O Rio de Janeiro encontra-se na semana de diversidade sexual. Um dos eventos é o Festival Gay de Cinema. Este é uma ótima oportunidade para que se possa traçar um perfil sobre o cinema GLBT. Assim como outros minorias, negros e mulheres, os homossexuais lutam por seus direitos básicos, como o de ir e vir, de ser respeitado pelo que se é e ou pelo que se escolhe. Eles buscam a aceitação da maioria, chamados heterossexuais. As reivindicações incluem a união civil do mesmo sexo e o simples comportamento junto à sociedade. Alegam que pagam os mesmos impostos, que tem os mesmos gastos, que são iguais (como indivíduos) dos demais. É fato. Não se pode julgar alguém – ou mesmo recriminar – que apenas mostra o seu verdadeiro ser. É impensado que hoje em dia com tanta tecnologia, ainda existam o atraso questionador sobre esse tema. O cinema vem a fim de expor essa luta. De massificar a normalidade. De demonstrar que são apenas pessoas, sem definições. Até porque quando se define, se limita e algo limitado morre. A morte neste caso é da própria sociedade. Porém, a vertente cinematográfica, salvo algumas exceções, não encontra um equilíbrio quando tenta, desesperadamente, mostrar, aos não gays, características deste mundo minoritário. Essas definições apresentam-se caricatas, clichês e extremamente superficiais. A maioria dos filmes retrata os homossexuais como fúteis, depilados, produzidos, “sem cérebros”. Então, há a mesma massificação comercial e capitalista em reação ao réu que eles desejam atingir. Querem mostrar um mundo que os próprios gays não se enquadram. As exceções acontecem quando a temática é abordada de forma sóbria e comum. Entre os curtas, “Café com Leite” e “Eu Não Quero voltar sozinho”, ambos de Daniel Ribeiro. Nos longas, podemos destacar o clássico “Morte em Veneza”, de Luccino Visconti e “Plata Quemada”, de Marcelo Piñeyro e “Minha Vida em Cor-de-rosa”, de Alain Berliner. Há ainda Fassbinder e François Ozon, entre tantos outros, que conseguem mesclar essa diversidade social com competência cinematográfica. Ser homossexual na Grécia antiga era um pré-requisito de virilidade e aprendizado sobre a cultura geral. Os filmes mudos embrenharam-se, sutilmente, com cenas de homens dançando, neste universo. Por que é tão difícil para um ser humano assumir a sua homossexualidade (palavra aceita hoje em dia como opção e não doença como era antes dos anos 70 – homossexualismo)? Se traçarmos um perfil, encontraremos hipocrisia que gera o medo que gera a violência (para alguns) e resignação (a outros). A AIDS veio brecar toda a liberdade sexual encontrada até então. Os longas-metragens gays direcionaram-se a este período, o que se percebe: a depressão, a morte, a tristeza. Hoje em dia, com a doença controlada (não curada), os jovens fazem festas de bareback, com o intuito de pegar o vírus, para que assim possa dissipar o medo de suas vidas. É extremamente complicado definir um padrão, até porque os semelhantes de uma classe são diferentes por causa de suas idiossincrasias. Há quem goste de algo, há quem deteste esse mesmo algo. Tenta-se a plastificação, uma hegemonia, uma igualdade, que soa cruel e sem precedentes. O FESTIVAL GAY DE CINEMA teve a sua abertura no Cinema Odeon, tendo como curadores Alexander e Leandro. O filme escolhido foi o americano “Is It Just Me?”, que aborda o querer de um amor verdadeiro no meio da futilidade do universo gay. O longa-metragem mistura cinema independente e comercial, caindo nos mesmos clichês, mesmo quando os tenta trabalhar a seu favor. É uma novela com interpretações afetadas, tendo em certos momentos o humor perspicaz da auto-ironia. Realizando um balanço, após o filme, com os