Curta Paranagua 2024

Meu Primeiro Casamento
Ficha Técnica
Direção: Ariel Winograd
Roteiro: Patricio Vega
Elenco: Natalia Oreiro, Daniel Hendler, Imanol Arias, Martín Piroyansky, Muriel Santa Ana, Gabriela Acher, Gino Renni, Luz Palazón
Fotografia: Félix Monti
Música: Dario Eskenazi
Produção: Diego Radivoy
Distribuidora: Art Filmes
Estúdio: Film Suez / Instituto Nacional de Cine y Artes Audiovisuales (INCAA) / Telefé / Tresplanos Cine
Duração: 102 minutos
País: Argentina
Ano: 2011
COTAÇÃO: ENTRE O BOM E O MUITO BOM
A opinião
Confesso que fico extremamente tenso e nervoso em filmes que se utilizam comédia de situações. O gênero faz com que histórias paralelas sejam encenadas com humor em ambientes comuns como família. A trama, geralmente simples e básica, acontece de uma ação equivocada dos personagens gerando reviravoltas inesperadas, tanto ao espectador, quanto aos próprios participantes do filme. O objetivo é causar aflição, manipulando a emoção, caso a caso. O diretor argentino, Ariel Winograd, de “Cara de queso: Mi primer ghetto”, seu primeiro longa-metragem, volta a trabalhar com o ator Daniel Hendler (de “Ninho Vazio”, “Leis de Família”, “Rainhas”, “Cabeça à prêmio”, este último de Marco Ricca) em “Meu Primeiro Casamento”, interpretando um dos protagonistas, Adrian, que muito nervoso, comete um pequeno erro no dia de seu casamento e resolve ocultar o fato de sua noiva, Leonora (Natalia Oreiro, cantora na vida real, e atriz de “Miss Tacuarembó”, “Música en espera”), para evitar grandes problemas. A situação, no entanto, se complica e a festa – e o próprio casamento – corre o risco de terminar mal. A narrativa segue as características nacionalistas do cineasta, Este fato pode ser embasado com a informação de ter sido o filme de maior bilheteria em 2011, na Argentina, país de humor cínico, sarcástico e exagerado, com enorme sensibilidade para descrever, adjetivando, sentimentos existenciais, sem deslanchar ao clichê, inovando ao mudar a ordem clássica do casamento: primeiro a festa, depois a cerimônia religiosa.
São certeiros, simétricos e cirúrgicos neste aspecto. Chega a ser meio redundante dizer que os realizadores estão acostumados com comédia perspicaz, inteligente, de embates cúmplices de “estragar” a mínima tendência ao sentimentalismo barato. No filme em questão aqui, não poderia ser diferente. Ariel e o roteirista Patricio Vega (de “Musica en espera” e co-roteirista em “O Sinal”, de Ricardo Darín) imprimiram os elementos certos, como humor refinado e pelos tipos definidos como realmente são, grifados pelas particularidades. Não são caricaturas, são adjetivos intrínsecos das ações que fazem com maior frequência. Tem o que bebe, o que gosta de “erva”, o crítico, a fofoqueira, o lento, são detalhes que perseguem os seus donos. Já no início, o roteiro direciona o espectador a esperar os dissabores da realidade com o cinismo da fantasia (animação), quando conta o passado deles de relacionamentos que não deram certo, até a tempestade de um conhecer a tempestade do outro, e o sol aparecer. É poesia crua, bruta, natural e apaixonante pelo grau de entrosamento entre eles. Os atores estão ótimos. Rodrigo Santoro disse uma vez, na coletiva do filme Heleno, que “se não houver bate e rebate, não há como fazer a cena”. É verdade, o casal protagonista é espontâneo, desesperado, paciente e acima de tudo, há química entre eles. Talvez eu possa contar agora porque este gênero cause tamanha aflição.
Talvez pelo único motivo de desejar finais felizes. Só que o cinema argentino, na figura de Ariel, vai mais à frente, desconstruindo a figura fantasiosa do casamento e do amor para reconstruir de forma humanizada a base de tudo. “É só uma aliança”, diz-se em certo momento. Na maioria das vezes, o casamento significa mostrar ao outro o comprometimento, desvirtuando a ideia principal que sem a roupa, sem a pompa, sem o glamour, o que fica é a rotina, o dia-a-dia com problemas cotidianos e recorrentes. No final, o espectador, assim como os personagens, aprende a simplificar, abstraindo a tão desejada pseudoperfeição. A preocupação excessiva com a forma instiga o questionamento à confusão equivocada do querer. Contraditório e altamente descartado. Concluindo, um filme leve, divertido, com inúmeras disputas religiosas (e caricaturas, aí sim) entre um rabino, um padre e um ateu, dentro de um carro, perdidos em uma estrada de terra. Vale à pena assistir. Recomendo. Indicado nas categorias de Melhor Ator Coadjuvante – Martín Piroyansky,Melhor Direção de Fotografia,Melhor Figurino, Melhor Trilha Sonora na Academia De Cinema Da Argentina 2011. O diretor Ariel Winograd faz uma ponta no filme, como o chofer.
Trailer
O Diretor
Ariel Winograd nasceu em 23 de agosto de 1977, Buenos Aires, Argentina.
Filmografia
2011 – Mi primera boda
2006 – Cara de queso -mi primer ghetto
2004 – Fanáticos
1999 – Dracool (curta)
1998 – 100% lana (curta)

Pix Vertentes do Cinema

Deixe uma resposta