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Tudo sobre a Retrospectiva Rô 80

Tudo sobre a Retrospectiva Rô 80 – O Cinema de Luiz Rosemberg Filho

A mostra homenageia o diretor do cinema Luiz Rosemberg Filho, de 27 de setembro a 04 de outubro no Estação Net Botafogo, com exibição dos filmes, debates e colagens

Por Fabrício Duque e João Lanari Bo

Do cinema marginal ao circuito cult internacional, a obra de Luiz Rosemberg Filho (1943-2019) projeta a trajetória de um dos ícones do cinema experimental brasileiro – e, a partir do dia 27 de setembro a 04 de outubro, acontece a Retrospectiva Rô 80 – O Cinema de Luiz Rosemberg Filho, no Estação Net Botafogo, no Rio de Janeiro. Com organização de Cavi Borges e Adriana Rattes, a mostra reúne todos os longas do diretor e uma seleção de curtas feita por um grupo de amigos e colaboradores do cineasta. “O Luiz Rosemberg fez dezenas e dezenas de curtas, durante toda a vida, escolhemos os mais representativos, procurando por época de produção e aspectos temáticos; é um conjunto incrível, essa seleção é apenas uma entre várias possíveis”, disse Renaud Lenhardt, um dos curadores.

A novidade em primeira mão é que haverá um exposição-instalação (no monitor) com colagens realizadas por Rosemberg. E distribuição gratuita de cartões postais com reprodução de cartazes dos filmes – além da venda de cartazes (20 reais) no tamanho original, apurou a redação do Vertentes.

A Retrospectiva Rô 80 – O Cinema de Luiz Rosemberg Filho celebra 80 anos do diretor caso estivesse vivo – Rô (como se tornou conhecido entre amigos) produziu intensamente durante décadas a partir do final dos anos de 1960, a despeito das inevitáveis dificuldades em tempos de ditadura militar. A par do cinema, desenvolveu uma sofisticada forma de pesquisa visual através de centenas de colagens, que produziu nesses anos todos. Sempre atuando de modo muito independente, e por um período até isolado  do mercado cinematográfico, Rô criou uma obra sem concessões, de linguagem poética inventiva, que encontrou níveis radicais de combate e erotismo.

Vida e obra se confundem em sua personalidade, um homem apaixonado e apaixonante, ser pensante que mergulhou fundo na investigação da alma humana, sobrepondo o amor, a violência e a história como camadas de imagens em constante reconstrução.

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Em depoimento ao Portal Brasileiro de Cinema, Luiz Rosemberg elaborou sobre ser um diretor de cinema brasileiro:

E o que define um diretor? Fundamentalmente a sua capacidade de trocar, de ousar, de sentir e de sempre recomeçar do zero. A cada filme uma nova viagem nas complexidades nem sempre possíveis de serem verbalizadas. Trabalha-se então muito com o silêncio. Especula-se numa infinidade de universos. O espaço de um diretor é pura subjetividade atuando no isolamento nem sempre muito claro de uma ideia. Sua grandeza (se é que existe isso) apresenta-se como capaz de dimensionar o investimento de cada um dando luz onde reina a escuridão. Um filme se faz escutando mais que falando. E nem todos sabem escutar. Têm medo de serem questionados no seu pequeno poder. Um poder extremamente frágil, se não se trabalha com a necessidade.

Ou seja, um diretor move-se através de dúvidas, imagens, silêncios, espaços, pessoas, técnicos, desordens, fragilidades, sentimentos e vaidades. Um diretor não é um Deus ausente na complexidade de uma produção. Ali está com as suas dúvidas, energias, sonhos e riscos. No Brasil, então, esse risco é multiplicado por mil, se você não seguir as ordens de Hollywood para depois ter o seu filminho passado na TV. Ciente de toda a podridão que o envolve, o diretor precisa também aprender a entender. Se não quer fazer idiotismos para consumo, lamentavelmente sofrerá mais. São as regras de um mercado alienado e por isso mesmo injusto.

Num ato onde não se simplifica a complexidade, dá-se existência a subjetividades e comportamentos não lineares. Desloca-se constantemente da luz para a dúvida. E é a dúvida que dá luz a um filme, não a pequena certeza do sucesso. Damo-nos conta então de que o cinema não é apenas a objetividade do mercado, do produtor ou dos meios de comunicação. De algum modo expande-se na direção da música, da dança, da poesia, ou mesmo da pintura. Sai do controle de todos e vaga com a sua fragilidade por pequenos-grandes espaços.


CONFIRA A PROGRAMAÇÃO COMPLETA DA RESTROSPECTIVA RÔ 80 – O CINEMA DE LUIZ ROSEMBERG FILHO

27 de setembro – Sala 1 – 21:00 – Estação Net Botafogo

Guerra do Paraguay, 2016 (80’)

Conversa com amigos e colaboradores

28 de setembro – Sala 3 – 19:00 – Estação Net Botafogo

O jardim das espumas, 1970 (107’)

Cinema Novo, 1991 (12’)

29 de setembro – Sala 3 – 19:00 – Estação Net Botafogo

Imagens, 1972 (68’)

Dois casamentos, 2014 (.70’)

30 de setembro – Sala 3 – 19:00 – Estação Net Botafogo

A$suntina das Amerikas, 1975 (97’)

Afeto, 2009 (21’)

01 de outubro – Sala 3 – 19:00 – Estação Net Botafogo

Crônica de um industrial, 1978 (87’)

O discurso das imagens, 2010 (19’)

02 de outubro – Sala 3 – 19:00 – Estação Net Botafogo

O santo e a vedete, 1982 (85’)

Fragmentos, 2012 (19’)

03 de outubro – Sala 3 – 19:00 – Estação Net Botafogo

Os Príncipes, 2018 (90’)

Guerras, 2005 (23’)

04 de outubro – Sala 1 – 19:00 – Estação Net Botafogo

Bobo da corte, 2019 (60’)

Conversa com amigos e colaboradores


SINOPSES DOS FILMES

 

 

GUERRA DO PARAGUAY

Ficção | 80 min | PB | 2016 | Brasil

Um soldado volta da Guerra do Paraguai e encontra um grupo de teatro nos dias atuais.

