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Namorados Para Sempre

Ficha Técnica

Diretor: Derek Cianfrance
Roteiro: Cami Delavigne, Joey Curtis, Derek Cianfrance
Elenco: Ryan Gosling, Michelle Williams, Mike Vogel, John Doman, Samii Ryan, Faith Wladyka
Fotografia: Andrij Parekh
Direção de arte: Chris Potter
Figurino: Erin Benach
Edição: Jim Helton e Ron Patane
Produção: Lynette Howell, Alex Orlovsky, Jamie Patricof
Distribuidora: Paris Filmes
Estúdio: Hunting Lane Films, Silverwood Films
Duração: 114 minutos
País: Estados Unidos
Ano: 2010
COTAÇÃO: ENTRE O BOM E O MUITO BOM

A opinião

A tradução “Namorados para sempre” de “Blue valentine” serve como impulso a um esperado lançamento de sucesso. O marketing pretendido é a tão famosa data de comemoração do dia dos apaixonados. Estreará na sexta-feira, servindo de opção aos pombinhos. O filme do diretor Derek Cianfrance (de “Brother Tied”) escolheu o título original de uma música de Tom Waits, cantor beatnik, que é um movimento sócio-cultural nos anos 50 e dos anos 60 que subscreveu um estilo de vida anti-materialista, tendo Jack Kerouac, autor de “On the Road”, o referência mais importante. O roteiro do longa-metragem que traz Ryan Gosling (de “Half Nelson”, “A Garota Ideal” e “Tolerância Zero”) e Michelle Williams (ex- “Dawson´s Creek” e “Brokeback mountain”) como o casal protagonista, contando uma história de amor às avessas. Com base nas lembranças do passado juntos, Dean e Cindy tentam salvar seu casamento numa relação desestruturada. A narrativa foca nos detalhes a fim de que possa ambientar o espectador. Uma criança perdida corre ao pai, enquanto uma cachorra se solta. O inicio mostra a vida de uma família comum, com suas manias e vivências próprias. “Você já está crescida, então não se divirta”, diz-se entre um misto de sarcasmo, agressividade, raiva, resignação social e ingenuidade, esta última gerando o lado passional puro do material bruto humano.

A trama retrata seus personagens. A mãe controla a filha sem paciência, enquanto o pai adentra-se no mundo infantil da pequena. É um filme que deixa acontecer a próxima ação, respeitando o tempo da espera e da realidade não editada pelo diretor. Dean trabalho com mudanças, mas a cada trabalho sensibiliza-se, humanizando o que só deveria ser técnico e profissional. O longa utiliza o tema amor pela perspectiva dos idosos para com os mais novos. Podemos detectar uma nostalgia não vivida, um estágio de ser ainda não acontecido, que é esperado por todos. O espectador é conduzido por um caminho não linear, que passado interage com o presente, quase interativamente, usando e abusando de elipses temporais. Outra percepção é a de que são das histórias que se interpolam e se separam, as vivendo individualmente. Em certos momentos, casualmente, encontram-se, porém com tamanha artificialidade e irritabilidade, que a opção da separação soa melhor e mais saudável. O casamento deles entra na rotina e esfria. Ele ama tudo que ela é. “Amor à primeira vista”, diz. Ele canta, mostrando o seu lado mais adolescente da definição de amar alguém. “Morrer é para idiotas. Não morra”, desespera-se. “Gosto quando você insulta e elogia ao mesmo tempo. Deixa tudo igual”, com essa frase, o próprio filme é definido a quem está sentado na cadeira de cinema entre um beijo apaixonado de seu amante e entre uma pipoca e outra. O detalhe é que esse longa não é “fofo”.

O roteiro traspassa pessimismo, pela escolha de se querer estar com alguém. É depressivo e sôfrego na maioria do tempo. O casal resolve ir a um motel, ornamentado como futurista, para que possam discutir o futuro deles. Não há nada mais metafórico do que isso. A falta de sutileza é o ponto alto, que permite que num lugar fechado as provocações acontecem. Estão presos com o intuito de sair da prisão que eles criaram ao longo do tempo juntos. Há música incidental de Grizzly Bear, “Only You”, dos The Platters, “You and Me”, com Penny & the Quarters e o próprio ator cantando “You Always Hurt the Ones You Love”. “Quanta rejeição eu mereço ter?”, enraivece-se. Aos poucos, o quebra-cabeça vai send montado. Há o desgaste do inicio, o estágio de afastamento, a maturidade e a percepção do que realmente está acontecendo com eles. O que incomoda é a dificuldade em acabar o filme, que se prolonga entre passado, presente e futuro. Mas isso não chega a atrapalhar o contexto, que ganha pontos com a cena final do beijo. É poética, simples e “fofa”, tendo fotos estilizadas com fogos de artifícios. Atenção: aguarde até o termino dos créditos. Concluindo, um filme que trabalha o amor degastado, mostrando a causa e buscando a solução para que, assim, seja possível agradar aos corações apaixonados mais ávidos por felicidade programada. Vale muito a pena assistir. Recomendo. Indicado ao Globo de Ouro de Melhor Ator – Drama (Gosling) e Atriz – Drama (Williams) e Indicado ao Grande Prêmio do Júri do Festival de Sundance. Estava originalmente programado para ser rodado no primeiro semestre de 2008, mas sua produção foi adiada devido à morte de Heath Ledger. Os produtores e o diretor decidiram esperar pela recuperação de Michelle Williams, viúva do astro, que estrela o filme.

O Diretor

Derek Cianfrance é um diretor, roteirista e editor de cinema americano.

Filmografia

2011 – O Metaleiro
2011 – Cagefighter (documentário)
2010 – Namorados Para Sempre
1998 – Brother Tied

  • O filme é ótimo. Mas, convenhamos, se considerarmos o público médio brasileiro, ainda mais atraído pelo dia dos namorados, muitos vão se decepcionar com tantas agruras não previstas pela "propaganda enganosa" espalhada em cartazes pela cidade toda. A maioria deve estar esperando algo doce e fofo, e vão ter um maduro debate sobre o amor Versus o tempo. — A conclusão disso ao menos é positiva, pois vai atrair + gente a ver filmes + desafiadores como esse, que normalmente não encheriam salas de cinema (vide a dificuldade que teve de chamar atenção do boca-a-boca e de festivais nos próprios EUA).

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