Tudo Sobre as Coletivas de Imprensa do Festival de Cinema de Gramado 2025 no Rio de Janeiro e em São Paulo
Pelo segundo ano consecutivo, o evento gramadense escolheu São Paulo e Rio de Janeiro para anunciar sua programação, que acontece de 13 a 23 de agosto
Por Clarissa Kuschnir
Pelo segundo ano consecutivo, o Festival de Cinema de Gramado escolheu São Paulo e Rio de Janeiro para anunciar sua programação. O ano passado a coletiva, depois do evento oficial em Gramado foi primeiro em São Paulo e depois no Rio de Janeiro. Já este ano de 2025 o festival inverteu a ordem e deixou para encerrar em São Paulo a apresentação da programação de filmes documentários e os curtas metragens nacionais, escolhidos pela curadoria.
“É um festival de cinema brasileiro feito no nosso país há 53 anos que passou por diversas situações bem complexas como a que inclusive aconteceu o ano passado. Passamos por uma calamidade por seis meses. Tivemos o nosso aeroporto fechado e isso inviabilizou o trabalho do destino turístico importante, em uma cidade que recebe 8 milhões de habitantes por ano (a cidade tem 40 mil habitantes). Ou seja, nossa economia está ligada a 87% a cadeia do turismo e tivemos uma situação muito triste e complexa. Então pessoas amigas e queridas estiveram conosco”, enfatizou Rosa Helena Volk, presidente da Gramadotur, ao abrir o evento em São Paulo.
O professor, pesquisador e jornalista Marcos Santuario, curador do Festival desde 40ª edição do festival esteve presente e apresentou os longas documentários escolhidos ao lado de seus companheiros de curadorias que são Caio Blat (pelo terceiro ano) e Camila Morgado pelo primeiro ano.
Camila em mensagem de vídeo, por não estar presente no evento disse estar se sentindo muito honrada pelo trabalho, ao lado dos colegas.
“Não foi uma tarefa simples. Posse dizer que foi muito prazerosa, pois recebemos muitos filmes (cerca de trezentos entre ficções e documentários) e muitos trabalhos interessantes e poderosos e com vozes próprias que só reafirmam a força do nosso audiovisual e da nossa cultura. Buscamos selecionar obras que apostam na diversidade de linguagens, territórios de gêneros que nos convidam a uma reflexão. São filmes com marcas autorais que provocam sensibilizam a acima de tudo nos representam. E não posso deixar como uma atriz que sou que vi atuações lindas que me emocionaram, me fizeram rir e me impactaram. Eu espero de verdade que vocês tenham boas sessões e se sintam tão orgulhosos quanto nós do que está sendo produzido no nosso país. Quero deixar aqui um agradecimento ao Festival de Gramado que mantem viva essa celebração tão importante do nosso cinema e para a nossa cultura”, disse Camila Morgado.
Caio Blat que compareceu apenas no evento do Rio, também deixou mensagem fazendo o púbico rir ao abrir o vídeo falando que o inverno chegou com tudo (Gramado é frio…) e enfatizou sua participação pelo terceiro ano no festival elogiando a colega Camila Morgado sobre seu olhar importante e interessante sobre a seleção.
“Foi um ano muito difícil pois recebemos um número recorde de inscrições como vocês sabem que é também o fruto de políticas culturais do nosso setor pois vimos muitos filmes financiado pelas Leis Aldir Blanc e Paulo Gustavo, e de todos os cantos do Brasil. E o nosso trabalho é contemplar essa diversidade de narrativas e olhares. Tivemos um dificuldade enorme para fechar essa seleção final, com dor no coração. Um ano de grande celebração do cinema brasileiro. O Festival de Gramado veio esse ano coroar o cinema brasileiro com uma seleção fortíssima e com um evento delicioso. Eu particularmente tenho muito orgulho com os filmes que escolhemos. Tenho certeza de que essa será uma edição histórica”, finalizou Caio Blat.
Antes de apresentar a lista de longas documentários e curtas metragens nacionais a atriz Denise Weinberg que também esteve presente no evento e que protagoniza “O Último Azul”, de Gabriel Mascaro, filme escolhido para abrir o Festival de Cinema de Gramado, falou um pouco sobre seu papel no filme.
“Acho que esse filme é muito especial, especialmente para mim. Primeiro porque ficar dois meses na Amazônia, muda a vida de qualquer ser humano. E filmando todos os dias. Fizemos tudo em barco. Foi uma aventura e inesquecível. O roteiro é muito bacana que fala sobre o etarismo. A minha personagem mostra que o velho ainda produz, que tem desejo e quer fazer coisas”, apontou Denise.
Os filmes que farão parte da Mostra Competitiva de longas documentais todos inéditos no Brasil são: “Até Onde a Vista Alcança” (SP) de Alice Vilela e Hildago Romero; “Os Avós” (AM), de Ana Lígia Pimentel; “Lendo o Mundo” (RN), se Catherine Murphy e Iris de Oliveira e “Para Vigo Me Voy” (RJ), de Lírio Ferreira e Karen Harley. Ou seja, é um misto de filmes que passam pelo Amazonas, litoral Potiguar até o Sudeste representado aqui por São Paulo e Rio de Janeiro.
“São filmes que não se contentam em observar: elaboram. Não apenas registram realidades, mas propõem formas de vê-las, escutá-las e, por vezes, resisti-las. Cada um deles carrega em sua essência um pertencimento — ao território, à história, à linguagem — e, juntos, constroem uma cartografia sensível de um país continental em movimento. Em tempos de apagamentos e ruídos, esta seleção aposta no cinema como um ato de escavação e de presença”, conta o curador Marcos Santuário.
A lista dos 12 curtas-metragens nacionais deste ano é: “Aconteceu a Luz da Lua” (RS), de Crystom Afronário; “Boiuna” (PA), de Adriana de Faria; “Cabeça de Boi” (SP), de Lucas Zacarias; “FrutaFizz” (SP), de Kauan Okuma Bueno; “Jacaré” (BA), de Victor Quintanilha; “Jeguatá Xirê” (RS), de Ana Moura e Marcelo Freire; “O Mapa Em Que Estão Meus Pés” (AL), de Luciano Pedro Jr; “Na Volta Eu Te Encontro” (BA), de Urânia Munzanzu; “As Musas” (PE), de Rosa Fernan; “Quando Eu For Grande” (PR), de Mano Cappu; “Réquiem Para Moïse” (RJ), de Caio Barretto Briso e Susanna Lira e “Samba Infinito” (RJ), de Leonardo Martinelli.
A comissão desta edição foi formada pelos seguintes profissionais da área: Adriana Androvandi, jornalista e crítica de cinema; Diego Benevides, jornalista, pesquisador e crítico de cinema; Graziella Ferst, produtora executiva; Renata Diniz, cineasta; e Wagner Rosa, professor e realizador
Segundo os integrantes da comissão, “a imensidão de curtas-metragens inscritos reflete o vigor de uma produção que se movimenta e se transforma a todo instante”, com “ficções, documentários e animação que se unem para explorar as profundezas de um Brasil belo, mas marcado por suas fraturas”. Em suma, “os doze filmes selecionados para a programação deste ano evidenciam um cinema nacional que é brasileiro de muitas formas. É brasileiríssimo, e é totalmente nosso”, afirma o quinteto.
Toda a cobertura do Vertentes do Cinema, realizada por Fabricio Duque, sobre o evento carioca, pode ser conferida no vídeo acima Tudo Sobre as Prévias do Festival de Cinema de Gramado 2025.