Mostra “20X Pornochanchada” na CAIXA Cultural Rio de Janeiro
O termo “chanchada” surgiu para designar comédias de caráter popular que predominaram as telas, da década de 1930 ao início da década de 1960. A partir desse período, mudanças comportamentais, no Brasil e no mundo, fizeram com que esse gênero cinematográfico incorporasse pinceladas eróticas, surgindo então o termo “pornochanchada”. “Implícito em uma peculiar forma de entretenimento de nosso passado recente, reside um bem-sucedido exemplo de diálogo com o público, um extinto e eficaz modelo de se fazer cinema, um tosco ou inocente retrato do que nos atraiu, um estranho registro do que um dia fomos”, diz Alfeu França, curador da mostra.
Cartazes
Os cartazes foram um grande suporte de comunicação de massa da época e, frequentemente, traziam consigo um alto grau de liberdade, ousadia e experimentação em sua forma, conforme explica Rafael Cardoso em seu texto no catálogo. Baixo orçamento não se traduzia necessariamente em baixa qualidade gráfica.
A exposição oferece a uma nova geração a oportunidade de entrar em contato com o universo dos cartazes, os quais, hoje em dia, não funcionam mais como atrativos para levar massas de espectadores ao cinema. “Com o catálogo, desejamos oferecer a oportunidade única de registrar esse material em forma impressa, dando acesso ao grande público, entre estudantes e profissionais das áreas de design gráfico e cinema”, diz a curadora Giselle Macedo.
A exposição faz também uma homenagem a José Luiz Benicio da Fonseca, o Benício, com a exibição de 13 cartazes do ilustrador, um dos mais requisitados pela indústria do cinema da época das pornochanchadas. Segundo ele, a composição vinha a partir do tema do filme. “Eu primeiro lia a sinopse. Eu nunca vi filme nenhum pronto! Pois o filme ainda nem existia. Eu me baseava muito em foto de algum ‘still’. E daí eu ia compondo o cartaz”, explica.
Um pouco da história
No final da década de 1960, o cinema brasileiro representava a revolução nos costumes. Sob um governo militar, que desencorajava qualquer debate na arena das ideias, esse novo formato de cinema, de forte apelo popular, encontrou terreno desimpedido para crescer. Dois pólos de produção foram os principais responsáveis pela profusão desses títulos: a Boca do Lixo (região central da cidade de São Paulo) e Beco da Fome (rua Álvaro Alvim, próximo à Cinelândia, no Rio).
A abundância de lançamentos resultou em uma explosão de novas estrelas: Helena Ramos, Adriana Prieto, Aldine Müller, Rossana Ghessa, Nicole Puzzi, Vera Fischer, Darlene Glória, Patrícia Scalvi, Zilda Mayo, Matilde Mastrangi. Infiltrados nessa constelação feminina, brilhavam os galãs Carlo Mossy e David Cardoso – também empreendedores de sucesso a frente de suas produtoras, Vidya e Dacar.
Em 1978, os filmes “Amada Amante”, de Claudio Cunha, e “Bem Dotado, o Homem de Itu”, de José Miziara, levariam juntos mais de 5 milhões de pessoas às salas de exibição. A própria Embrafilme, diante das cifras e do sucesso das pornochanchadas, passou a financiar produções com toques de erotismo, destinadas a conquistar também um público espectador de classe média.
SERVIÇO
CAIXA Cultural Rio de Janeiro – Cinema 1
Data: de 13 a 22 de maio
Entrada: R$ 4,00 (inteira) e R$ 2,00 (meia entrada)
Lotação: 83 lugares, sendo 2 (dois) para cadeirantes
Classificação: 18 anos
Exposição de Cartazes
CAIXA Cultural Rio de Janeiro – Galeria 1
Data: de 13 a 29 de maio
Horários de Visitação: De terça a sábado, das 10h às 22h; domingo, das 10h às 21h
Entrada Franca
Endereço: Av. Almirante Barroso, 25, Centro (Metrô: Estação Carioca)
Telefone: (21) 2544 4080
Acesso para portadores de necessidades especiais.
PROGRAMAÇÃO
Sexta feira 13/05
15h Amada Amante (Claudio Cunha, 1978)
17h Giselle (Vitor di Mello, 1980)
19h Mesa Redonda – Título: “Pornochanchada – Paixão Nacional”, com a participação de Carlo Mossy (diretor, produtor e ator), Nicole Puzzi (atriz), Andrea Ormond (pesquisadora e critica de cinema) e Beatriz Kushnir (historiadora). Mediador: Eduardo Souza Lima (jornalista e diretor de cinema).
Sábado 14/05
15h Soninha Toda Pura (Aurélio Teixeira, 1971)
17h Possuídas pelo Pecado (Jean Garret, 1976)
19h Ninfas Diabólicas (John Doo, 1979)
Domingo 15/05
15h Dezenove Mulheres e um Homem (David Cardoso, 1977)
17h Sábado Alucinante (Claudio Cunha, 1979)
19h Damas do Prazer (Antonio Meliande, 1978)
Terça feira 17/05
15h Embalos Alucinantes (José Miziara, 1979)
17h A Super Fêmea (Aníbal Massaini Neto, 1973)
19h Bate-papo com o ilustrador e cartazista Benício
Quarta feira 18/05
15h O Olho Mágico do Amor (José Antônio Garcia e Ícaro Martins, 1982)
17h Ainda Agarro Essa Vizinha (Pedro Carlos Rovai, 1974)
19h Giselle (Vitor di Mello, 1980)
Quinta feira 19/05
15h Escola Penal de Meninas Violentadas (Antonio Meliande, 1977)
17h Soninha Toda Pura (Aurélio Teixeira, 1971)
19h Damas do Prazer (Antonio Meliande, 1978)
Sexta feira 20/05
15h Dezenove Mulheres e um Homem (David Cardoso, 1977)
17h Amada Amante (Claudio Cunha, 1978)
19h Ninfas Diabólicas (John Doo, 1979)
Sábado 21/05
15h O Inseto do Amor (Fauzi Mansur, 1980)
17h Snuff – Vítimas do Prazer (Claudio Cunha, 1977)
19h Sábado Alucinante (Claudio Cunha, 1979)
Domingo 22/05
15h Possuídas pelo Pecado (Jean Garret, 1976)
17h Convite ao Prazer (Walter Hugo Khouri, 1980)
19h Sessão de Encerramento: A Ilha dos Prazeres Proibidos (Carlos Reichenbach, 1978)