Direção: Doug Liman
Roteiro: Jez Butterworth, John-Henry Butterworth
Elenco: Naomi Watts, Sean Penn, Ty Burrell, Bruce McGill, Brooke Smith, Michael Kelly, David Denman, Noah Emmerich
Fotografia: Doug Liman
Música: John Powell
Direção de arte: Kevin Bird
Figurino: Cindy Evans
Edição: Christopher Tellefsen
Produção: Bill Pohlad, Janet Zucker, Jerry Zucker, Akiva Goldsman, Doug Liman, Jez Butterworth
Distribuidora: Paris Filmes
Duração: 108 minutos
País: Estados Unidos
Ano: 2010
COTAÇÃO: ENTRE O BOM E O MUITO BOM
“Jogo de Poder” aborda as manipulações políticas que o governo de Bush filho realizou ao afirmar que o Iraque – e Saddam Hussein – estava construindo armas de destruição em massa por compra de uranio refinado. Os Estados Unidos, por meio da CIA, Agência Central de Inteligência. A identidade secreta da agente Valerie Plame (Naomi Watts) é revelada por oficiais da Casa Branca após seu marido, Joseph Wilson (Sean Penn), ter escrito no The New York Times, em 2003, sobre a acusação ao governo. É baseado em uma história real, tanto que no final do filme, o depoimento da real Valerie é apresentado. O longa inicia-se com o ex-presidente Bush discursando sobre a paz pretendida, acompanhada da música “I am happy…”, do grupo inglês Gorilaz. Junto a isso, imagens ágeis do que acontece no mundo naquele momento são passadas, resumindo jornalisticamente a trama, com foco no acontecimento de 11 de setembro. A fotografia satura-se à claridade de uma luz artificial (uma lâmpada), fornecendo uma atmosfera de elegância alaranjada. Valerie e Joseph conversam em uma mesa com “supostos” amigos sobre “homens de turbantes suando em aviões”. Um tema extremamente polêmico que deixa o marido irritado por não captar embasamento informativo nas colocações – as considerando racistas.
Tomamos conhecimento por uma outra conversa só que no carro deles. Porém a “briga” não é mostrada. Assim, o espectador é direcionado à competência do roteiro e não à apelação explicita. Eles necessitam criar identidades falsas para disfarçar aos conhecidos. Ela precisa ser uma funcionária do mundo financeiro. Iraque, Cairo, eles vão ao lugar que precisam a fim de investigar se as informações são verdadeiras ou não. A camera, ora observadora, ora comportando-se como personagem sem opinar, torna-se agitada ao retratar uma reunião perspicaz e sagaz. Com essa cena, nossa inteligência é respeitada. Buscam provas sobre a compra, por baixo dos panos, de uranio levemente refinado, elemento responsável para fazer bombas nucleares. O roteiro é uma bola de neve, pois fornece realismo aos diálogos gerando material bruto para os atores. No quesito interpretação, não há queixas ou falhas. Estão conectados vivenciando plenamente os seus papéis projetados. “Saber porque está mentindo e nunca esquecer da verdade”, diz-se. Em outro momento, a camera embrenha-se pela guerra, transmitindo o medo real de um pai com seu filho no carro. Com toda crítica, o filme permite a dúvida. “E se for outro país africano?”, pergunta-se. Se fosse isso, Bush estaria certo. Os fatos mudam.
O governo precisa de um “bode expiatório” e a culpa é transferida a quem sempre ajudou. Não há escrúpulos. Esse é o jogo de poder. É uma batalha: a palavra versus quem pode mais. Quem gritar mais alto pode ganhar a questão? Joseph irrita-se com a utopia sonhadora de quem não conhece a fundo o submundo da política e nem esteve cara-a-cara com Saddam. Ele enfrenta a Casa Branca a fim de salvar a sua esposa. Ela vive o dilema: expor ou silenciar. “Contra a proliferação da CIA”, diz-se. Concluindo, é um filme sobre os bastidores de uma guerra que o mundo conheceu por suas causas terem sido inventadas. É direto, leve, verborrágico, não apela ao sentimentalismo, muito menos ao clichê. Constata um momento na vida do casal tendo como pano de fundo a questão do Iraque. A mensagem que fica é a que nem sempre dizer algo confidencial é delatar. Um bom filme. Recomendo. Baseado nos livros The Politics of Truth, de Joseph Wilson, e Fair Game: My LIfe as a Spy, My Betrayal by the White House, de Valerie Plame Wilson. Inicialmente seriam Nicole Kidman e Russell Crowe. Este é o 3º filme em que Sean Penn e Naomi Watts atuam juntos. Os anteriores foram 21 Gramas (2003) e O Assassinato de Richard Nixon (2004). As filmagens ocorreram entre 15 de março e junho de 2009. Foi o único filme americano a competir pela Palma de Ouro no Festival de Cannes 2010.
Doug Liman nasceu em Nova Iorque, 24 de Julho de 1966. Dirigiu filmes de sucesso como “A Identidade Bourne” (2002), “Sr. e Sra. Smith” (2005) e “Jumper” (2008). Liman se uniu para dirigir Swingers, quando o seu roteirista Jon Favreau recusou as ofertas de estúdios que queriam elenco de atores estabelecidos. O diretor concordou em lançar com Favreau e seus amigos (Vince Vaughn, Ron Livingston, e Patrick Van Horn) esta comédia sobre a luta entre os atores do meio do clube de LA. O resultado foi um filme de 250 mil dólares. Ele dirigiu o thriller de ação “A Identidade Bourne” (2002), uma adaptação do romance do autor Robert Ludlum’s. Veio “Sr. e Sra. Smith” (2005). Assinou contrato para dirigir o episódio piloto da série de televisão da NBC, Heist, que é sobre uma tentativa de roubar três lojas de jóias em swanky Beverly Hills ‘Rodeo Drive. Liman é membro do conselho do Centro de Ação Legal e está ativamente envolvido no programa de bolsas de graduação Arthur Liman.
Filmografia
1994 – Getting In
1996 – Swingers
1999 – Vamos Nessa
2002 – A Identidade Bourne
2004 – A Supremacia Bourne (produtor)
2005 – Sr. e Sra. Smith
2007 – O Ultimato Bourne (produtor)
2008 – Jumper
2010 – Jogo de Poder