Direção: Christophe Honoré
Roteiro: Christophe Honoré, Geneviève Brisac
Elenco: Chiara Mastroianni (Léna), Marina Foïs (Frédérique), Marie Christine Barrault (Annie), Jean-Marc Barr (Nigel), Fred Ulysse (Michel), Julien Honoré (Gulven), Marcial Di Fonzo Bo (Thibault), Alice Butaud (Elise), Louis Garrel (Simon)
Fotografia: Laurent Brunet
Montagem: Chantal Hymans
Vestuário: Pierre Canitrot
Música: Alex Beaupain
Produção: Pascal Caucheteux
Duração do filme: 108 minutos
País: França
Ano: 2009
COTAÇÃO: BOM
A opinião
O novo longa do diretor Christophe Honoré segue a mesma linha de seus filmes. As mulheres sofrem, deprimen-se e externalizam a insatisfação por todas as coisas, incluindo família e amigos. O individualismo é retratado de forma egoísta, ingênua, quase patética.
Aborda a vida de Lena (Chiara Mastroianni) que após a separação de Nigel tenta seguir a vida com seus dois filhos, Anton e Augustine. Ela deixa Paris e segue para a Bretanha, interior da França. Ao chegar na casa de sua infância, reencontra os pais, a irmã casada e acompanhada dos filhos, e o irmão irônico Gulven. Sua mãe, uma mulher autoritária, convida Nigel, ex-marido de Lena, na tentativa de reconciliar o casal. Lena, que foi para o campo tentar reconstruir sua vida, terá agora que lidar e enfrentar o controle de sua família.
Há vários instantes de filmes dentro deste longa. As digressões são opostas: tangíveis e abstratas quando deseja-se inteirar-se das tramas. Uma das divagações é a história que dá nome ao título. A crueldade humana destruindo os amores e as felicidades dos puros buscadores da esperança. A quebra do sentimento utópico ambienta a atmosfera apresentada, que se volta ao bucolismo. O retorno à ruralidade, enfocando a natureza e a paciência com os animais. Os indíviduos falantes esquematizam-se em meros culpados pelo abandono das raízes naturais.
As neuroses verborrágicas de mães pela explicação resignada do marido (uma figura masculina) expõe a banalidade das questões existenciais que apresentam-se estranhas, perdidas e sem aprofundamento. Os diálogos não se sustentam, porque as próprias idéias não são tão sólidas – característica inerente aos franceses, inexistindo temporalidade quando descreve a altivez da crença unilateral das opiniões deles.
“As mães são seres idiotas sem cérebro”, “Apaixonada, mas lúcida”, “Se adaptar a qualquer besteira, porque a vida é uma besteira”, sobre assistir televisão, diz-se ao longo do filme descrevendo um projeto autoral, intensamente amador nas ações e principalmente na camera. Há outras digressões como fotos em preto-e-branco de arquivo de família e flashbacks em tramas reais. Muitas conversas soam pretensiosas num ‘mónologo de dois’ com uma nudez natural conotativa.
É confuso e longo, porém poético e surreal. Chato em muitos momentos. “Vou me divorciar, estou cheia do ciúme e da mediocridade”. A música que finaliza tenta salvar o que já estava salvo em alguns instantes atrás. O resultado é o retorno ao clichê e o entendimento de não respeito à inteligência de quem assiste.
Por que assistí-lo? Pela interpretação dos atores. Estão convincentes, aprofundados e extremamente competentes, burlando todo o amadorismo de um diretor conceituado que é um dos melhores de sua época. Vale a pena. Recomendo. Mesmo com todos os erros (ou a falta de) cometidos.
Christophe Honoré nasceu na Bretanha, França, tormou-se professor de cinema na La Fémis. Escritor de romances e livros infanto-juvenis, iniciou seu trabalho no cinema com o longa-metragem “17 Fois Cécile Cassard”, exibido na mostra Um Certo Olhar do Festival de Cannes 2002.
