Diretor: Rob Marshall
Roteiro: Michael Tolkin, Anthony Minghella
Elenco: Daniel Day-Lewis, Penélope Cruz, Nicole Kidman, Judi Dench, Marion Cotillard, Sophia Loren, Kate Hudson, Stacy Ferguson (Fergie), Giuseppe Cederna, Elio Germano.
Fotografia: Dion Beebe
Trilha Sonora: Maury Yeston
Produção: John DeLuca, Rob Marshall, Marc Platt, Harvey Weinstein
Distribuidora: Sony Pictures
Estúdio: The Weinstein Company
Duração: 119 min
Ano: 2009
País: EUA
COTAÇÃO: BOM
A opinião
O diretor de Chicago cria uma atmosfera blasé densa, lúdica e extremamente experimentalista. As cores, cameras interativas, ângulos, desfoques, sombras e penumbras, como o preto e branco azulado brilhante, misturam e interagem-se como um ágio videoclipe (de paparazzis) de Frederico Fellini, já que foi baseado no seu filme “8 1/2” e a Cinecittá, em Roma 1965. A imagem impressiona e suga o espectador para a trama de um bendito fruto entre mulheres famosas e já conceituadas.
Cameras lentas, referências e imagens com estética de documentário contam a história do cineasta Guido Contini (Daniel Day-Lewis) que enquanto enfrenta a crise dos 40 anos, luta para ter harmonia em sua vida pessoal e profissional, às voltas com sua esposa (Marion Cotillard), sua amante (Penelope Cruz), sua musa (Nicole Kidman), sua figurinista e confidente (Judi Dench), uma jornalista (Kate Hudson), uma prostituta (Fergie) e sua mãe (Sophia Loren).
A grandiosidade é necessária, com suas músicas e movimentos exagerados e não exclui o aprofundamento dos personagens. O ambiente metalinguístico do cinema brinca todo o tempo entre o real e o imaginário, quando explica o processo de um filme dentro de um filme, entre quando as interpretações acontecem e quando é o típico e próprio fingimento de sobrevivência na trajetória da existência de cada um.
Os números musicais abordam sensualidade, sofrimento resignado e a projeção do desejo internalizado. Mostram o que gostariam de ser ou de falar, a verdade que precisa ser escondida e as limitações do gostar. “É só o que quero”, diz-se. Há a criação da metafóra de não conhecimento do outro quando complementa “Você mente como ninguém”.
Os fantasmas de suas mulheres atrizes da arte e ou da sua vida assombram o personagem de Daniel Day-lewis com filmes do passado em novas versões do concreto cineasta circense. “Como se treina a imaginação?”, diz-se.
“Dirigir um filme não é nenhuma façanha”, diz o cineasta estressado. O passado é apresentado junto ao futuro de fantasia realista. “Eu procuro algo”, diz-se. Há cenas surreais, que lembram o cineasta italiano, como a conversa com o Papa, da própria história de um colégio de padres a um prostíbulo.
“Não se deixa de ser alguém”, diz-se em uma frase de efeito, quando dilacera e expoe a baixa auto-estima dependende e solitária de se querer ter o que não é o certo e o que não corresponde. Quanto ao questionamento nato dos que fazem filmes “Por isso não tem roteiro, gasta tempo inventando a sua vida”, é dito como se a camera e a fotografia escrevessem as frustrações e arrependimentos dos indivíduos.
Vale a pena ser visto. Pelo experimentarismo metalinguístico de cores, cameras e das referências. Vale por assistir ao musical da mulher e da amante. De rever Sophia Loren, que alguns críticos maldosos resolveram implicar. “Ser italiano… Cinema italiano”, canta-se. É divertido e interessante, mesmo sendo clichê e oscarizado, quase uma versão americana de Fellini com a cópia de Chicago. Sete é o número de estatuetas do Oscar conquistadas pelos atores principais de Nine.
Rob Marshall (nascido em 17 de outubro de 1960 em Madison, Wisconsin) é um coreógrafo e diretor de cinema e de teatro estado-unidense. Foi responsável pela direção e coreografia do musical Chicago (2002), filme vencedor de seis prêmios Oscars, incluindo o de melhor filme do ano. Também foi responsável pela direção do filme Memórias de uma Gueixa (2005), adaptação do livro de mesmo nome de Arthur Golden vencedora de três Oscars.
Filmografia
2006 – Tony Bennett: An American Classic (Tony Bennett: An American Classic)
2005 – Memórias De Uma Gueixa (Memoirs of a Geisha)
2002 – Chicago (Chicago)
1999 – Annie (Annie)
Daniel Michael Blake Day-Lewis (Londres, 29 de abril de 1957) é um premiado ator britânico, duas vezes vencedor do Óscar da Academia para Melhor Ator (principal). Detém dupla nacionalidade, britânica e irlandesa.
Filmografia
1971 – Domingo Sangrento
1982 – Quantas milhas até Babilônia?
1984 – Rebelião em Alto-Mar
1985 – A minha adorável Lavanderia
1986 – Uma Janela para o Amor
1988 – A Insustentável Leveza do Ser
1988 – Bares e Estrelas
1989 – O Sorriso de uma Vida
1989 – Meu Pé Esquerdo
1992 – O Último dos Moicanos
1993 – A Época da Inocência
1993 – Em Nome do Pai
1996 – As Bruxas de Salem
1997 – O Lutador
2002 – Gangs de Nova York
2005 – O Mundo de Jack & Rose
2007 – Sangue Negro
1 Comentário para "Crítica: Nine"
O que se pode esperar de um musical sem musica boa e onde a unica cantora de verdade é (ironicamente) a Fergie, que protagoniza o unico numero musical realmente vibrante dessa produção que ficou muito abaixo de minhas expectativas.
Continue com suas criticas e com seu blog, parabéns amigo!
Abraços do amigo Luis Lopes