Direção: Quentin Tarantino
Roteiro: Quentin Tarantino
Elenco: Kurt Russell, Rosario Dawson, Vanessa Ferlito, Jordan Ladd, Rose McGowan
Fotografia: Quentin Tarantino
Figurino: Nina Proctor
Edição: Sally Menke
Produção: Elizabeth Avellan, Robert Rodriguez, Erica Steinberg e Quentin Tarantino
Estúdio: Dimension Films / Rodriguez International Pictures / Troublemaker Studios
Distribuidora: Dimension Films / The Weinstein Company / Europa Filmes
Duração: 113 minutos
País: Estados Unidos
Ano: 2007
COTAÇÃO: MUITO BOM
Quentin Tarantino revolucionou o cinema. Ele forneceu o retorno a feitura de um cinema trash, quase amador, porém com qualidade cinematográfica. O diretor inseriu contextos com seu “Cães de Aluguel”, apresentou a violência exacerbada em “Pulp Fiction”, resgatou os anos 70 em “Jackie Brown”, realizou epifania em “Kill Bill”, ironizou a guerra hitleniana em “Bastardos inglórios”. O filme da vez, ano de 2007, é parte integrante do projeto Grindhouse, que Tarantino com Robert Rodrigues. “Prova de Morte” e “Planeta Terror” seriam apresentados em uma sessão única, resgatando o cinema de filmes b, que eram realizações secundárias, por causa do pouco dinheiro. Há quem ame e há quem o odeie. Eu conheço os dois tipos de pessoas. Estou incluído na parte dos que são apreciadores deste gênero autoral.
Esse filme possui as mesmas características adotadas pelo diretor. Diálogos verborrágicos, muitas das vezes sem sentido e patéticos, camera parada mostrando um plano único dos atores conversando, cenas extremamente violentas e realistas, mulheres sensuais e normais para o padrão de beleza, bares, bebidas, sexo, sinceridade no que se diz, agressividade social aceitável, palavrões, carros em velocidade, strip teases. Há de tudo um pouco.
Tarantino estiliza o próprio filme. Ora a fotografia está como se fosse uma película antiga, ora qualidade de alta definição, ora o preto-e-branco. Brinca-se sem a explicação prévia e ou sem a necessidade de fazê-lo. Há até a falta de rolos, como se o filme não tivesse sido montado, o que se vê é o material bruto. Ele experimenta maneiras de expressar a trama. É um filme de vingança, de expurgar demônios. É para machos. Mulheres entendem de carro, brigam para valer, têm como profissões a arte de ser dublê. São vidas aventureiras, passageiras e fúteis. Só que dentro dessa artificialidade, há a defesa de proteção ao que realmente elas são.
Ao cair da noite, Jungle Julia (Sydney Tamiia Poitier), a DJ mais sexy de Austin, pode enfim se divertir com as suas duas melhores amigas. As três garotas saem noite adentro, atraindo a atenção de todos os freqüentadores masculinos dos bares e boates do Texas. Mas nem toda a atenção é inocente. Cobrindo de perto seus movimentos está Stuntman Mike (Kurt Russell), um rebelde inquieto e temperamental que se esconde atrás do volante do seu carro indestrutível.
Mike, um sádico por natureza, aproveita para expor a quebra de seus limites com vítimas. A violência do longa aumenta naturalmente e o espectador é pego torcendo por socos e sangues espirrados. Deseja-se mais. Desperta o lado mais sombrio e animal do ser humano. Por isso é um cinema autoral. O diretor possui todo o mérito.
A escolha por seus atores e atrizes transpassa a própria barreira de interpretar. É um filme diferente, não se busca nada. Apenas é. A mensagem que fica é que se quiser assistir seja bem vindo, se não quiser, pode ir embora. A trama demora a acontecer. Traça-se um perfil psicológico de cada um dos personagens. As situações ora patéticas, ora radicais mesclam o longa que merece ser visto. Mesmo com as epifanias cinematográficas de seu diretor. É um estilo. Um gênero. Uma escolha. Recomendo.
LEIA SOBRE O DIRETOR E SOBRE “BASTARDOS INGlÓRIOS” –> AQUI