Direção: Fabien Oteniente
Roteiro: Fabien Onteniente, Philippe Guillard, Franck Dubosc e Emanuel Booz
Elenco: Franck Dubosc (Didier), Emmanuelle Béart (France Navarre), Gerard Depardieu (Jean-François Jackson), Samuel Le Bihan (Walter), Abbes Zahmani (Neuneuil), Annie Cordy (Mme Graindorge), Christine Citti (Coco), Chloé Lambert (Cerise), Danièle Lebrun (mãe de France Navarre) e Jacques Sereys (pai de France Navarre)
Fotografia: Jean-Marie Dreujou
Montagem: Nathalie Langlade e Laurent Röuan
Maquiagem: Didier Lavergne e Frédérique Ney
Cabelos: Diane Mahmoudi
Figurino: Claire Chanat
Música: Michel Legrand
Produção: Fabien Onteniente, Cyril Colbeau-Justin e Jean-Baptiste Dupont
Distribuição: Pandora Filmes
Duração: 103 minutos
País: França
Ano: 2008
COTAÇÃO: ENTRE O REGULAR E O BOM
A opinião
Atualmente, o cinema francês reinventa-se e atinge seu público pelas comédias, conservando-se os elementos característicos das pessoas desse país, com seu humor sarcástico, agressivo, exagerado e seus sofrimentos exacerbados. O tema da vez é a era das discotecas, assistido por cerca de dois milhões e meio de espectadores na França na ocasião de seu lançamento.
O longa é sobre um quarentão, fã de disco music, que está desempregado e morando com a mãe. Sua ex-mulher recusa-se a deixá-lo passar as férias com o filho, a menos que ele possa oferecer férias de verdade. Como não tem emprego nem dinheiro, o único jeito que encontra para ficar com o garoto é participando de um concurso de dança onde o vencedor ganha uma viagem para a Austrália, com direito a acompanhante. Para isso ele consegue convencer seus dois ex-parceiros de dança para um retorno triunfal do velho grupo “Bee Kings”, um fenômeno das pistas.
A abertura, com direito a estrelinhas, introduz o espectador na trama, retornando lembranças aos que viveram ou criando um estágio nostálgico aos outros. Escolhe-se a caricatura humanizada para retratar uma época, que por muitos é brega, cafona. O quarentão vive sonhos impossíveis, utópicos e fantasiosos. Ele comporta-se como uma criança grande. Estagnou-se em suas frustrações por não ter sido o que queria ser. E continuou investindo em algo que deveria ser mudado. Ele acredita e faz com que o espectador embarque em seus sonhos.
“Até as máquinas de lavar precisam de licença”, diz sobre a falta de vontade de arrumar um emprego. “Se eu conseguir um emprego, não terei férias, pense nisso”, defende-se. Há referências exageradas, debochadas, ingênuas e até patéticas desta era, com um trilha sonora recheada de sucessos dançantes (Bee Gees, é um deles – uma grande homenagem).
Os tipos são datados em um mundo moderno. Eles são sonhadores convictos. O dono de uma boate luta pela permanência deste estilo nos dias atuais. Há um contraste do que se é, do que se está e do que se deseja ser. “Os embalos de sábado à noite acabaram”, diz-se. Mas eles continuam a não acreditar no término. A desculpa: as férias do filho do protagonista, Didier Travolta. Uma clara alusão a John Travolta e os seus embalos.
“Jogar flores uma vez por semana não o trará de volta”, diz-se sobre um amor falecido, extraindo profundidade dentro do geral cômico. Para a competição, Didier dança balé com crianças. “Como uma gazela, Sr. Travolta”, diz-se. A trilha sonora é composta por grandes clássicos da disco music: September (Earth Wind & Fire), Boogie Wonderland (Earth Wind & Fire), You Make me Feel (Sylvester), First be a Woman (Gloria Gaynor), Last Dance (Donna Summer), Laisser Toucher (Marc Cerrone), Night Fever (Tina Arena), H.A.P.P.Y. Radio (Edwin Starr), How Deep Is Your Love (Philippe Kelly), Give me Love (Marc Cerrone), Tcha Tchoo (Kevin Mfinka), Sunny (Boney M.) e From East to West (Voyage).
“Ela entra pela cabeça e sai pelos pés”, explica-se a paixão pela Disco. “É uma música do coração. É uma religião. Calça justa é disco. Quanto mais apertada, mais disco”, complementa-se.
“Bem vindo ao mundo dos anos 80. Disco inferno. Que Tina Turner os guarde”, abençoa-se. Didier questionado sobre o que faz da vida: “Sou uma vítima”, ele diz. O mundo do quarentão é espalhafatoso, brilhoso, over. Uma vela comemorativa em cima de um prato carpaccio demonstra bem isso. “Em que mundo você vive?”, ela pergunta. “No meu mundo”, ele responde, com “seus olhos de coruja e cabelo de algodão doce”.
“Quanta competição!”, diz-se sobre as lutas diárias de cada um. Sempre uma batalha para recuperar o perdido. Os conflitos são resolvidos de forma rápida. Aprofunda-se, mas a compreensão é instantânea, que prejudica o tom narrativo. Em alguns momentos, como a parte da dança, chega a ser um pouco patético e bobo.
Vale a pena ser visto pelas interpretações, principalmente do protagonista, Franck Dubosc, que é um comediante de grande popularidade em seu país, a França, onde nasceu em 1963. Sua experiência como ator vai além do cinema, incluindo muitas participações em seriados de TV e programas cômicos. Como roteirista, co-escreveu Camping (2006), Nos Embalos da Disco (2008) e Camping 2 (2010).
Fabien Onteniente é um diretor, roteirista, produtor e ator francês, nascido em 1958. Após realizar um curta-metragem em 1989, estreou na direção de longas com “A la Vitesse d’um Cheval Au Galop” (1992), tornando-se um especialista em comédias. Nos “Embalos da Disco” é o oitavo longa de sua filmografia. No Brasil o seu nome pode ser lembrado pelo filme “Extravagância em Ibiza”, uma sátira sobre a alta sociedade francesa, com Rupert Everett, Ornella Muti e Rossy de Palma no elenco.