20º Cine PE

Prêmio Especial do Júri pelo conjunto de sua obra e contribuição ao cinema nacional.

20ª Mostra Tiradentes – selecionado


OS PRÍNCIPES

Ficção | 90 min | COR | 2018 | Brasil

Em uma noite quente no Rio de Janeiro, dois homens estão em busca de prazer e violência. Eles convidam duas prostitutas para acompanhá-los nessa arriscada e intensa aventura.

22º Cine PE

Melhor Fotografia, Melhor Trilha Sonora, Melhor Ator Coadjuvante – Tonico Pereira, Melhor Ator –Igor Cotrim, Melhor Atriz – Patrícia Niedermeier


DOIS CASAMENTOS

Ficção | 75 min | COR | 2014 | Brasil

Enquanto esperam num salão paroquial o início das suas respectivas cerimônias de casamento, duas noivas refletem sobre relações pessoais e outras questões que lhes afligem.

18ª Mostra Tiradentes – selecionado


JARDIM DE ESPUMAS

Ficção | 108 min | PB | 1970 | Brasil

Um planeta dominado pela irracionalidade e opressão recebe a visita de um emissário estrangeiro interessado em um acordo econômico. Antes de se encontrar com o governante, ele é sequestrado por uma facção contraditória do sistema, o oposto de tudo aquilo que é dito oficialmente.


CRÔNICA DE UM INDUSTRIAL

Ficção | 87 min | COR | 1978 | Brasil

No boom industrial, um empresário de sucesso, que fora um jovem militante, entra em conflito consigo mesmo. Os interesses do capital estrangeiro, os lucros e as condições de trabalho de seus operários divergem da sua ideologia. Ele busca nas relações sexuais momentos de catarse. Porém, sua esposa se mata e sua amante o deixa.

Festival de Cannes 1979 – Mostra Quinzena dos Realizadores


A$SUNTINA DAS AMÉRIKAS

Ficção | 90 min | COR | 1976 | Brasil

Uma prostituta, no período de 24 horas, acorda, briga com a mãe, anarquiza o filho, namora Papai Noel, um Urso Azul e duas amiguinhas e por fim se encontra com o velho amante milionário. Então, os dois sozinhos dentro de uma enorme sala conversam sobre o cotidiano, amam-se, dançam e por fim, matam-se.

 

IMAGENS

Experimental | 70 min | PB |1972 | Brasil

Sem sons, diálogos e com atores desconhecidos, as imagens são o foco da obra. Imagens que desejam despertar, questionar momentos determinantes, estado das linguagens de um sistema, a moralidade das mortes, a imobilidade, o silêncio, dentre outros assuntos.

Prêmio do Júri Festival Filme Experimental do Sul da França – 1972

 

O SANTO E A VEDETE

Ficção | 90 min | cor | 1982 | Brasil

Enquanto a esposa entra em retiro espiritual em um convento durante o carnaval, o político Paulo Cunha Melo Chupadinha vai para o Rio de Janeiro, onde se apaixona por uma vedete.

 

BOBO DA CORTE

Experimental | 70 min | cor | 2019 | Brasil

Um monólogo épico-cômico de um bobo da corte de um império bélico e decadente. Enquanto seu rei está dormindo, o bobo faz reflexões e questionamentos sobre o poder, acompanhado apenas de um trono, uma caveira, um urubu empalhado e uma paisagem sonora que dialoga com o texto.

Selecionado para a 43ª Mostra Internacional de São Paulo

Prêmios internacionais 2022/2023 (resumo)

LONGA NARRATIVO – VIRGIN SPRING CINE FEST / ÍNDIA

MELHOR DIRETOR E MELHOR FILME – FESTIVAL INTERNACIONAL DE CINE SENDEPENDA / VALENCIA / ESPANHA

MELHOR ATOR – ALEXANDRE DACOSTA – ART FILM AWARDS / MACEDÔNIA

MELHOR ATOR MONÓLOGO – ALEXANDRE DACOSTA – BEST ACTOR AND DIRECTOR AWARDS / NEW YORK / USA

MELHOR ATOR DE LONGA METRAGEM – ALEXANDRE DACOSTA – CROWN POINT INTER FF / Chicago / USA

MELHOR ATOR DE FICÇÃO – ALEXANDRE DACOSTA – CARAVAN INTERNATIONAL FILM FEST / ÍNDIA

 

 

 

SERVIÇO

Retrospectiva Rô 80 – O Cinema de Luiz Rosemberg Filho

27 de setembro a 04 de outubro

Local: Estação Net Botafogo – Sala 1 e Sala 3

Preço: 12 reais

Pix Vertentes do Cinema

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