Direção: Ondi Timoner
Roteiro: Ondi Timoner
Elenco: Joshua Harris, Jason Calacanis
Fotografia: Ondi Timoner, Vasco Nunes
Montagem: Josh Altman, Ondi Timoner
Música: Ben Decter, Marco d’Ambrosio
País: Estados Unidos
Ano: 2009
Duração: 89min
A opinião
“Nossa vida exposta” aborda a vida de Josh Harris, um visionário excêntrico da tecnologia televisiva, que implantou as ideias inicias dos programas de “Big Brother”, confinamento de pessoas em uma casa com cameras espalhadas. O longa conta a história dele. Josh era extremamente tímido e vivia horas a fio na frente da televisão, forma que os pais escolheram para a sua criação. Isso motivou o desprendimento familiar e uma carência excessiva. A narrativa segue fazendo um resumo dos primórdios da internet, com imagens ágeis, em estilo videoclipe. A necessidade de fornecer velocidade à trama era aceitável tecnicamente. E funciona bem. O espectador penetra no mundo deste empreendedor, que expõe a vida dos outros, sem princípios, com liberdades diversas e aceitáveis. No primeiro bunker, onde ficavam as pessoas, as cameras estavam nos banheiros e nas tendas, as vendo fazer suas necessidades fisiológicas, vendo seus desesperos e cenas de sexo real sem cortes. Logo depois, Josh expõe a própria vida de casado.
O interessante é que se cria o questionamento, já conhecido e nada de novo, de que nossas vidas já estão expostas. Facebook, Twitter, cameras de shopping, Orkut, Youtube. Enfim, há a necessidade de se mostrar a vida alheia. Busca-se isso. Não querem mais ter quinze minutos de fama, como Andy Warhol dizia, mas a eterna aparição da mídia. Sem isso, há a depressão e a frustração. O ego do não interpretar, deixando ser o outro como é realmente, já cria a prepotência desta fama. Se chora, as mensagens são consoladoras. A tecnologia veio para agregar pessoas, e o que está conseguindo é o inverso da veia social. Transfere-se para a tela uma relação virtual, que se afasta mais e mais do mundo real. “O que Josh está fazendo agora?”, pergunta-se. É um filme comum, que usa a figura americana de uma pessoa que é “vítima dela mesmo”. Assim, soa falso e repetitivo.
A Sinopse
Seguindo sua ambição de artista futurista, Josh Harris mudou-se para NY em 1984. Após fundar o site de TV interativo Pseudo.com, apresentou o projeto Quiet: We Live in Public, onde criou uma sociedade com regras próprias, usando um espaço subterrâneo e convidando pessoas a submeter seu cotidiano a câmeras por um mês. Em seguida, fez o mesmo com sua própria vida. Anos depois, reuniu as 5 mil horas filmadas para criar um retrato da evolução da web e de como as redes sociais moldam os indivíduos em troca de conectividade e fama. Grande Prêmio do Júri de Melhor Documentário no Festival de Sundance 2010.
Formou-se em Teatro na Universidade de Yale em 1994, quando fundou a produtora Interloper Films. Seu documentário Voices From Inside Time faturou o Yale Film Prize. Com o documentário televisivo The Nature of the Beast (1994), venceu o Bettina Russel Grand Jury Prize, no Canadá. Em 2004, ganhou o Grande Prêmio do Júri em Sundance com seu primeiro longa metragem, DiG!, exibido no Festival do Rio. Dirigiu videoclipes para bandas como The Dandy Warhols e The Vines.