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Inverno da Alma

Ficha Técnica

Direção: Debra Granik
Roteiro: Debra Granik, Anne Rosellini, Daniel Woodrell
Elenco: Jennifer Lawrence, John Hawkes, Kevin Breznahan, Dale Dickey, Garret Dillahunt, Sheryl Lee, Lauren Sweetser
Fotografia: Michael McDonough
Música: Dickon Hinchliffe
Produção: Alix Madigan, Anne Rosellini
Distribuidora: Califórnia Filmes
Duração: 100 minutos
País: Estados Unidos
Ano: 2010
COTAÇÃO: REGULAR

A opinião

“Inverno da Alma”, baseado no romance de Daniel Woodrell, é um típico filme que explora ao máximo a interpretação de seus atores. E só deles. A história comporta-se como segundo plano. A diretora Debra Granik ganhou notoriedade com “Down to the bone”, um drama realista sobre a toxidependência. O realismo é um dos elementos pretendidos por ela. Para que isto aconteça, o espectador espera convencer-se de que o universo apresentado seja uma extensão das ações – e diálogos – realizadas no dia-a-dia. O roteiro consegue conduzir nesta direção somente no início da trama, desmascarando a interpretação ao passar os instantes. Como disse, é muita responsabilidade aos protagonistas e coadjuvantes. A atmosfera interpretativa torna-se encenada, excessiva, de efeito, revelando a ingenuidade de se acreditar que o que está sendo representado possa, de alguma maneira, despertar, no espectador, a sensação da credibilidade natural. Percebe-se o esforço dos atores, suando a camisa, a fim de levar a história até o final. Ree Dolly (Jennifer Lawrence) tem 17 anos e quer encontrar seu pai, um homem de meia idade que sumiu no mundo após usar a casa da família como fiança. Ela começa a seguir rastros deixados por ele e descobre uma rede de mentiras e conspiração.

A sinopse acima não ajuda muito. Até porque o roteiro tem falhas, perdendo-se nele mesmo. Uma música folk contry, somente a voz – introspectiva e sôfrega, sem instrumentos musicais, dá inicio a trama, retratando o dia-a-dia nostálgico de uma família no interior do interior dos Estados Unidos. A fotografia amadeirada e seca induz o não possuir nada. Ree precisa cuidar de seus familiares – mãe e irmãos – tendo apenas 17 anos. São vidas sem nada – rural e simples. A comida estragada é dada ao cachorro. O cavalo não come a quatro dias. A mãe que não fala muito. O pai preso que colocou a fazenda como fiança. Ree conta com a ajuda (carne de veado e capim) dos vizinhos bondosos – um entende o problema do outro sem a necessidade de explicação (um simples olhar já funciona). A montagem, direta e elipsada, garante a competência transpassada. Comporta-se quase como um documentário ficcional, convencendo a quem assiste pela naturalidade. “Nunca peça o que deveria ser oferecido”, diz-se. Ela, então, precisa encontrar o pai a fim de resolver essas questões. Daí em diante, a narrativa muda o foco. Reinam clichês, óbvios e diálogos forçados e esforçados. Há violência, a força para mostrar o machismo de um tempo estagnado, maconha para a caminhada. Aos poucos conhecemos os elementos da história. Nos damos conta que fica desinteressante a cada tempo que passa. A fotografia continua competente.

Cores fracas e frias. O pai “cozinhava” Speed (droga). Em sua trajetória, Ree entra no submundo de desconfianças, de revelações e de drogas. As ações e reações exacerbam a encenação, exagerando o nível. Ela ensina aos irmãos a atirar, a escalpelar um esquilo, a não ter medos. Como disse, a interpretação é essencial. O silêncio de efeito e a tentativa de chocar beiram o amadorismo. Há um melodrama vitimado, com imagens apelativas. Os conflitos são resolvidos rapidamente e de forma teatral. Infere a um faroeste moderno (sem verbas). A epifania acontece quando um sonho em preto-e-branco de motosserras, esquilos e neve desvirtua o que já estava perdido. “Eu estaria perdida sem o peso de vocês nas costas”, finaliza-se. Concluindo, é um filme que parece ser exercício de um aluno regular em uma classe de cinema. Tenta ser cult, independente, mas o que consegue é a sensação do espectador de que a diretora necessite de mais algumas aulas. É chato e bobo. Não recomendo. Vencedor do C.I.C.A.E. Award e do Reader Jury of the “Tagesspiegel no Festival de Berlin 2010 e Vencedor do Grande Prêmio do Júri no Festival de Sundance 2010.

A Diretora

Debra Granik, nascido a 06 de fevereiro de 1963, Cambridge, Massachusetts, é umcineasta americana independente . Ela ganhou uma série de prêmios no Sundance Film Festival, incluindo o de Melhor Curta em 1998 para Snake Feed (o seu primeiro filme, feito quando estudava na Universidade de Nova York), o prêmio de Direção em 2004 por Down to the Bone (um conto de dependência que ela co-roteirizou com Richard Lieske), e o Grande Prêmio do Júri em 2010 e Prêmio do Júri concedido em Deauville American Film Festival de 2010 para seu segundo longa, Inverno da Alma. Granik cresceu nos subúrbios de Washington DC. Ela em 1985 formou-se em política. Mais tarde, ela fez pós-graduação em cinema na New York University. Ela é neta do pioneiro das transmissões Theodore Granik (1907-1970).

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