O GÊNIO DO ESCÂNDALO
De 11 a 25 de novembro. O Instituto Moreira Salles exibirá a obra do cineasta dinamarquês, além de documentários sobre seus filmes e uma série de TV. A mostra exibirá doze filmes do diretor, um filme realizado a partir de um desafio lançado por Lars (As cinco obstruções, de Jørgen Leth), três documentários sobre ele (Tranceformer, de Stig Björkman e Fredrick von Krusenstjerna, Os purificados e Os humilhados, ambos de Jesper Jargil). A mostra também exibirá na íntegra as duas temporadas da série para TV O Reino.
O diretor dinamarquês Lars von Trier nasceu em 30 de abril de 1956. A partícula “von” foi adotada por ele durante o período em que esteve estudando cinema. O cineasta ficou conhecido por criar, junto com Thomas Vintenberg, Dogma 95, manifesto escrito para a criação de um cinema mais realista e menos comercial, com ideia tão controversas quanto seus filmes. As regras mais importantes são: filmagens em locações, o som não deve ser produzido separado da imagem, a música não poderá ser utilizada a menos que esteja no local onde a cena está sendo realizada, câmera usada na mão, a imagem deverá ser em cores, ocorrendo na época atual, sem truques fotográficos, sem ações superficiais – como armas, por exemplo – e o nome do diretor não poderá ser creditado. Imagine? Foi um sucesso no Festival de Cannes de 1995. A experimentação sempre resolve. O júri, principalmente, de Cannes, busca a novidade. Em 2005, foram adicionadas regras: ser feita em formato digital, acontecer sempre na Escócia, as filmagens não podem ultrapassar o prazo de 6 semanas e o custo total do filme não pode ultrapassar a quantia de um milhão de libras. Este manifesto se mostra, por trás de uma máscara ideológica, preocupado não tanto com termos estéticos, mas sim com aspectos econômicos. Há quem diga que Lars Von Trier é um marqueteiro de plantão. Porém prefiro acreditar que Dogma 95 é um grito de independência em relação ao modo industrial de se fazer cinema. O contexto geopolítico, o contexto econômico mundial da globalização e as revoluções tecnológicas da mídia, tiveram impacto violento na cultura de massa, afetando diretamente o cinema. Estranhamente, o único filme de Lars que segue a risca estas regras é “Os Idiotas”. O diretor trabalha num projeto pessoal: roda 3 minutos de filme todos os dias em diferentes locais na Europa. A sua intenção é realizar este trabalho durante 33 anos e – como ele teve início em 1991 – a previsão é de que o filme seja lançado, apenas, em 2024. Não se pode negar que é um cineasta extremamente excêntrico e que coleciona polêmicas. Entre as muitas curiosidades da produção do filme, “Dogville”, há histórias que contam que Lars prendeu a atriz Nicole Kidman em um quarto escuro para que ela interpretasse do jeito que ele queria. Em uma entrevista pós-filme, Nicole disse que nunca mais trabalharia com Lars e não aceitou fazer parte do filme “Manderlay”, que é continuação de “Dogville”. O mesmo aconteceu com a cantora atriz islandesa Bjork no filme “Dançando no escuro”. O trauma da atriz em trabalhar com o cineasta foi tanto, que ela declarou que nunca mais seria atriz na vida. A última polêmica teve vez no último Festival de Cannes, deste ano, quando o diretor apresentava o seu mais recente filme “Melancolia”, uma metáfora sobre a dificuldade das relações interpessoais, que causa a defesa interna, que causa a melancolia, que irá causar o fim do mundo. Um filme excelente que levaria a Palma de Ouro em Cannes se Lars não tivesse declarado que era Nazista. Era uma piada extremamente sarcástica e de humor negro. Na verdade, o politicamente correto do mundo atual fez com que ele fosse banido pelo conselho dirigente do festival. Lars disse abre apas “Durante muito tempo pensei que fosse judeu e era feliz com isso. Ai conheci Susanne Bier (diretora dinamarquesa judia, do filme Em Um Mundo Melhor, vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro deste ano) e não fiquei tão contente. Então descobri que era nazista, que minha família era alemã. O que me deu muito prazer”. Dizem que sarcasmo é sinal de inteligência. Lars Von trier leva o prêmio de melhor ironia tanto por seus filmes que são exercícios de experimentação estética e narrativa, como é o caso do filme “Ondas do Destino”, do filme “Europa” e do filme “O Grande Chefe”. Porém é no filme “Anticristo”, que a experimentação fica explícita. A cena inicial é fantástica. A fama do cineasta Lars Von Trier é oito ou oitenta. As pessoas idolatram seus filmes ou detestam completamente. E você detesta, idolatra, tanto faz como tanto fez?
