A opinião
É um longa bem longo. Dura um pouco mais de quatro horas. 245 minutos. E é fantástico, muito bem produzido, mas cansa estar no cinema. A câmera observa. Brinca-se com a imagem todo o tempo, com uma fotografia competente. A narração é a alma do filme. É excelente. Incrível como o cinema argentino sabe contar uma história e prender o espectador.
O roteiro é extremamente narrativo descritivo. Consegue-se captar o interior dos personagens, humanizando os seus defeitos e qualidades, com o sarcasmo e a graça da pureza e o humor característico de dizer o que vem a cabeça, sem julgar. São histórias comuns. Outras mais interessantes que são utilizadas para fornecer consistência ao roteiro. Todas são extraordinárias.
Nos Pampas Argentinos, três homens anônimos, X, Z e H, enfrentam seus medos, obsessões e idiossincrasias. X , única testemunha de um assassinato, foge e se esconde com receio de que os assassinos o tenham visto. Z consegue um trabalho enfadonho em uma pequena cidade rural e, para espantar o tédio decide investigar o misterioso passado de seu antecessor no emprego. Já H ocupa-se de uma estranha tarefa: percorrer todo o Rio Salado a bordo de um pequeno barco em busca dos monólitos de um projeto de clube aquático abandonado.
Cada um possui algo para contar, com segredos a serem revelados e ou sentimentos e manias internas expondo-se. São praticamente três filmes, com as suas ramificações. Os ‘módulos’ são interrompidos no melhor da curiosidade. Assim intercalam passo-a-passo as reviravoltas de todas elas. O ser humano é único e por isso cada vida é ímpar. As técnicas de passagem do tempo e de cenas são muito interessantes. Às vezes apresenta-se como o rolo de uma película passando no projetor. É realista, de uma poesia sensível e sincera. A linguagem é usual com um rebuscamento ingênuo, que simplifica o complicado. Os quebra-cabeças montam-se.
“A estrada é toda nova outra vez. Criam-se os inimigos e batalhas”, diz-se. É quase uma hipótese. O descontentamento é dito “Vida na fazenda é metódica e repetitiva como uma peça de teatro”. É longo sim, um pouco chato, mas precisa ser visto. “Toda a aventura do caminho tinha servido para algo”, termino citando uma parte do épico. Recomendo e muito. Vencedor de 2 prêmios no Festival Bafici 2008.
Ficha Técnica
Direção:Mariano Llinás
Roteiro:Mariano Llinás
Elenco:Mariano Llinás, Agustín Mendilaharzu, Walter Jakob
Fotografia:Agustín Mendilaharzu
Montagem:Alejo Moguillansky, Agustín Rolandelli
Música:Gabriel Chwojnik
País:Argentina
Ano:2008
O Diretor
Nasceu em 1975, na Argentina. Formou-se na Univer-sidad del Cine, onde hoje dá aulas de Roteiro. Após dirigir uma série de curtas-metragens, fez em 2002 seu primeiro longa, o documentário Balnearios, exibido no Festival de Rotterdam. Em 2004 realizou o média-metragem La más bella niña, seguido pelo filme El humor (Pequeña Enciclopedia Ilustrada), de 2006, em parceria com Ignácio Masllorens.
1 Comentário para "Histórias Extraordinárias"
Eu fiquei preocupado quando o filme começou e a narração permaneceu ao londo da cena e parecia que não ia terminar… (realmente não terminou),mas o temor passou instantes depois com a evolução do filme.
É cansativo porque são 4h… não tem como não cansar de ficar sentado. O intervalo é necessário pra evitar que as pessoas saiam no meio do filme pra ir ao banheiro, mas acho que teria sido mais proveitoso se tivesse sido dado no primeiro momento sugerido pelo filme e não no segundo. Será que fora desse festival alguém vai ter oportunidade de ver???
Obrigado Fabrício pela companhia. Se vc não tivesse comentado sobre o filme e falado q ia, eu teria assistido outro e provavelmente nunca teria a oportunidade de ver essa "grande obra grande" =)
[]s e valeu!!!