Ficha Técnica
Direção: John Turturro
Roteiro: John Turturro
Elenco: John Turturro, Max Casella, Raiz, Spakka Ne Apolis 55, Avion Travel, Misia, Pietra Monte Courino, Massimo Ranieri, M´Barka Bem Taleb, Genaro Cosmo Parlatto, Enzo Avitable
Fotografia: Marco Pontecorvo
Produção: Alessandra Acciai, Carlo Macchitella, Giorgio Magliulo
Distribuidora: Paris Filmes
Estúdio: Skydancers; Squeezed Heart Production; Radiotelevisione Italiana (RAI)
Duração: 90 minutos
País: Itália / Estados Unidos
Ano: 2010
COTAÇÃO: ENTRE O BOM E O MUITO BOM
A opinião
“Passione”, em um primeiro momento, pode soar estranho e indefinido, por causa da narrativa híbrida. Mas aos poucos a intenção passional do realizador é conquistada pelo público. Necessita-se partir de uma sinopse explicativa a fim de entender o universo apresentado. O diretor (de “Romance e Cigarros”), também ator (de “O Grande Lebowsky”, “Tratamento de Choque”, “Touro Indomável”, “Procura-se Susan Desesperadamente”, “Hannah e Suas Irmãs”, “Faça a Coisa Certa”, entre muitos outros), John Torturo visita suas raízes italianas e constrói um documentário que investiga a tradição musical da cidade de Nápoles, sul da Itália, e sua influência ao redor do mundo. A partir disso, John recria em imagens o que se ouve nas músicas. São interpretações, ora dramáticas, ora de efeito, ora de humor pastelão (de deboche e escracho), ora afetadas, e tantos outros “oras”, que intercalam épocas, retratando passado e presente, com moradores e artistas musicais, imagens de arquivo (como a guerra; os vulcões; as bombas de 1944; Sergio Bruni cantando; Di Lucia). Há depoimentos, sempre enaltecidos e apaixonados, sobre a cidade e o verdadeiro sentido da música. Ao decorrer do roteiro, a indefinição torna-se menos presente, assim o espectador pode contextualizar as imagens que são recebidas.
O filme retrata o lugar, em suas peculiaridades, no seu dia-a-dia e com suas características intrínsecas. Inicialmente, opta-se pelo amadorismo proposital (explicito ao mostrar o microfone – aludindo a um ensaio – e ou quando mostra pessoas olhando as filmagens), pela ingenuidade, pela simplicidade dos instantes, que desejam transpassar uma nostalgia presente na atualidade, como por exemplo, incluir pessoas, não atores, para apresentar números musicais. Mas o lugar de destaque fica por conta do próprio diretor, que realiza a apresentação principal, adjetivando a cidade, tendo como pano de fundo, a paisagem totalitária, porém com neblinas. “Bonita cidade e difícil cidade”, diz-se gerando a questionamentos dúbios e conflituosos, estes com atmosfera humanizada e não julgadora. A mistura de gêneros e de estilos musicais serve como objetivo pretendido. Uma música famosa – e clássica – italiana pode ser regravada como um fado tipicamente português e outro grupo que insere catarse, quase inconsciente. Busca-se a desconstruir nacionalidades, impondo releituras de detalhes que marcaram épocas.
Em algumas partes, John explica o significado e o porquê da letra da música. Há um olhar emocionado, visceral, sem limites sentimentais, que são demonstrados por inúmeras vertentes sensoriais. Há “A música é uma forma de transporte às pessoas”, diz-se. As referências musicais (originais e ou inovadoras) integram Max Casella, Raiz, Spakka Ne Apolis 55, Avion Travel, Misia, Pietra Monte Courino, Massimo Ranieri, M´Barka Bem Taleb, Genaro Cosmo Parlatto, Enzo Avitable e tantos outros. É uma experiência musical diferenciada, que precisa ser absorvida de forma gradual, porque expõe a visão, subjetiva e idiossincrática, de alguém que precisa resgatar lembranças e raízes. Concluindo, compete ao espectador a intensidade da experiência, porque desperta o crivo de quem assiste, caminhando no limite tênue entre pretensão criativa e criatividade ingênua. A indefinição também atinge a critica, que recebe muitos elementos distintos e que no final da contas não sabe exatamente o que viu. Por esse lado é bom, já que insere outro olhar técnico. Recomendo. Melhor Filme (Prêmio Cidade de Roma) no Festival de Veneza 2010.
O Diretor
John Michael Turturro nasceu no Brooklyn, Nova York, 28 de Fevereiro de 1957. O diretor (de “Romance e Cigarros”), também ator (de “O Grande Lebowsky”, “Tratamento de Choque”, “Touro Indomável”, “Procura-se Susan Desesperadamente”, “Hannah e Suas Irmãs”, “Faça a Coisa Certa”, entre muitos outros)
Lista de Canções e Interpretes
Carmela (Mina)
Vesuvio (Spakka – Neapolis 55)
Era de maggio (Avion Travel e Mísia)
I te vurria vasa (Valentina Ok)
Dicitencello vuje (Riccardo Ciccarelli)
Malafemmena (Massimo Ranieri e Lina Sastri)
Maruzzella (Gennaro Cosmo Parlato)
Comme facette mammeta (Pietra Montecorvino, arranjo de Eugenio Bennato)
Antica ninna nanna partenope (Don Alfonzo)
O sole mio (Sergio Bruni, Massimo Ranieri, M’Barka Ben Taleb)
Bammenella (Angela Luce)
Don Raffaè (Peppe Barra)
Passione (James Senese)
Nun te scurda (Almamegretta, Raiz, Pietra Montecorvino, M’Barka Ben Taleb)
Tammurriata nera (Peppe Barra, Max Casella, M’Barka Ben Taleb)
Pistol Packing Mama (Al Dexter & His Troopers)
Catari (Fausto Cigliano)
O sarracino/Caravan petrol (Fiorello, Max Casella, John Turturro)
O sole mio (Renato Carosone, piano)
A Vucchella (Enrico Caruso)
Marechiare (Fernando De Lucia)
Faccia Gialla (Enzo Avitabile, Bottari, Scorribanda)
Canto delle lavandaie del Vomero (Daniela Fiorentino, Fiorenza Calogero, Lorena Tamaggio)
Dove sta Zazà? (Pietra Montecorvino, Max Casella)
Indifferentemente (Mísia)
Sangh’e (James Senese)
Napule è (Pino Daniele)