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Tudo Sobre o 1º Festival de Cinema Russo 2020

Tudo Sobre o 1º Festival de Cinema Russo 2020

Landing from outerspace, cinema russo no pós-império soviético: notas sobre a Mostra de Cinema Russo que acontece de 10 a 30 de dezembro, na plataforma Spcine Play, com exibições online e gratuitas

Por João Lanari Bo

É costume definir a história da cultura russa em termos de liderança política: Stalin, o highlight da série, ficou mais de três décadas no poder. A era Putin começa a aproximar-se dessa impressionante marca. E com ela, a terminologia alarmista derivada da ciência política e do jornalismo sensacionalista só cresce, como salienta Vlad Sukrow, um prolífico anglo-russo autor e curador de arte baseado em Londres: a era Putin caracteriza-se pela “democracia administrada”, pelo “autoritarismo crescente”, pelo “revanchismo pós-soviético”, pela “nova Guerra Fria”, pelo “novo imperialismo”. Para ele, “embora existam (na era Putin) desenvolvimentos negativos reais, como a recente anexação da Crimeia ou as tentativas legais de criminalizar aspectos não-tradicionais da sexualidade”, a reiterada insistência nessa terminologia contribui para sedimentar no imaginário ocidental uma Rússia ainda atada ao século comunista, falhando em explicar – e, particularmente, em prever – as ações da atual liderança. No plano cultural, uma tal obsessão desfoca as leituras sobre a Rússia contemporânea e tende a julgar a produção, cinematográfica inclusive, como uma “narrativa binária da era da Guerra Fria, oficial/não oficial, conformistas versus dissidentes.”

Claro, não se trata de ignorar os “desenvolvimentos negativos” da era Putin, mas de propor, nas palavras de Sukrow, uma “leitura policêntrica, de múltiplas camadas, que é característica da era da globalização”. O cinema como vetor de inserção global da Rússia pós-império soviético. Se considerarmos que as nações e comunidades se caracterizam, no plano imaginário, em oposição a Outras comunidades e nações, a história da Rússia fornece ampla evidência do uso de personagens estrangeiros para ajudar a proclamar o que é ser russo ou soviético. Uma obra ímpar como A Arca Russa, realizada por Alexander Sokurov em 2002 – dois anos após a primeira vitória de Putin em eleições presidenciais – é estruturada em torno das ambiguidades e fortalezas da relação da Rússia com a Europa ocidental, utilizando como arena política o Museu Hermitage filmado em plano-sequência. Nesse sentido, pode ser visto como uma contribuição para o discurso sobre a identidade nacional em curso na Rússia. Putin, aliás, socorreu Sokurov na fase final da produção do Fausto, em 2011, quando faltavam recursos para terminar o filme.

Aterrisando no planeta Rússia: nesse fim de ano, mais uma mostra de cinema russo, desta vez o contemporâneo, chega aos circuitos locais, com uma promessa de títulos inéditos e instigantes. Uma oportunidade para se testar a inserção russa no cenário audiovisual globalizado em que vivemos, energizado no limite com a disseminação da internet – que data, coincidência ou não, da mesma época em que caiu o Estado comunista, a URSS. O market share (expressão odiosa que se tornou global) dos filmes nacionais nas salas de cinema da Rússia foi 22 % em 2019 (27% em 2018), como ocorre na maioria dos mercados, onde o produto norte-americano domina: computadas as demais plataformas, entretanto, o percentual cresce. Apoio estatal, para produções e também para o circuito exibidor, é constante, atingindo 44% dos filmes produzidos em 2018 e 19. Esses e outros dados estão disponíveis no site da Roskino, agência que promove a cinematografia russa no exterior. Os filmes da mostra foram selecionados por críticos e diretores a convite da Roskino, e não por burocratas, como seria de se esperar em tempos soviéticos. Vamos a eles.

