A antropologia urbana discute o uso, a percepção e a representação das metrópoles e de seus personagens por meio midiáticos. A importância do outro, do próximo, aquele que troca a convivência, serve como fio condutor para que se possa explicar os efeitos e conseqüências do meio o qual vivemos. Um exemplo é o filme “A Vila”, do cineasta M. Night Shymalan, que apresenta uma comunidade intramuros, que vive sobre regras sociais impostas por ditadores, manipulando assim vontades e contextos. É uma crítica feroz à sociedade de consumo. O ser humano é um prato cheio ao antropólogo, porque fornece experiência real, como se fosse um estágio de campo, definido por Claude Lévi-Strauss em “que representa um momento crucial de sua educação, antes do qual ele poderá possuir conhecimentos descontínuos, que jamais formará um todo, adquirindo um sentido que lhes faltava anteriormente”. A diversidade de subjetividades e individualismos pode dificultar o processo de estudo etnográfico. Contudo, essas características intrínsecas corroboram a entender a visão de Edgar Morin, que validou a produção cultural com fins lucrativos, acreditando no prejuízo das outras culturas na relação com a cultura de massas, ao escrever o livro “Cultura de Massas no Século XX”, em 1962, que é considerado, por Mauro Wolf, a base da Teoria Culturológica. Morin acreditava também na homogeneização dos costumes e visões, partindo de “um conceito implícito da agulha hipodérmica”. O seu livro aponta características surgidas com a industrialização, seguindo normas capitalistas e é destinada a “um aglomerado gigantesco de indivíduos compreendidos aquém e além das estruturas internas da sociedade”, disse o pensador em questão. Morin consolida os produtos massivos como cultura, criticando os intelectuais por julgarem a existência somente da cultura culta, que ele diz ser guiada pela estética, qualidade, criação, espiritualidade e elegância e produzida pelos intelectuais. A característica industrial tem sua criação submetida à técnica e à burocracia, “predominando a organização racional do produto sobre a invenção”. O filme, por exemplo, começa no roteiro, mas passa pelo trabalho de muitas pessoas e interferências burocráticas relacionadas ao custo de produção e a divulgação, o que acaba por limitar a criatividade do autor. Para Morin, isso vai contra a necessidade humana do consumo cultural individualizado. Então, a indústria cultural fornece fórmulas óbvias e cômodas que fazem mudanças para individualizar o produto, como atrizes e atores famosos, no caso dos filmes, ou finais diferentes. “A contradição invenção-padronização é a contradição da cultura em massa. É seu mecanismo de adaptação ao público e de adaptação do público a ela”, disse Morin. O público desse conteúdo é o chamado homem médio, ou homem universal, um conceito antropológico que explica que um homem responde às imagens pela identificação ou projeção, resultante de cifras de venda, visão em si mesma homogeneizada, que “procura tornar assimiláveis os mais diferentes conteúdos”. Ele apresenta a tese que o produto de uma dialética produção-consumo está no centro de uma dialética global que é a da sociedade em sua totalidade. As culturas se influenciam, tendendo a mistura a corroer outras culturas. Quando se democrática a cultura, a vulgariza. “A obra lenta e densa é substituída pela condensação agradável e simplificadora. Os processos de vulgarização são: simplificação, modernização, maniqueízação e atualização.
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