Curta Paranagua 2024

A Rede Social

Ficha Técnica

Direção: David Fincher
Roteiro: Aaron Sorkin.
Elenco: Jesse Eisenberg, Andrew Garfield, Justin Timberlake, Joseph Mazzello
Fotografia: Jeff Cronenweth, ASC.
Trilha Sonora: Trent Reznor & Atticus Ross
Produção: Scott Rudin, Dana Brunetti, Michael De Luca e Ceán Chaffin.
Produtor Executivo: Kevin Spacey
Duração: 121 minutos
País: Estados Unidos
Ano: 2010
COTAÇÃO: MUITO BOM

A opinião

David Fincher é um diretor que busca a inovação em seus filmes. A cada novo trabalho, ele aborda estilos diferenciados, reinventando-se, porém conservando o seu próprio estilo, autoral. O diretor imprime a característica da agilidade, assemelhando-se à atmosfera de videoclipes. “Seven”, “Vidas em jogo”, “Quarto do pânico”, “Clube da luta”, “Zodiac”, “O curioso caso de Benjamim Button”, entre outros, e o recente, e em questão aqui, “A rede social”, o direciona a uma carreira de sucesso, prezando pelas qualidades narrativas e técnicas. “The social network”, o título original, aborda a história dos criadores do site de relacionamento Facebook, pioneiro neste gênero. Antes existia o Napster, um portal de compartilhamento de músicas gratuitas. Depois, o orkut, myspace etc. A agilidade mencionada não se compara a um longa de ação propriamente dito. Há um tempo necessário para absorver a cena apresentada. Não corre, mas estimula e ensina ao espectador a ver imagens mais rápidas. No caso de “A rede social”, este recurso utilizado torna-se primordial, quase um pressuposto a sua forma de contar a história, porque se trata de um mundo em “algoritmos”. Assim, a rapidez é sinônimo de qualidade e tempo ganho, estimulada pelo mesmo crescimento exacerbado, transpondo para a montagem cinematográfica, o comportamento de um jovem, nos dias de hoje, e sua vida quando se está conectado à internet. É uma bola de neve. Quanto mais ágil se é, mais lento se apresenta. É físico. Se há o conhecimento do poder de estimulo ao cérebro, utilizando a inteligência genial e “nerd”, então a consequência natural é querer sempre mais, competindo com o próprio ser.

Em uma noite de outono, em 2003, graduado em Harvard e gênio em programação de computadores, Mark Zuckerberg senta diante de seu computador e, acaloradamente, começa a trabalhar em uma nova ideia. No furor dos blogs e programação, o que começa em seu quarto logo se torna uma rede social global e uma revolução na comunicação: o Facebook. Em apenas seis anos e 500 milhões de amigos mais tarde, Mark Zuckerberg é o mais jovem bilionário da história… Mas, para este empresário, o sucesso traz complicações pessoais e legais. Basicamente, um estudante utiliza a linguagem computacional para vingar-se de sua namorada, por ter sido abandonado. Assim cria, bêbado, um programa que compara tipos de garotas. Durante, ele tem a ideia do mecanismo de interligar pessoas que podem compartilhar suas vidas com outras. Em poucos minutos, “a difamação” de sua namorada teve 22 mil acessos de dados compartilhados. O roteiro intercala passado (explicação da historia propriamente dita) e o presente (nos processos jurídicos que se envolveu – questionando o verdadeiro inventor). Esses lapsos temporais utilizam a elipse, não explicando todas as ações. “Me adiciona no facebook”, virou bordão, recorrentemente usado, até hoje. O longa ilustra o embasamento com uma palestra de Bill Gates. Com todo o poder, a presunção da inteligência fica insuportável. Ele expande do próprio quarto. “Bósnia, não tem entrada, mas tem facebook”, diz-se, criticando a realidade atual e a propriedade intelectual.

“Inventar um trabalho é melhor que trabalhar em um”, explica-se. Vícios repetidos e físicos, velocidade recorde (competição), alienação para com o mundo, dificuldade de relacionamentos, hiperatividade, não esperar, individualidade, medos perdidos em conversas virtuais, essas são alguns dos sintomas dos jovens do presente que serão o futuro do mundo. Será que podemos traçar uma estimativa de como se apresentará o hoje em alguns anos para frente observando o que acontece agora? Há uma correria generalizada. Para não se comportar como um analfabeto digital, necessita-se estar constantemente atualizado em um sistema que se atualiza em segundos. É muita atualização em tão pouco tempo. Outra característica que o roteiro aborda é o humor. Os personagens, mais novos, são sarcásticos, defensivos, agressivos, egoístas, ingênuos, prepotentes, impositivos, liberais, libertinos, revoltados e acham que podem tudo a qualquer hora e lugar. “Um dia se ganha, outro se perde”, diz-se. O inicio do filme despeja uma conversa verborrágica com temas diferentes que se misturam. Translineação, uma resposta sobre algo complementa a pergunta sobre outra coisa. “Motivado é diferente de obcecado”, defende-se. A fotografia é crua e bege, como um tijolo. A camera adota vertentes. Ora direta seguindo o personagem, ora nervosa pelo ato da programação (de um arquivo de computador), ora introspectiva (não dura tanto), ora como festa (participativa). O longa pode ser considerado direcionado a um público especifico. Mas se dermos conta, o Facebook está em 207 países (cada vez mais popular). Portanto, considero um retrato de uma época atual. Vale muito a pena assistir. Recomendo.

