Tudo Sobre o Festival do Rio 2025 (panorama geral)
Com o slogan “O Cinema Sob a Luz do Rio”, o evento cinematográfico mais tradicional carioca acontece de 02 a 12 de outubro, durante 11 dias em 22 salas de cinema do circuito comercial
Por Fabricio Duque
O Vertentes do Cinema acabou de completar dezesseis anos no último 17 de setembro, nascido dias antes do Festival do Rio 2009 e credenciado como imprensa oficial, mas esta relação vem de muito antes, quando eu assistia aos filmes (às vezes, num dia normal, 7 por dia) como público e motivado somente pela cinefilia (de inclusive sentar na primeira fileira do cinema para “receber o filme antes”, como um “jovem turco”, na melhor citação de “Os Sonhadores”, de Bernardo Bertolucci). Sim, foi o Festival do Rio que ajudou a formar toda a minha bagagem cinematográfica. Sim, mas nosso site cresceu e fez com que matérias e demandas fossem “anexadas”. É, parece bordão, mas todo ano digo que desde 2009 ainda não me acostumei com o Festival do Rio. Há algo de “explosão” atravessada, que se olharmos mais a fundo, é uma crueldade danada (não assistir aos filmes, mas ter que escolher, visto que muitas das vezes os horários e os locais não batem). Por exemplo, com a vontade do Festival do Rio de crescer e de querer trazer mais filmes, e isso é uma tendência, talvez uma ideia equivocada de “sucesso”, há assim a necessidade de englobar mais cinemas. Só que a maioria é distante uns dos outros. Por exemplo, a Gávea é longe de Botafogo, por causa de seu trânsito pesado, que é longe de Niterói. Sim, mas isso também é um mérito, porque cada público de cada lugar desses não precisa “viajar” a cinemas de outros bairros. Mas olha o que acontece: as sessões de gala (primeiras exibições) da Première Brasil são no Estação Net Gávea, que requer toda uma reestruturação de horários e perda de filmes. Sim, escolhas. Cruéis.
Tudo isso é acoplado com o fato que a cada ano o Festival do Rio muda suas dinâmicas e estruturas, ainda que pequenas. Sim, mas a questão de espaços de exibição é um problema constante. Outro exemplo é o Cinema Odeon, na Cinelândia, que só abre para períodos de festivais (e que este ano vira palco também com os debates da Première Brasil). Mas 2025, que completa 27 edições, traz boas novas: a inclusão do Cinesystem Belas Artes, ao lado, praticamente, dos cinemas do Estação Net. Um alívio. E também amplia a programação, com exibições gratuitas, para atender aos mais diversos públicos, mantendo a proposta de democratizar o acesso à sétima arte. O Cinema Circulação, vai levar diversos bairros com produções brasileiras premiadas programadas nos cinemas CineCarioca Penha, do CineCarioca Nova Brasília e no Parque Realengo Susana Naspolini. São 14 filmes, reunindo títulos recentes, produções que marcaram edições anteriores do Festival e longas premiados com o Troféu Redentor na Première Brasil. Entre os filmes programados estão obras como “O Auto da Compadecida 2“, de Guel Arraes e Flávia Lacerda; “Vitória” (2025), de Andrucha Waddington, estrelado por Fernanda Montenegro; e “Kasa Branca“ (2024), de Luciano Vidigal, que ganhou os prêmios de Melhor Direção de Longa-Metragem de Ficção, Melhor Ator Coadjuvante, Melhor Trilha Sonora Original e Melhor Fotografia no Festival do Rio 2024. A seleção conta ainda com títulos voltados ao público jovem e infantil, como “Chico Bento e a Goiabeira Maraviosa“, de Fernando Fraiha, e “Tainá: Uma Aventura na Amazônia” (2000), de Sérgio Bloch e Tânia Lamarca, vencedor do prêmio do público há 25 anos no Festival do Rio.
O Festival do Rio 2025, que vem com o slogan “O Cinema Sob a Luz do Rio”, acontece de 02 a 12 de outubro, durante 11 dias em 22 salas de cinema do circuito comercial, e contará também com a presença de Bill Kramer, CEO da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, entidade responsável pela premiação do Oscar. Ele chega para a Gala de Abertura, dia 2 de outubro, no Cine Odeon. Vem acompanhado de Meredith Shea, chief membership, impact and industry officer na Academy of Motion Picture Arts and Sciences e Dilcia Barrera, senior vice president of member relations, global outreach, and administration. Reúne mais de 180 filmes internacionais representando 74 países, apresenta a seleção das mostras Panorama Mundial, Expectativa, Itinerários Únicos e Midnight Movies, traz ao público brasileiro grandes mestres do cinema, estreias femininas na direção, documentários sobre personalidades históricas e trabalhos premiados nos principais festivais do mundo.