A promissora diretora russa Natalia Meshchaninova apresenta O Coração do Mundo, de 2018, um drama afetivo, mas não sentimental, sobre animais e um jovem veterinário problemático (Stepan Devonin, também um dos co-roteiristas do filme e marido de Meshchaninova na vida real) trabalhando em um sítio rural que usa raposas para treinar cães de caça. O veterinário (Egor) tem empatia com os animais, mas também aceita sem questionar que a crueldade do negócio de caça prevalecente no seu trabalho passe a ser a regra do jogo. Ativistas pró-vida selvagem dos animais se opõem por motivos morais: invadem o sítio e libertam as raposas, agindo por um impulso libertário e ingênuo. O contraste dessas visões de mundo sugere uma atmosfera sombria e brutal, mesmo que haja algum bálsamo nos momentos de afeto entre as criaturas, sejam da mesma espécie ou de espécies diferentes. Com uma economia narrativa seca e cotidiana, o enredo não oferece maiores explicações psicológicas. Egor teve uma infância dura, brevemente mencionada, e isso é tudo em termos de motivação para seus surtos de violência, contra os ativistas e seu patrão. Uma espécie de brutalidade hobbesiana aflora no personagem, e a vida segue.

Tudo Sobre o 1º Festival de Cinema Russo 2020

O Francês, de 2019, foi realizado por um ator/diretor de prestígio na Rússia, Andrei Smirnov: nos anos 1970, exaurido com os controles ideológicos sobre a produção, parou de filmar, atuando apenas como ator e voltando a dirigir em 2011. O filme conta a história de Pierre Durand, um jovem comunista francês que vai a Moscou em 1957 para fazer um intercâmbio acadêmico. A União Soviética vivia o degelo da distensão pós-Stalin, a Primavera. Em 1956, no XX Congresso do Partido, Khruschov pronunciou o famoso discurso secreto denunciando os abusos de Stalin e, implicitamente, liquidando a infalibilidade do Partido. Em 1958, foi sua vez de concentrar o protagonismo político na União Soviética. Pierre começa a pesquisar o balé russo, sua razão ostensiva para vir para a Universidade Estadual de Moscou. Mas seu verdadeiro objetivo é descobrir o destino de seu pai, um membro da velha aristocracia russa preso no Gulag e, depois de solto, vigia noturno de uma padaria coletiva. Literatura underground, os samidazt, revistas reproduzidas fora da lei e circlando de mão em mão, são a referência cultural dissidente do filme: o balé, a cultura oficial. Na procura do pai, o sistema, permeado do ambiente persecutório stalinista, vem à tona. Uma belíssima fotografia em preto e branco dá o tom desse filme de autor, no sentido político da expressão.

O Homem que Surpreendeu a Todos, de 2018, é talvez o destaque da mostra. Um guarda-florestal numa remota aldeia na Sibéria é diagnosticado com um câncer incurável; nem a medicina tradicional nem a alternativa oferecem cura. Seguindo uma velha lenda, ele procura a xamã, se esconde da morte – e sobrevive. Um conto de fadas. O Dicionário Aulete registra para o verbete “xamã” a seguinte definição: em alguns povos asiáticos, especialmente os siberianos, especialista que recorre a forças ou entidades sobrenaturais para realizar encantamentos e rituais de cura, adivinhação, exorcismo, etc. Egor (mesmo nome do veterinário) se esconde da morte vestindo-se de mulher, seu filho é espancado por seus colegas de escola porque o pai é um pervertido, e sua esposa grávida o expulsa para fora de casa. Interpretações e atores excepcionais conferem um realismo que remete à melhor tradição literária e teatral russa: Egor torna-se uma personagem feminina, adotando uma estratégia de sobrevivência que desarma premissas masculinas de masculinidade (e virilidade). Na terra de Putin, é no mínimo um anátema. Na Sibéria, é magia popular. Um conto de fadas LGBT.