O Diretor

David Fincher nasceu em Denver, Colorado, EUA, 28 de agosto de 1962. Começou a fazer “filmes” aos 8 anos de idade, quando brincava com a câmera de seus pais. Em 1980 viu O Império Contra Ataca de George Lucas. Foi esta experiência que o fez olhar de outra maneira para o cinema e ajudou-o a encontrar o seu próprio estilo. Iniciou-se profissionamente numa empresa de animação, e aos 18 anos foi para a “Industrial Light and Magic – ILM” de George Lucas onde ficou vários anos. Nesse período teve a oportunidade de trabalhar em O Retorno de Jedi (1983) e Indiana Jones e o Templo da Perdição (1984).

Deixou a ILM para fazer publicidade; o seu primeiro trabalho foi para a American Cancer Society. Também fez muitos clipes para artístas como os Aerosmith, Madonna e Paula Abdul, 6 dos quais chegaram ao Top 100 da MTV em recente eleiçao dos 100 melhores do século.

Como realizador de longas-metragens estreou-se com “Alien 3” (1992). Infelizmente o filme não foi uma experiência agradável para Fincher, que passou um mau bocado com a equipe da 20th Century Fox. Além disso o filme não foi bem recebido pela crítica nem pelos fãs da saga. Esta má experiência fez com que Fincher recuasse para a publicidade e clipes.

Mas a sorte bateu-lhe à porta com o argumento de Andrew Kevin Walker para “Seven” (1995), que deu a Fincher a aclamação da crítica que ele precisava para se afirmar como realizador. Impulsionado, parcialmente pelo poder midiático de Brad Pitt, este filme deu a Fincher uma boa posição para futuros trabalhos em Hollywood. Em 1997, David Fincher fez o seu terceiro filme, “Vidas em Jogo” com Michael Douglas.
Com “Clube da Luta” (1999), além de amadurecer o seu estilo, o longa-metragem provocou grande polêmica devido ao seu conteúdo violento e personagens “anti-sociais”. Apesar de toda polêmica e da fraca bilheteria (o filme não conseguiu reverter seus custos de produção nos cinemas), seu lançamento em VHS e DVD foi estrondoso, sendo um sucesso absoluto de vendas, com uma edição de luxo com 24 horas de extras no DVD.

Filmografia

1985 – The beat of the live drum (documentário)
1992 – Alien 3
1995 – Se7en
1997 – Vidas em jogo
1999 – Clube da Luta
2002 – O Quarto do Pânico
2006 – Zodiaco
2008 – O Curioso Caso de Benjamin Button
2010 – A Rede Social

Filmografia Clipes

“Shame” – The Motels (1985)
“All The Love” – The Outfield (1986)
“Everytime You Cry” – The Outfield (86)
“One Simple Thing” – The Stabilizers (1986)
“She Comes On” – Wire Train (1987)
“Endless Nights” – Eddie Money (1987)
“Downtown Train” – Patti Smith (1987)
“Johnny B” – The Hooters (1987)
“Storybook Story” – Mark Knopfler (1987)
“No Surrender” – The Outfield (1987)
“Don’t Tell Me The Time” – Martha Davis (1987)
“Heart of Gold” – Johnny Hates Jazz (1988)
“Englishman in New York” – Sting (1988)
“Shattered Dreams” (second version) – Johnny Hates Jazz (1988)
“Get Rhythm” – Ry Cooder (1988)
“Roll With It” – Steve Winwood (1988)
“The Way That You Love Me” (first version) – Paula Abdul (1988)
“Holding On” – Steve Winwood (1988)
“Bamboleo” (second version) – Gypsy Kings (1989)
“Straight Up” – Paula Abdul (1989)
“Real Love” – Jody Watley (1989)
“Bamboleo” (third version) – Gypsy Kings (1989)
“She’s A Mystery To Me” – Roy Orbison (1989)
“Forever Your Girl” – Paula Abdul (1989)
“Express Yourself” – Madonna (1989)
“The End Of The Innocence” – Don Henley (1989)
“Cold Hearted” – Paula Abdul (1989)
“Oh Father” – Madonna (1989)
“Janie’s Got A Gun” – Aerosmith (1989)
“Vogue” – Madonna (1990)
“Cradle of Love” – Billy Idol (1990)
“L.A. Woman” – Billy Idol (1990)
“Freedom ’90” – George Michael (1990)
“Bad Girl” – Madonna (1993)
“Who Is It?” (second version) – Michael Jackson (1993)
“Love Is Strong” – The Rolling Stones (1994)
“6th Avenue Heartache” – The Wallflowers (1996)
“Judith” – A Perfect Circle (2000)
“Only” – Nine Inch Nails (2005)

Pix Vertentes do Cinema

  • Achei excelente! David Fincher renova as minhas esperanças no futuro criativo do cinema. O elenco está afiado e o roteiro é fantástico. Alías, Aaron Sorkin é um dos grandes responsáveis pelo qualidade do filme. Os diálogos são incríveis, principalmente o que abre o filme.
    Gostei muito por ter focado nas questões de auto-afirmação, nas relações humanas e nas consequências de nossas escolhas. O problema é que o trailer enganador leva a crer que assistiremos um tratado detalhado sobre o Facebook. Na verdade, o seu criador é muito mais interessante.

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