MOSTRA DO FILME LIVRE 2016: Cerimônia de Abertura
Por Fabricio Duque
Rio de Janeiro, 09 de março de 2016

Os curadores da Mostra do Filme Livre não imaginariam quando a criaram em 2002, com o apoio creditado do Centro Cultural Banco do Brasil no Rio de Janeiro, que quinze anos depois, a ode à paixão cinematográfica estaria em quatro cidades de nossa terrinha e também em terreno chileno sobre a crescente e consistente produção independente do nosso cinema.
A maratona começa no Rio de Janeiro (9 de março a 4 de abril) seguindo quase ao mesmo tempo para São Paulo (16 de março a 7 de abril); depois indo para Brasília (13 de abril a 2 de maio), finalizando na capital mineira (25 de maio a 13 de junho). A MFL será gratuita e vai também percorrer o circuito de Cineclubes Livres, que em 2015 teve 2.700 espectadores em mais de 60 cidades.
A cerimônia de abertura, com comemoração à moda “festa de debutante”, aconteceu na quarta-feira, dia 09 de março de 2016, e conservou a atmosfera-estado “caseiro” de liberdade existencial-comportamental por “valorizar e potencializar” os filmes experimentais (em estilos, narrativas, conteúdos, temáticas, conceitos, autoralidade) que não tinham “demanda na época”.
A apresentação do evento iniciou-se com o discurso de “orgulho”, apaixonado e sincero do diretor de programação do CCBB do Rio de Janeiro, Dannon Lacerda, que disse “se a arte não experimentar, vira novela” e que “filme bom é aquele que na mesa de bar cria divergências de ideias, senão é entretenimento”.
Mas o “astro-mor” da noite foi o coordenador geral e produtor executivo Guilherme Whitaker, que mesmo com sua típica hiperatividade, talvez nervosismo, não “parava quieto”, deixando as fotos com ar de movimento (praticamente uma metáfora à estrutura objetivada), contudo esse “detalhe” não impediu a passionalidade, quase sensorial-sinestésico, de seu discurso também apaixonado-catártico. O público podia sentir suas palavras que explicavam que a MFL “começou a ser produzida seis meses antes para selecionar mais de 200 filmes mais ‘porretas’ dos 1.342 inscritos”.
Um dos destaques foi a transmissão pela internet em tempo real do evento para “bilhões de espectadores”, frase essa que gerou risos na plateia. “A gente sabe como é difícil a arte e a cultura serem valorizadas. Tem que ir à rua e ver pelas beiradas e nas entrelinhas”. Outra novidade foi a “parceria com a UFF – Universidade Federal Fluminense” e pela Sessão Latina com o professor Pedro Dantas. Guilherme diz que “não sabia como esses filmes aconteceram em nossas inscrições” e gera mais risos. E continua que “a mostra tem que ser mais representativo desse cinema mais poético”.
“Cinema é muito mais que diversão”, caso contrário vira “entretenimento”. “Temos agora nossa forca nas ‘internetes’ da vida” e “ir ao cinema é necessário principalmente ao nosso país”. Alguém da plateia faz uma intervenção e grita “um cinema de libertação”. Guilherme finaliza “de patinho feio de galera em 2002, estamos aqui lutando por um cinema possível de menos caô. Boa vida pra gente!” e “Obrigado aos nossos curadores Gabriel (Gabraz) Sanna, Francisco Serra, Guiwhi Santos, Ricardo Mansur e Diego Franco” e aos “projecionistas”.
Quanto a seleção da sessão “VIP” de abertura, os holofotes ficaram iluminando as vinhetas-sacadas livres, espontâneas, espirituosas, sarcásticas, um pouco “sacanas”, de Christian Caselli, que reverberou a estética de colagem do cineasta Luiz Rosenberg Filho. E sobre os filmes que complementaram a experiência, o tema foi o submundo-subsolo-existencial-escombro de personagens que vivem um mundo pós-apocalíptico em profundezas política, solitária e “fantasma”). Foram três exemplos do que a MFL quer explicitar.
O primeiro micro-curta foi “Je Proclame La Destruction”, de Arthur Tuoto, um “gif movie”, que foi exibido em loop-instalação na Semana dos Realizadores 2015, e que agora está disponível no cinema, gerando na plateia um desconforto pela auto-repetição. O segundo curta-metragem foi “Subsolos”, de Simone Cortezão, que personifica o silêncio como discurso. E por último, “Auto Copa Park”, de João Atala, que representa a insatisfação-cômoda trabalhista pelo excelente ator Remo Trajano (não me furto a dizer que tem maestria indicativa a la Irandhir Santos).
Então, o que o espectador-cinéfilo-leitor está esperando para se embrenhar na Mostra do Filme Livre 2016?
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Pelo Vertentes do Cinema
  
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