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A presença feminina, aliás, é um dos eixos centrais desta edição, com 90 filmes dirigidos ou co-dirigidos por mulheres apenas entre os internacionais. Entre os destaques está a atriz francesa Juliette Binoche que vem ao Festival pela primeira vez para apresentar “In-I in Motion”, seu primeiro trabalho como diretora. A diretora portuguesa Teresa Villaverde (de “Colo”) apresenta a estreia mundial de seu último filme, “Justa”, que conta com Betty Faria em destaque no elenco.
O longa-metragem “Depois da Caçada”, de Luca Guadagnino, abrirá o Festival do Rio 2025, apresentado ao público carioca logo após a sua première mundial no Festival de Veneza deste ano, neste mês de agosto. Já o filme escolhido para o encerramento é “Hamnet: A Vida Antes de Hamlet”, dirigido por Chloé Zhao e inspirado no premiado livro de Maggie O’Farrell. Com produção de Steven Spielberg e Sam Mendes, o filme traz no elenco Paul Mescal e Jessie Buckley.
Pela contagem de obras, disponíveis no site oficial do Festival do Rio 2025, o total é de 367 filmes, sendo 307 longas e 60 curtas, divididos em 6 Clássicos longas; 48 da Mostra COP30; 62 da Expectativa; 08 da Forum des Images; 16 da Itinerários; 13 da Midnight; 68 da Panorama Mundial, 8 curtas e 8 longas da Novos Rumos; 15 curtas da competição oficial; 06 documentários em competição; 11 longas em competição oficial ao Troféu Redentor; 4 séries; 11 da Mostra Estado das Coisas; 07 da Geração; 13 da Retratos; 19 da Latina e algumas mais. Ufa! Sim, eu disse que era crueldade nível hard com os cinéfilos, especialmente a aqueles que possuem dificuldade de escolher.
Há ainda o RioMarket, que terá como foco prioritário discutir caminhos para a indústria do audiovisual como uma política de Estado, no Armazém da Utopia, será voltada para a interconexão com os segmentos que abrangem o audiovisual, reunindo autoridades e representantes do setor em debates, seminários e workshops para formação e reciclagem dos modelos existentes. E ainda um destaque especial a COP 30, trazendo para o Festival do Rio uma seleção expressiva de filmes sobre futuros possíveis, além de diversas mesas de debates – com convidados nacionais e internacionais – onde questões de desenvolvimento sustentável, justiça climática e preservação ambiental serão o centro das discussões.
O cineasta e roteirista Jorge Furtado ministrará a aula aberta “O trilho da história”. Nela, “o assunto é a história que o filme conta, e como conta. As histórias existem desde o surgimento da humanidade. Vamos falar sobre elas.” Na aula será exibido o icônico e premiado curta “Ilha das Flores”, que realizou em 1989. Na sexta-feira, 3/10, às 10h, no Estação NET Botafogo 1.
O Festival do Rio 2025 disponibiliza um pacote de ingressos: 4 por 52,00 e 08 por 96,00. Cada individual custa 32,00 (inteira) e 16,00 (meia). Outra novidade do festival é a inclusão de uma nova categoria será premiada na competição principal: Melhor Figurino, para valorizar ainda mais os aspectos técnicos e artísticos das produções nacionais.
O júri oficial da mostra competitiva da Première Brasil é presidido por Eric Lagesse, seguido dos membros: Carolina Kotscho, fundadora da Loma Filmes; a figurinista Claudia Kopke; a diretora espanhola Elena Manrique; o curador de cinema Javier Garcia Puerto; a diretora brasileira Luciana Bezerra; e a produtora mexicana Paula Astorga. Para o júri da Novos Rumos temos: a diretora brasileira Beth Formaggini (Presidente); o diretor brasileiro Davi Pretto; o realizador brasileiro Lucas H. Rossi; o produtor brasileiro Rafael Sampaio; e a atriz brasileira Thalita Carauta. Já o júri do Prêmio Felix é composto pelo jornalista e crítico francês Franck Finance-Madureira (Presidente); a diretora brasileira Carolina Durão; a diretora brasileira Chica Andrade; e o idealizador do Cine Drag Hedu Carvalho (em drag, Dudakoo).
O Júri terá trabalho para escolher entre os 11 longas concorrentes ao Troféu Redentor: “Ato Noturno”, “A Vida de Cada Um”, “Coração das Trevas”, “Cyclone”, “Dolores”, “Love Kills”, “Pequenas Criaturas”, “Quase Deserto”, “Ruas da Glória”, “#SalveRosa”, e “Virtuosas”. E aos 6 documentários: “Amuleto”, “Apolo”, “Cheiro de Diesel”, “Dona Onete – Meu Coração Neste Pedacinho Aqui”, “Honestino”, e “Massa Funkeira”.
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