Em parceria com a diretora Anne-Sophie Birot, assinou o roteiro de “Garotas Não Sabem Nadar” (2000). Alcançou sucesso internacional com “Ma Mère” (2003), estrelado por Isabelle Huppert. Em 2006, dirigiu e escreveu o filme “Em Paris”. No ano seguinte, participou da Competição Oficial do Festival de Cannes com o musical “Canções de Amor”. Participou como ator em “Bem Me Quer, Mal Me Quer “(2004).
“A França não é o melhor país para se fazer filmes. Tenho conseguido fazer meus filmes, porque custam barato e têm o aporte da TV, mas o que o público aqui quer ver são as grandes comédias pipocas, e elas não me interessam.
“Tudo o que não gostaria era de ser considerado misógino, mas, sim, me atrai essa ideia de uma juventude perdida. Acho que não estaria refletindo o mundo atual, se não mostrasse isso.”
Sobre Louis Garrel e Clotilde Hesme, que mais que atores-fetiche são cúmplices, ele é definitivo: “Gosto de tê-los sempre comigo. Eles me conhecem tanto. Acho que é uma forma de assegurar que vou conseguir fazer os filmes como quero.”
Chiara-Charlotte Mastroianni (Paris, 28 de Maio de 1972), é uma atriz francesa, filha da atriz Catherine Deneuve e do ator italiano Marcello Mastroianni.
Em 1979 fez uma pequena participação no filme À Nós Dois, estrelado por sua mãe, e em 1987 também fez uma pequena participação no filme Olhos Negros, estrelado por seu pai, como uma das garotas das flores. Mas estas participações sempre forão eventuais, principalmente, porque freqüentemente visitava os pais nos sets de seus filmes. Seus pais não queriam que seguisse seus passos na carreira artistica, Catherine preferia que Chiara fosse arqueologa e Marcello professora de italiano.
Seu primeiro grande papel no cinema venho em 1993, Minha Estação Preferida, de Andre Tchiné, onde interpreta uma adolescente problemática e cujo a mãe é interpretada pela própria Catherine Deneuve, por este papel foi indicada ao prêmio César, o maior prêmio do cinema francês. No começo de sua carreira também atuou ao lado de seu pai, Marcello Mastroianni, em Prêt-à-Porter e Três Vidas e Só uma Morte.
É meia-irmã do ator Christian Vadim e de Barbara Mastroianni.
Tem um filho com o escultor francês Pierre Torrenton chamado Milo. Namorou o ator Benicio Del Toro de 1998 até o inicio de 2001, eles se conheceram no Festival de Cinema de Cannes de 1998. Em 11 de maio de 2002, Chiara casou-se com o músico francês Benjamin Biolay, o casal teve uma filha Anna. Os dois se divorciaram em 2005.
Filmografia
1979 – À Nós Dois (sem créditos)
1987 – Olhos Negros (sem créditos)
1993 – Minha Estação Preferida
1994 – Prêt-à-Porter
1995 – Não Esqueça Que Você Vai Morrer
1995 – Amor Imortal
1996 – O Jornal de um Sedutor
1996 – Três vidas e Uma Só Morte
1996 – Os Ladrões (sem créditos)
1997 – Estrada para Lugar Nenhum (1997)
1998 – On a très peu d’amis
1998 – À vendre
1999 – O Tempo Redescoberto
1999 – A Carta
1999 – Libero Burro
2000 – Scénarios sur la drogue
2000 – Six-Pack
2001 – Hotel
2001 – Atlantis 3: O Novo Mundo (voz: versão em inglês)
2002 – Le Parole di mio padre
2002 – Estranhas Ligações
2003 – É mais fácil um camelo
2005 – Akoibon
2007 – L’Heure Zéro
2007 – Canções de Amor – Jeanne
2007 – Persepolis (voz)
2008 – Um Conto de Natal
2008 – A Bela Junie – Jovem garota no café
2009 – Minha Filha, Você Não Irá Dançar