PROGRAMAÇÃO
sexta 11
14h00: O elemento do crime (Forbrydelsens element)
de Lars von Trier (Dinamarca, 1984.104′, 14 anos)
16h00: Os purificados (De lutrede)
de Jesper Jargil (Dinamarca, 2003. 74′, 14 anos)
18h00: Os idiotas (Idiotern) de Lars von Trier
(Dinamarca, Espanha, Suécia, França, Holanda,
Itália, 1998. 117′, 18 anos)
20h00: Os humilhados (De ydmydede)
de Jesper Jargil (Dinamarca, 1999. 79′, 14 anos)
sábado 12
14h00: Europa (Europa)
de Lars von Trier (Dinamarca, Espanha, Suécia, França,
Alemanha, Suíça, 1991. 112′, 16 anos)
16h00: Epidemia (Epidemic)
de Lars von Trier (Dinamarca, 1987. 106′, 16 anos)
18h00: O anticristo (Antichrist)
de Lars von Trier (Dinamarca, Alemanha, França, Suécia,
Itália, Polônia, 2009. 108′, 18 anos)
20h00: O grande chefe
(Direktoren for det hele / The Boss of it all)
de Lars von Trier (Dinamarca, Suécia, Islândia, Itália, França,
Noruega, Finlândia, Alemanha, Espanha, 2006. 99′, 16 anos)
domingo 13
14h00: Dançando no escuro (Dancer in the Dark)
de Lars von Trier (Dinamarca, Argentina, Alemanha, itália,
Estados Unidos, Inglaterra, França, Suécia, Finlândia,
Islândia e Noruega, 2000. 140′, 16 anos)
16h30: Ondas do destino (Breaking the Waves)
de Lars von Trier (Dinamarca, Espanha, Suécia, França,
Holanda, Noruega, Islândia,1996, 159′, 16 anos)
19h30: Manderlay (Manderlay)
de Lars von Trier (Dinamarca, Suécia, Holanda, França,
Alemanha, Inglaterra, Itália, 2005. 139′, 16 anos)
Na segunda-feira, 14 de novembro, o cinema do IMS-RJ não abrirá.
terça 15
14h00: Os humilhados (De ydmydede)
de Jesper Jargil (Dinamarca, 1999. 79’, 14 anos)
16h00: Os idiotas (Idiotern)
de Lars von Trier (Dinamarca, Espanha, Suécia, França,
Holanda, Itália, 1998. 117’, 18 anos)
18h00: Os purificados (De lutrede)
de Jesper Jargil (Dinamarca, 2003. 74’, 14 anos)
20h00: O elemento do crime (Forbrydelsens element)
de Lars von Trier (Dinamarca, 1984.104’, 14 anos)
quarta 16
15h00: Reino (Riget) de Lars von Trier
(Dinamarca, França, Alemanha, Suécia, 1994, 18 anos)
Primeiro episódio: O bando de branco (Den hvide flok)
16h30: Reino (Riget) de Lars von Trier
(Dinamarca, França, Alemanha, Suécia, 1994, 18 anos)
Segundo episódio: O pacto (Alliancer kalder)
18h15: Reino (Riget) de Lars von Trier
(Dinamarca, França, Alemanha, Suécia, 1994, 18 anos)
Terceiro episódio: Um corpo estranho (Et fremmed legem)
20h00: Reino (Riget) de Lars von Trier
(Dinamarca, França, Alemanha, Suécia, 1994, 18 anos)
Quarto episódio: Os mortos vivos (De levende døde)
quinta 17
15h00: Reino II (Riget II) de Lars von Trier e Morten Arnfred
(Dinamarca, França, Alemanha, Suécia, Itália, Noruega,
1997, 18 anos). Primeiro episódio: Mortos na mesa (Mors in Tabula)
16h30: Reino II (Riget II) de Lars von Trier e Morten Arnfred
(Dinamarca, França, Alemanha, Suécia, Itália, Noruega,
1997, 18 anos). Segundo episódio: Pássaros migratórios (Trækflugle)
18h15: Reino II (Riget II) de Lars von Trier e Morten Arnfred
(Dinamarca, França, Alemanha, Suécia, Itália, Noruega,
1997, 18 anos). Terceiro episódio: Gargantua (Gargantua)
20h00: Reino II (Riget II) de Lars von Trier e Morten Arnfred
(Dinamarca, França, Alemanha, Suécia, Itália, Noruega,
1997, 18 anos). Quarto episódio: Pandemônio (Pandæmonium)
sexta 18
