Direção:Roberto Moreira
Roteiro:Anna Muylaert, Roberto Moreira
Elenco:Sílvia Lourenço, Danni Carlos, Paulo Vilhena, Maria Clara Spinelli, Gustavo Machado, Fábio Herford, Leilah Moreno, Paula Pretta, Sérgio Guizé, Ailton Graça
Fotografia: Marcelo Trotta
Música: Livio Tragtenberg
Direção de Arte: Marcos Pedroso
Figurino: Paula Iglecio
Edição: Mirella Martinelli
Produção: Geórgia Costa Araújo
Estúdio/Distrib.: Pandora Filmes
Duração: 83 minutos
País: Brasil
Ano: 2009
COTAÇÃO: BOM
A opinião
É sobre atores e atrizes. Do mundo real ou da ficção. Embalado pela trilha sonora de “High and Dry”, do Radiohead, aborda a vida de Três personagens em busca de alguém para amar. Dividem um endereço no conturbado coração de São Paulo.
Recém chegada do interior, a aspirante a atriz Marina mergulha na noite sedutora da cidade sem calcular riscos. A advogada Suzana vive uma paixão promissora, mas guarda um segredo que pode mudar tudo. O romântico Jay, um escritor esquecido, tenta achar uma brecha em um coração de acesso difícil. Entre elevadores e elevados, esbarrões e tropeços, eles vão descobrir quanto dura o amor.
Os personagens transitam conhecendo as próprias limitações e as de seus próximos. A Avenida Paulista é chamada de “O coração da selva”, lugar onde todos buscam resolver os seus percalços, frustrações, desencontros, solidões e excessos. A parte técnica é competente, não há nada de tão gritante. Consegue captar a alma paulistana, por isso é um bom filme.
Porém, o que incomoda é a rapidez com que as situações são resolvidas na trajetória da personagem principal, a que chega do interior. As outras aprofundam mais as relações. Na maioria, os diálogos convencem, mas em outros, considerados superficiais, ficam a desejar algo mais profissional. Não são os atores, o problema maior é o toque da preparação de elenco. A direção peca quando utiliza a música romântica junto com flashbacks de uma relação sexual lésbica.
O filme é bom, mesmo com as derrapadas. A atmosfera é interessante e faz o seu papel de criar um estágio depressivo solitário. Foi rodado nos arredores da Av. Paulista e na cidade de Paulínia e foi o primeiro longa-metragem brasileiro a utilizar a câmera RED ONE, em formato digital de altíssima resolução (4K), superior ao HD. Recomendo.
Roberto Moreira é Doutor pela ECA-USP, mestre em História da Arte pela UNICAMP e professor de dramaturgia no Curso Superior do Audiovisual da ECA-USP. Estreou como diretor de longa-metragem com Contra Todos (2004), vencedor de 28 prêmios em festivais nacionais e internacionais. Para a televisão dirigiu episódios das séries Cidades dos Homens (2005) e Antônia (2006), exibidos pela Rede Globo de Televisão e produzidos por Fernando Meirelles (02 Filmes). Roteirista dos longas Antônia (2006) e Um Céu de Estrelas (1996), dirigidos por Tata Amaral, recebeu os prêmios de melhor roteiro pela APCA e no Festival de Brasília. Também dirigiu e escreveu diversos curtas-metragens e vídeos que participaram dos festivais de Locarno, Goteborg, Oberhausen, Brasília e Gramado. Na Itália, fez estágio na Fabrica, instituição do grupo Benetton, voltada para pesquisas na área de comunicação.
Silvia Lourenço é formada pelo Teatro-Escola Célia Helena, integrou o grupo Macunaíma, de Antunes Filho, em três edições do projeto Prêat-à-Porter. Estreou no cinema em Contra Todos (2004), de Roberto Moreira, que lhe rendeu prêmios no Festival do Rio e em nove outros. Atuou nos filmes Querô, de Carlos Cortez (2005), O Cheiro do Ralo, de Heitor Dhália (2007) e Não Por Acaso, de Philippe Barcinski (2008). Na televisão, fez os seriados Alice da HBO, de Karim Ainouz e Sérgio Machado (2008), e Tudo Novo de Novo (2009), da Globo.