Mostra Um Curta Por Dia - Repescagem 2025 - Agosto

Tudo Sobre a 36ª Edição do Curta Kinoforum 2025

Tudo Sobre a 36ª edição do Curta Kinoforum 2025

Tudo Sobre a 36ª Edição do Curta Kinoforum 2025

O Festival Internacional de Curtas de São Paulo acontece do dia 20 a 31 de agosto, com programação intensa em várias salas de cinema

Por Redação

Em edição especialmente marcada pela memória e o legado de Zita Carvalhosa, idealizadora e força motriz por trás do Curta Kinoforum – Festival Internacional de Curtas de São Paulo, que nos deixou este ano, o evento paulista teve sua abertura oficial no dia 20, no Cinesesc e segue até o próximo dia 31 de agosto, com uma programação intensa. A homenagem celebra não apenas o cinema em sua forma mais livre e diversa, mas também o compromisso incansável de Zita com a valorização do curta-metragem e com a criação de espaços acessíveis, inclusivos e inovadores para o audiovisual. A programação do festival que se estrutura em diferentes mostras apresenta a diversidade e a vitalidade da produção audiovisual contemporânea.

Ao longo de 10 dias, o público poderá conferir filmes da Mostra Internacional, com 53 curtas de 35 países refletindo a pluralidade de origens e perspectivas que marcam o cinema contemporâneo; Mostra Latino-Americana, que traz à tela a originalidade e a força autoral do curta-metragem do continente, em narrativas que dialogam com questões centrais como resistência, ancestralidade, amor, luto e solidão. Os filmes exploram choques culturais e diferenças geracionais, de classe e de nacionalidade, revelando tensões que, mesmo conflituosas, despertam uma humanidade muitas vezes esquecida. A morte, presença recorrente, surge em múltiplos olhares — do clínico ao ritualístico, do celebrativo ao irreverente — ampliando o horizonte da experiência humana.

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Programação Completa do Kinoforum 2025

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Entre tempos e geografias, os curtas nos transportam do México do século XIX à Colômbia indígena contemporânea, dos Andes chilenos às sonoridades que vão do trance ao k-pop. Em todas as obras pulsa uma vitalidade criativa que reinventa o modo de ver e ouvir a América Latina; Mostra Infantojuvenil que amplia seu alcance nesta edição, trazendo quatro programas dedicados a diferentes faixas etárias e linguagens. Além das sessões tradicionais para crianças a partir de 6 anos e adolescentes a partir de 10, a programação apresenta uma novidade: um conjunto de animações do Leste Europeu, realizado em parceria com a Animation Film Network e voltado ao público a partir de 4 anos. Mais do que exibições, a mostra propõe experiências formativas. Alunos da EMEF Philo Gonçalves dos Santos, participantes das Oficinas Kinoforum, farão uma visita técnica à Cinemateca Brasileira, conhecendo de perto os bastidores da preservação do cinema nacional.

Já no primeiro sábado, 23 de agosto, acontece a contação de histórias e bate-papo “Do livro ao cinema”, com o autor Lucio Goldfarb e a diretora Renata Martins Alvarez, a partir da obra Uma menina, um rio, adaptada para o curta exibido no programa Kids 1; Mostra Limite que desde 2019, oferece um espaço dedicado ao experimentalismo e à vanguarda no curta-metragem, inspirada no clássico de Mário Peixoto, Limite (1931), considerado o primeiro filme experimental do Brasil. O programa instiga um diálogo provocador entre obras que se arriscam narrativa e esteticamente, explorando novas linguagens e formas de percepção. Nesta edição, Cronofagia investiga diferentes noções de tempo narrativo, por meio de reconstruções e sofisticados simulacros; Vereda Tropical conecta sensualidade e sensorialidade a partir de referências da natureza e da cultura pop; e Os Lugares de Memória revisita espaços físicos como catalisadores de identidade e memória coletiva.