espectadores do lugar, obtem-se quase uma unanimidade de que este filme não é bom. “É bonitinho, é fofo”, algumas das opiniões. Na mostra, há o cinema nacional também. “Como esquecer”, de Malu de Martino, é um excelente exemplo dessa temática com o olhar daqui. Um roteiro denso, esperançoso, romântico sem ser piegas. Sobre o Festival, os realizadores dizem “O Rio Festival Gay de Cinema é o festival internacional de filmes LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros) de ficção, documentário e experimental, em longa e curta metragens, brasileiros e estrangeiros. O festival acontecerá de 1 a 10 de julho de 2011, no Odeon Petrobras e no Cine Cultural Justiça Federal. Foram selecionados 6 longas e 35 curtas metragens,brasileiros e estrangeiros. Cinco longas estréiam no festival. Destaque para: Strapped (EUA) de Joseph Graham que mostra um garoto de programa, de corpo atraente e personalidade forte, que se perde num prédio que mais parece um labirinto e muda o olhar sobre si ao encontrar alguém que lhe mostra algo que nunca havia sentido. Is It Just Me? (2010) de JC Calciano,que fala sobre os acidentes de um relacionamento online. E a estréia da diretora brasileira Fernanda Cardoso com a produção norte-americana Bloomington. 35 filmes participam da Competição de Curta, sendo que 28 deles são inéditos. Brasil, EUA, Polônia, Portugal, Reino Unido, Singapura,Suécia, Suíça, Tailândia e Taiwan estão na disputa. Os melhores filmes serão escolhidos pelo público e Júri Especializado, e ganharão o Troféu do Rio Festival Gay de Cinema 2011”. A oportunidade é válida, necessária, quase obrigatória, mesmo tendo vários deles a superficialidade como fio condutor.
Programação
Dia 1 de julho de 2011, sexta
CINE CULTURAL JUSTIÇA FEDERAL
16h – Longa-metragem: Bloomington
18h – Competição de Curta 1
ODEON PETROBRAS
20h – Longa-metragem: Strapped
THE WEEK RJ
23h – Festa Rio Festival Gay de Cinema
Dia 2 de julho de 2011, sábado
CINE CULTURAL JUSTIÇA FEDERAL
16h – Competição de Curta 2
18h – Longa-metragem: House of Boys
ODEON PETROBRAS
20h – Competição de Curta 7 e Bate Papo: “De Oscar Wilde ao Rio Sem Homofobia”
22h – Longa-metragem: Is It Just Me?
Dia 3 de julho de 2011, domingo
CINE CULTURAL JUSTIÇA FEDERAL
16h – Competiçãode Curta 3
18h – Longa-metragem: Die Schwestern
ODEON PETROBRAS
20h – Competição de Curta 6
22h – Longa-metragem: House of Boys
Dia 4 de julho de 2011, segunda
ODEON PETROBRAS
20h – Competição de Curta 5
22h – Competição de Curta 4
Dia 5 de julho de 2011, terça
ODEON PETROBRAS
20h – Competição de Curta 3
22h – Longa-metragem: Como Esquecer. Com Apresentação da Equipe do Filme.
Dia 6 de julho de 2011, quarta
CINE CULTURAL JUSTIÇA FEDERAL
16h – Competição de Curta 4
18h – Competição de Curta 5
ODEON PETROBRAS
20h – Competição de Curta 2
22h – Longa-metragem: Bloomington
Dia 7 de julho de 2011, quinta
CINECULTURAL JUSTIÇA FEDERAL
16h – Longa-metragem: Como Esquecer
18h – Competição de Curta 6
ODEON PETROBRAS
20h – Competição de Curta 1
22h – Longa-metragem: Die Schwestern
Dia 8 de julho de 2011, sexta
CINE CULTURAL JUSTIÇA FEDERAL
18h – Competição de Curta 7
20h – Longa-metragem: Strapped
Dia 9 de julho de 2011, sábado
CINE CULTURAL JUSTIÇA FEDERAL
18h – Premiados2011: Curta-metragem
20h – Premiados 2011: Longa-metragem
Dia 10 de julho de 2011, domingo
CINE CULTURAL JUSTIÇA FEDERAL
18h – Premiados2011: Longa-metragem
20h – Premiados2011: Curta-metragem
Bilheteria e Valores dos Ingressos
ODEON PETROBRAS
Tel.:(21) 2240-1093 (bilheteria)
Valor do ingresso da sessão: R$12,00 e R$6,00 (meia-entrada)
CENTRO CULTURAL JUSTIÇA FEDERAL
Tel.:(21) 3261-2565 (bilheteria)
Valor do ingresso da sessão: R$10,00 e R$5,00 (meia-entrada)