A opinião
É uma competição de amor e ódio entre mãe e filha. Uma tentando manipular a outra. Com ou sem chantagens. Com ou sem explosões de raiva. O filme foca nos detalhes como sofrimento. Isabelle Huppert (com homenagem neste blog – veja arquivo setembro) faz a mãe. Neurótica e maluca. Trabalha os devaneios da mente. “Vai embora, você não existe, é só uma ilusão de um cérebro doente”, diz-se. Há a nítida percepção do que se está fazendo. Cada um deles. A repetição, por anos, de defensivas intermináveis transborda o copo com uma pequena gota de água. Nos momentos mais profundos não há música. Não tenta manipular. O diretor diminuiu os olhos característicos da atriz, permitindo assim uma interpretação competente. “Seus olhos são como um turbilhão em alto mar”, outra frase. Há planos longos com monologos. Com diálogos diretos, sem dúvidas floreadas. Cada uma delas tenta chamar a atenção para si. O que incomodou foi algumas cenas desnecessárias em camera lenta, fusões exageradas e um flashback em preto-em-branco, expondo, assim, uma certa inexperiência do diretor. Há um grande conflito no filme. A relação de mãe e filha. Uma achando que não deu tudo e outra achando que não recebeu nada. “Suas flechas ficaram mais afiadas”, disse a mãe à filha. Ambienta um distanciamento e um vazio. Sem aprofundamento de sensações. Depende do que o diretor tentou objetivar. Porém não fica claro no roteiro. A fotografia final é extremamente boa. Há um limite entre a loucura real e a loucura por atenção. As duas enlouquecem.
Curiosidades de uma Sessão de Cinema
A mulher vira para o marido e fala: “vamos sentar aqui?”. Ele responde “Aqui não, eu tenho torcicolo”. O Festival é isso, mas faz parte do jogo.
Ficha Técnica
Direção: Alessandro Capone
Roteiro: Alessandro Capone e Luca D’Alisera
Elenco: Isabelle Huppert, Greta Scacchi, Mélanie Laurent, Olivier Gourmet, Jean-Michel Larre, Giorgio Lupano
País: Itália / Luxemburgo / Bélgica
Ano: 2007
A Sinopse
Danielle vive sob observação em uma clínica psiquiátrica após ter tentado cometer suicídio pela terceira vez. Frequentemente, ela sonha ou tem alucinações com sua filha Sophie, com a qual nunca teve uma boa relação. Durante as sessões de análise, a psiquiatra Nielsen trabalha para romper o silêncio de Danielle, até convencê-la a descrever seus sentimentos em uma folha de papel. A partir daí, Danielle começa a relatar as maiores dificuldades de sua vida: a gravidez indesejada, o casamento às pressas e a obrigatoriedade de amar. Baseado no romance homônimo de Danielle Girard.
O Diretor
Nasceu em 1955, na Itália. Começou trabalhando como roteirista e diretor de arte de filmes e publicidades e em 1989 estreou na direção com o longa-metragem de horror Streghe. Dirigiu algumas peças de teatro e diversas séries para as televisões francesa e italiana. Viveu nos EUA, na França, no Brasil e em Hong Kong, e, ao longo da carreira, também trabalhou como assistente de direção, coordenador de produção e fotógrafo still.
1 Comentário para "O Amor Escondido"
As reações "Interessante" e "Chato" são quanto ao filme ou quanto ao seu texto?
Sobre o filme, reconheço pontuais qualidades técnicas, mas, pessoalmente, detestei o conteúdo. Aborrecido do início ao fim e sua protagonista conseguiu minha antipatia máxima. Seco e raso, apenas tachou a personagem de louca e nos obriga a sofrer com sua unilateralidade, devaneios e depressões. Em resumo, uma história que não tem motivo para ser contada.