O Texto, de 2019, é um poderoso thriller da era digital: um estudante de design gráfico arranca dinheiro de sua mãe para que ele possa ir se divertir com a namorada. A polícia faz uma batida-surpresa e planta um pacote de maconha no rapaz: sete anos de cadeia. Ao sair, sua vingança não é apenas matar o delegado, é se apossar do seu celular e introjetar a vida e as relações da vítima na sua existência (e corpo). Bolshoi, de 2016, acompanha uma jovem proletária e coadjuvante de pequenos furtos nos esforços de dançar balé no Teatro Bolshoi. Sua rival é filha de oligarca milionário: URSS versus pós-URSS. Arritmia, de 2017, é o retrato de um jovem médico de emergências em plena sofreguidão, na ambulância atendendo aos chamados ou desesperado tentando reconquistar a mulher.

Os anos 2000 – a era Putin – é uma época em que a Rússia, a um só tempo, beneficiou-se e prejudicou-se com a rápida inserção no mundo globalizado. As transições históricas que experimentou – do czarismo ao comunismo, e daí ao capitalismo selvagem dos oligarcas da década de 90 e ao capitalismo “administrado” com Putin no comando – foram abruptas e geradoras de complexos processos de ajuste. Recentemente, graças sobretudo à investigação sobre sua interferência cibernética nas eleições de 2016 nos EUA, sua política, interna e externa, midiatizou-se em nível global. O Partido Comunista caiu em 1991, mas somente em 2012 a Rússia logrou aceder à Organização Mundial do Comércio. Com tudo isso, a produção cultural na Rússia, incluindo o cinema, acaba sendo uma negociação simbólica ardilosa de identidades e visões do país, sempre carregada de brilho e talento.

OS FILMES DO FESTIVAL DE CINEMA RUSSO

Arritmia (Arrythmia)
Drama,2017, 116 min

Direção: Boris Khlebnikov

Elenco Principal: Irina Gorbacheva, Alexander Yatsenko

Sinopse: Oleg é um jovem paramédico talentoso. Sua esposa Katya trabalha como médica no pronto socorro do hospital. Ela ama Oleg, mas está farta dele se importar mais com os pacientes do que com ela. O novo chefe de Oleg é um gerente impiedoso, que pretende implementar novas regras rígidas. Oleg não se importa com as formalidades, apenas tenta salvar o máximo de vidas. Tal atitude afeta suas relações com o novo chefe. A crise no trabalho coincide com a crise na vida pessoal. Oleg e Katya precisam encontrar algum vínculo que os manterá juntos entre toda essa confusão com pacientes, problemas com álcool e perturbações no sistema de saúde.

52º Festival Internacional de Cinema de Karlovy Vary: Melhor Ator (Alexander Yatsenko);

Festival de Cinema de Minsk: Melhor Atriz (Irina Gorbacheva);

Festival de Cinema de Trieste 2018: Melhor Filme;

Festival Internacional de Cinema de Toronto 2017: Programa Mundial contemporâneo de cinema); 

Kinotavr Open Russian Film Festival 2017: Grand Prix, Melhor Ator (Alexander Yatsenko).


Bolshoi (The Bolshoi)
Drama, 2016, 132 min.
Direção: Valery Todorovsky
Elenco Principal: Margarita Simonova, Anna Isaeva, Alisa Freindlich

Sinopse: Oriunda de uma pequena cidade mineradora, a jovem e excepcionalmente talentosa dançarina Yulia Olshanskaya tira a sorte grande: o ex-bailarino Pototsky a descobre e prevê um futuro brilhante para ela como bailarina, digna do palco principal do país. No entanto, mesmo os diamantes mais incríveis precisam ser lapidados, e o caminho para Yulia ao lendário palco do Teatro Bolshoi passa por uma escola de balé, onde a resiliente provinciana fica sob a tutela de uma professora ainda mais obstinada. A carreira de primeira bailarina requer uma incrível abnegação, e Yulia entenderá que o grande balé não se resume apenas aos tutus brancos, teatros deslumbrantes e sapatilhas de ponta. Mas nenhum obstáculo impede quem sonha grande.


