuhlbarg nasceu em 5 de julho de 1968, em Long Beach, California. É um ator americano. Foi indicado pelo seu novo filme no Globo de Ouro de 2010. Ele é um seguidor da reforma do judaísmo. Formou-se Juilliard School e estudou interpretação na National Youth Theatre of Great Britain, University of London e UCLA.