16h00 : Tranceformer, um retrato de Lars von Trier
(Tranceformer, a portrait of Lars von Trier)
de Stig Björkman e Fredrick von Krusenstjerna
(Suécia, Dinamarca, 1997. 52′)
Dimensões, 1991-2024 (Dimensions, 1991-2024)
de Lars von Trier (Dinamarca 2010. 27′)
18h00: Europa (Europa)
de Lars von Trier (Dinamarca, Espanha, Suécia, França,
Alemanha, Suíça, 1991. 112′)
20h00: As cinco obstruções (De fem benspaend)
de Jørgen Leth (Dinamarca, Suíça, Bélgica, 2003. 90′)
sábado 19
19h00: Dogville (Dogville) de Lars von Trier
(Dinamarca, Espanha, Suécia, Inglaterra, França, Alemanha,
Holanda, Noruega, Finlândia, 2003.178′)•
domingo 20
17h30: O grande chefe
(Direktoren for det hele / The Boss of it all) de Lars von Trier
(Dinamarca, Suécia, Islândia, Itália, França, Noruega,
Finlândia, Alemanha, Espanha, 2006. 99’)
19h30: Melancolia (Melancholia) de Lars von Trier
(Dinamarca, Suécia, França, Alemanha, 2011. 136′)
terça 22
14h00 Reino (Riget) de Lars von Trier
(Dinamarca, França, Alemanha, Suécia, 1994)
Primeiro episódio: O bando de branco (Den hvide flok)
15h30: Reino (Riget) de Lars von Trier
(Dinamarca, França, Alemanha, Suécia, 1994)
Segundo episodio: O pacto (Alliancer kalder)
18h00: As cinco obstruções (De fem benspaend)
de Jørgen Leth (Dinamarca, Suíça, Bélgica, 2003. 90′)
Profissões (Occupations)
de Lars von Trier (Dinamarca, França, 2006. 5′)
quarta 23
14h30 Reino (Riget) de Lars von Trier
(Dinamarca, França, Alemanha, Suécia, 1994)
Terceiro episodio: Um corpo estranho (Et fremmed legem)
16h00: Reino (Riget) de Lars von Trier
(Dinamarca, França, Alemanha, Suécia, 1994)
Quarto episodio: Os mortos vivos (De levende døde)
17h30: Tranceformer, um retrato de Lars von Trier
(Tranceformer, a portrait of Lars von Trier)
de Stig Björkman e Fredrick von Krusenstjerna
(Suécia, Dinamarca, 1997. 52’)
Dimensões, 1991-2024 (Dimensions, 1991-2024)
de Lars von Trier (Dinamarca 2010. 27’)
quinta 24
14h00: Reino II (Riget II) de Lars von Trier e Morten Arnfred
(Dinamarca, França, Alemanha, Suécia, Itália, Noruega,
1997). Primeiro episodio: Mortos na mesa (Mors in Tabula)
15h30: Reino II (Riget II) de Lars von Trier e Morten Arnfred
(Dinamarca, França, Alemanha, Suécia, Itália, Noruega,
1997). Segundo episodio: Pássaros migratórios (Trækflugle)
17h00: Nanook o esquimó (Nanook of the North)
de Robert Flaherty (EUA, 1922. 65′)
sexta 25
14h00: Reino II (Riget II) de Lars von Trier e Morten Arnfred
(Dinamarca, França, Alemanha, Suécia, Itália, Noruega,
1997). Terceiro episodio: Gargantua (Gargantua)
15h30 Reino II (Riget II) de Lars von Trier e Morten Arnfred
(Dinamarca, França, Alemanha, Suécia, Itália, Noruega,1997).
Quarto episodio: Pandemônio (Pandæmonium)
19h00 : Ondas do destino (Breaking the Waves)
de Lars von Trier (Dinamarca, Espanha, Suécia, França,
Holanda, Noruega, Islândia,1996, 159’)
SERVIÇO
Ingressos: R$ 10,00 (inteira) e R$ 5,00 (meia).
Passaporte: R$ 20,00
O Passaporte para o mês de novembro é válido para 10 sessões das mostras organizadas pelo Instituto.
Instituto Moreira Salles
Rua Marquês de São Vicente, 476, Gávea
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De terça a sexta, das 13h às 20h
Sábados, domingos e feriados, das 11h às 20h
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