O Coração do Mundo (Core of the World)
Drama, 2018, 124 min
Direção: Natalia Meshchaninova
Elenco Principal: Stepan Devonin, Yana Sekste

Sinopse: Egor trabalha como veterinário em uma escola de treinamento de cães de caça, no meio do nada. Raposas, cervos, texugos e cachorros são sua vida dele. Egor mora em uma extensão adjacente à casa do chefe, curando animais, limpando gaiolas, monitorando os funcionários, atendendo clientes e seus cães. Ele se sente mais à vontade com os animais do que com pessoas e aceita qualquer tarefa apenas para entrar no círculo de pessoas próximas ao dono da escola, Nikolai Ivanovitch, e seus parentes. Egor quer algo quase impossível: fazer parte dessa família.

Kinotavr Open Russian Film Festival 2018: Grand Prix;

Russian Guild of Film Critics: Melhor Ator Coadjuvante (Dmitriy Podnozov);

Festival de Cinema de San Sebastian 2018: Indicado ao Prêmio Novos Diretores;

Festival Internacional de Cinema de Toronto 2018 (TIFF): Programa do Cinema Mundial Contemporâneo.


O Homem que Surpreendeu a Todos (The Man Who Surprised Everyone)
Drama, 2018, 104 min.

Direção: Natasha Merkulova , Aleksey Chupov

Elenco Principal: Evgeniy Tsyganov, Natalya Kudryashova

Sinopse: Egor é um guarda-florestal destemido da taiga siberiana. Ele é um maravilhoso pai de família, respeitado por seus conterrâneos. Mas um dia, Egor descobre que tem uma doença mortal e que nenhum medicamento tradicional, nem a magia xamânica podem salvá-lo. Egor decide lutar contra a doença de uma forma incomum, tentando se tornar uma outra pessoa para enganar a morte. Sua família e seus conhecidos devem se acostumar-se com sua nova personalidade.

75º Festival Internacional de Cinema de Veneza: Melhor Atriz (Natalya Kudryashova)


O Texto (Text)
Drama/Suspense, 2019, 132 min.
Direção: Klim Shipenko
Elenco Principal: Alexander Petrov, Kristina Asmus, Ivan Yankovskiy

Sinopse: Baseado no best-seller de Dmitry Glukhovsky, o filme conta a história de Ilya Goryunov, um rapaz de 27 anos, que durante toda a sua estadia em um presídio sonha em se encontrar com o homem culpado por sua prisão, um jovem oficial do Serviço Federal de Controle de Drogas, Pyotr Khazin. Ilya também espera encontrar sua mãe, a namorada e o melhor amigo esperando por ele em casa, porém, ao ganhar sua liberdade, ele descobre que a antiga vida, pela qual ansiava, está arruinada e é impossível voltar a ela. O encontro com Pyotr acontece e Ilya, em um descuido do oficial, consegue acessar os dados de seu telefone – todas as fotos e vídeos, correspondências com seus pais e com a namorada, Nina, e estranhas negociações com seus colegas. Ilya então se faz passar por Pyotr e as consequências são inimagináveis.


Vamos nos Divorciar (Another Woman)
Comédia / Romance, 2019, 92 min.
Direção: Anna Parmas
Elenco Principal: Anna Mikhalkova, Anton Filipenko, Svetlana Kamynina

Sinopse: Masha, médica ginecologista, é tão focada em seu trabalho que não percebe que está prestes a ser abandonada pelo marido. Porém, acostumada a conseguir o que quer, Masha começa a lutar para reconquistar seu marido infiel, Misha. Ela não está pronta para simplesmente perdê-lo para uma personal trainer, Oksana, que tem pouco mais de vinte anos. A seu favor, Masha tem uma rica experiência de vida e seus dois filhos pequenos. Nesta situação, ela está pronta para usar todo o seu “arsenal de combate”, que inclui forças sobrenaturais.


