Direção: Anton Corbijn
Roteiro: Rowan Joffe, Baseado No Livro A Very Private Gentleman De Martin Booth
Elenco: George Clooney, Irina Björklund, Johan Leysen, Paolo Bonacelli, Thekla Reuten
Fotografia: Martin Ruhe
Música: Herbert Grönemeyer
Direção De Arte: Denis Schnegg e Mikael Varhelyi
Figurino: Suttirat Anne Larlarb
Edição: Andrew Hulme
Efeitos Especiais: Modus Fx / Panorama Film & Teatereffekter
Produção: Anne Carey, George Clooney, Jill Green, Grant Heslov e Ann Wingate
Estúdio: Focus Features / Greenlit Rights / Smoke House / This Is That Productions
Distribuidora: Focus Entertainment
Duração: 105 Minutos
País: Estados Unidos
Ano: 2010
COTAÇÃO: ENTRE O REGULAR E O BOM
“Um homem misterioso” é a tradução do original “The american”. Logo, o espectador, mesmo antes de assistir ao filme, percebe que a trama envolverá um americano misterioso. Acrescenta-se saber que quem dirigiu foi o da biografia ficcional de Ian Curtis, do Joy Division, “Control”. Se incluir a informação que o protagonista é George Clooney, um excelente ator, que realiza trabalhos impecáveis, um atrás do outro, a curiosidade torna-se tamanha e impossível de se esperar. Assim, o espectador embarca no roteiro inspirado no romance de Martin Booth “Um homem muito reservado”(A Very Private Gentleman), adaptado por Rowan Joffe. O longa comporta-se de dentro para fora. Busca o interno de seus personagens. A maioria das cenas é a presença de George, que também produz o filme. Não há como negar que ele é um excelente ator, sendo isso o que o roteiro usa para conseguir segurar a atenção do espectador em uma história morna, permeada de clichês e melodramas. Jack é um assassino solitário e nômade. Após uma missão particularmente difícil na Suécia, vai para a Itália. Seu agente, Pavel, recomenda-lhe sair de Roma e recolher-se no interior.
Com uma nova identidade, Jack se instala em uma pequena cidade medieval, onde fica amigo do padre local e inicia um romance com a sensual Clara. Lá, é contratado para construir uma arma para uma misteriosa mulher chamada Mathilde. Mas, aos poucos, começa a desconfiar de que ela esteja envolvida com as mesmas pessoas que tentaram mata-lo na Suécia. As conversas não convencem e transpassam a sensação de superficialidade. A narrativa é lenta, detalhista, simétrica e perfeccionista. Mas esses adjetivos são utilizados na contramão. Há um padre dando lição de moral, há prostitutas que morrem e que se apaixonam. Há personagens em redenções, culpas, arrependimentos e desejando novas vidas e recomeços. O roteiro manipula as próximas etapas da trama, fazendo de maneira competente. A atmosfera é a da espera. Pressente-se algo a todo instante. Quem está do outro lado da tela sente o suspense silencioso e a dúvida. Algo pode acontecer ou não. Contudo, isso é irrelevante. O que se absorve aparece como existencialista. Um homem misterioso, precavido, inteligente, sagaz e perspicaz está diferente. “Você não é como antes, Jack”, diz-se. Ele resolve experimentar vivências próprias. O amor é uma delas. A tranquilidade e a paz são os reais objetivos ao futuro.
As referências são constantes e presentes, trabalhadas como homenagem. Há o faroeste de Sergio Leone, há borboletas “Tão lindas e não são perigosas”, aludindo a mulheres da vida de seu personagem e de como ele as percebe. Jack, o homem borboleta, pela tatuagem em suas costas, busca a beleza pura e simples. Há “Tu Vuò Fà L’Americano”, mesmo tema de “O Talentoso Ripley”, de seu amigo e companheiro de trabalho Matt Damon. A homenagem estende-se já que as ruas trabalhadas, neste caso à noite, são as do filme de Matt. O lugar perdido, antes na Suécia, depois no sul da Itália, é desejado, por causa de seu bucolismo e da possibilidade de se andar sem a iminência de se levar um bala. O final é um dos mais pobres de todos os tempos do cinema. É tão melodramático que chega a ser brega e patético. Outra linha de escolha ingênua (e pobre) é quando se aborda a relação entre a igreja e o lado sórdido do ser humano. Mais clichê ainda. Concluindo, o elemento que se deve levar em conta é a interpretação contida, aprofundada e necessária de um dos melhores atores do cinema atual, George Clooney.
Nasceu em 1955, na Holanda. Fotógrafo especializado no mundo da música, iniciou sua carreira em 1975. Como diretor, iniciou sua carreira dirigindo vídeo clips. Em 2007, realizou seu primeiro longa-metragem Control, Melhor Filme nos British Independent Film Awards e Menção Especial na Quinzena dos Realizadores de Cannes.