Reunindo filmes já exibidos em importantes festivais de cinema e artes visuais, além de estreias em São Paulo, a mostra reafirma seu compromisso com a ousadia estética e a invenção formal; Programas Brasileiros, que reúnem obras da Mostra Brasil que apresenta um panorama pulsante do curta-metragem nacional, onde veteranos e estreantes dividem a tela em um encontro de estilos, vozes e linguagens. O programa assume o risco de reunir diferentes nichos e perspectivas, sem preconceitos, revelando tanto a vitalidade experimental quanto narrativas já consolidadas ou recém-urgentes. Neste espelho em que o país se contempla, emergem retratos íntimos e coletivos que desvelam contradições políticas e sociais, entrelaçados a brechas de futuro que anunciam novas possibilidades. A seleção transita entre o trágico e o cômico, a pulsão de morte e vida, e o humor inventivo que brota das gambiarras cotidianas — reafirmando o curta como espaço fértil para pensar, reinventar e rir do Brasil inevitável.

Ainda dentro dos programas brasileiros tem o Cinema em Curso: onde se reúnem produções realizadas em escolas e oficinas de audiovisual, trazendo à tela o frescor do olhar aprendiz que transita entre a reverência aos cânones e a ousadia de novas vanguardas. Este ano, quatro programas compõem a mostra, incluindo um dedicado às criações das Oficinas Kinoforum, realizadas dentro do projeto KinoAção, em parceria com o Ibiralab e a Academia Carolinas. São curtas que mesclam documentário e ficção, oferecendo um panorama plural das periferias das Zonas Sul e Leste de São Paulo, onde jovens cineastas transformam imaginação, pensamento e sonho em cinema. Todos os filmes concorrem ao Prêmio Revelação, que estimula a continuidade da trajetória desses realizadores e reafirma o curta como espaço de descoberta, invenção e formação.

PROGRAMAS ESPECIAIS

Os Programas Especiais do 36º Kinoforum ampliam os horizontes do curta-metragem ao apresentar mostras temáticas e homenagens que exploram questões sociais, culturais e estéticas. O grande destaque desta edição é a mostra “Zita Carvalhosa, Mulher de Cinema”, que celebra a trajetória da fundadora do festival, ressaltando seu pioneirismo como produtora e sua contribuição essencial para a consolidação do curta no Brasil. Outros destaques incluem a comemoração dos 25 anos do manifesto Dogma Feijoada, a parceria internacional com Clermont-Ferrand em programas como Eco Minds e O Som no Cinema, além de sessões que abordam o cinema de animação feito por mulheres do Leste Europeu, a produção contemporânea em países africanos, a Trilogia do Esquecimento, de Rodrigo Grota, e a mostra Nocturnu, dedicada ao cinema fantástico e de horror.

ZITA CARVALHOSA, MULHER DE CINEMA

Pouco antes desta edição, o Festival perdeu sua fundadora e diretora, Zita Carvalhosa — produtora, visionária e incansável promotora do curta-metragem brasileiro. Ao longo de mais de 40 anos de trajetória, Zita se destacou pelo fomento a novos talentos e pela criação de espaços de exibição e formação, seja no Festival de Curtas de São Paulo, seja nas Oficinas Kinoforum, que democratizaram o acesso ao audiovisual entre jovens das periferias. Como produtora, construiu uma filmografia consistente, com dezenas de curtas e longas-metragens reconhecidos no Brasil e no exterior. Este programa reúne uma seleção de curtas que produziu, revisitando momentos de sua carreira — da Primavera do Curta, nos anos 1980, até obras mais recentes — e reafirmando o legado de quem fez do cinema um espaço de encontro, descoberta e transformação.

5 ANOS DE DOGMA FEIJOADA

Em novembro de 1999, surgiu a “Gênese do Cinema Negro Brasileiro”, que entraria para a história como Dogma Feijoada. Inspirado no “Dogma 95”, o manifesto foi idealizado por uma juventude negra consciente da ausência de representatividade no cinema nacional e crítico da chamada “Cosmética da Fome” no período da retomada pós-Embrafilme. Seus sete pontos nasceram de debates com intelectuais e artistas do movimento negro em São Paulo, com docentes da ECA-USP e na Superfilmes — produtora de Zita Carvalhosa, diretora do Kinoforum. Sob a liderança de Jeferson De, então aluno da ECA-USP, o manifesto foi lançado em 2000, durante a 11ª edição do Festival, com programas dedicados a realizadores negros e um debate histórico mediado por Sérgio Rizzo.

36ª edição do Curta Kinoforum 2025

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