O Francês (A Frenchman)
Drama histórico, 2019, 128 min.
Direção: Andrei Smirnov
Elenco Principal: Anton Rival, Evguenya Obraztsova, Aleksandr Baluev

Sinopse: Em 1957, o estudante francês Pierre Durand vai a Moscou para um estágio na Universidade Estatal. Lá ele conhece Kira Galkina, bailarina do Teatro Bolshoi, e o fotógrafo
Valera Uspensky. Graças a seus novos conhecidos, Pierre mergulha nas vidas culturais de Moscou, a oficial e também a underground. Neste ano em Moscou, Pierre vive uma vida inteira, completamente diferente de tudo que ele conhecia. Mas o estágio e o envolvimento em vários aspectos da vida do povo soviético não são os únicos objetivos de Pierre. Ele procura por seu pai, um oficial do exército branco, Tatishchev, que foi preso no final dos anos 30.

Festival Internacional de Cinema de Roterdã 2020.


O Reino Gelado: Terra dos Espelhos (The Snow Queen: Mirrorlands)
Animação, 2018, 80 min.
Direção: Alexey Tsitsilin, Robert Lence

Sinopse: O rei correu o risco de perder sua família pelas ações malignas da Rainha da Neve. Quando ele encontra uma forma de acabar com a magia do mundo, todas as criaturas com poderes mágicos são banidas para a “Terra dos Espelhos”. Somente uma pessoa pode manter os seres mágicos no mundo e impedir que fiquem presos para sempre. O desenho ficou entre as 3 melhores bilheterias mundiais de um filme russo em 2019.

Tudo Sobre o 1º Festival de Cinema Russo 2020

SERVIÇO

FESTIVAL DE CINEMA RUSSO/ RUSSIAN FILM FESTIVAL

DE 10 a 30 DE DEZEMBRO – Spcine Play

Exibições Gratuitas

O Brasil é considerado um dos mercados em maior perspectiva para o conteúdo russo, já que figura dentre o TOP 10 do mercado externo, no que diz respeito às bilheterias dos filmes russos entre 2014 a 2019. Em 2019, sete filmes russos foram lançados no Brasil e os números recentes de bilheteria mostram que os gêneros mais populares dos filmes russos no Brasil são filmes de animação, terror, drama e ficção científica.

Todos os filmes serão exibidos com legendas locais e, nas animações, os espectadores terão à disposição os filmes totalmente dublados. Para a indústria cinematográfica russa, este é o primeiro projeto online desse tipo, voltado a um público internacional bastante amplo.

Sobre a ROSKINO

A Roskino é a única instituição estatal encarregada de promover o cinema russo em todo o mundo. Fundada em 1924, a Roskino celebrou ano passado seu 95º aniversário e, desde sua criação, oferece aos cineastas russos a oportunidade de se integrarem ao mercado global.

O objetivo principal da ROSKINO é desenvolver sistemas eficazes para apoiar o conteúdo russo em países estrangeiros, para facilitar relacionamentos duradouros com parceiros em todo o mundo, promovendo a Rússia como um parceiro sólido para cooperação e coprodução internacional.

A Roskino promove filmes russos para mercados globais em eventos como AFM em Los Angeles, EFM em Berlim, Marché du film, MipTV e MipCOM em Cannes, FILMART em Hong Kong, festivais internacionais de cinema em Cannes, Veneza, Berlim, Toronto, Londres, e nas premiações do Oscar®, Globo de Ouro® e European Film Awards. A empresa também apoia a distribuição de conteúdo russo e ajuda a atrair investidores e parceiros interessados ??na coprodução com a Rússia.

Um dos projetos mais notáveis ??da ROSKINO é o DOORS International Travelling Film Market, através do qual a empresa apresenta novos filmes russos aos mercados globais.

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