Melhor Longa-Metragem de Ficção (empate)
“A MULHER DO PAI”, de Cristiane Oliveira
Pelo domínio absurdo da direção em conduzir a trama mitigada de gatilhos comuns, clichês e “barrigas”. É um filme de cinema. É cinema em sua essência mais pura, que utiliza do tempo-editado para aprisionar o espectador nas particularidades locais e de suas personagens.
e “VERMELHO RUSSO”, de Charly Braun
Pela maestria despretensiosa de respeitar a jornada do próprio filme (como um pai que fornece liberdade técnica-pessoal a seu filho, neste caso, o filme dentro de um filme, dentro de um teatro, dentro de vidas abordadas), o deixando livre para caminhar pelas próprias pernas, e assim, confundindo com máxima competência a ambiência da realidade versus a ficção (que tampouco o diretor sabe distinguir a diferença), integrando o cotidiano naturalista-espontâneo na arte que imita a vida, e vice-versa.
Melhor Longa-Metragem Documentário
“DIVINAS DIVAS”, de Leandra Leal
Pela estrutura “Belair” de ser em construir um álbum sensível sobre as artistas de sua vida por uma narrativa que se desenvolve pela naturalidade, simplicidade, pela musicalidade e pela elegância, perpetuando assim (e condensando em um documento pessoal) vidas que lutaram demasiadamente para continuar existindo e peitando ser o que sempre nasceram para ser.
Melhor Curta-Metragem
“O ESTACIONAMENTO”, de William Biagioli
Pelo preciso domínio da narrativo à moda fantasiosa-surreal do cineasta Leos Carax, que conduz o espectador a sentir a loucura “maquinária”, preconceituosa e sobrevivente de um imigrante buscando a chance e a integração social.
Melhor Ator
NELSON XAVIER, por “Cameback”
Pela soberba-sutil-arrebatadora interpretação em encarnar magistralmente a personagem. Nelson não encena. Ele é o pistoleiro orgulhoso sem nome.
Melhor Atriz
MARIA GALANT, por “A Mulher do Pai”
Pela entrega absoluta à naturalidade interpretativa, conduzindo o espectador ao universo sensorial, sinestésico e de atmosfera resiliente que se transforma em uma limitada, silenciosa e desesperadora resignação de um tédio vivenciado no lugarejo em que se sente presa.
Melhor Fotografia (empate)
HELOÍSA PASSOS, por “A mulher do pai”
Pela simplicidade não simplista de unir a máxima da naturalidade, espontaneidade e precisão em um longa-metragem que não perde ritmo. Não corre, tampouco é lento. E sim, um retrato ficcional de um tempo pausado-editado com sensibilidade, leveza e competência.
e
WALTER CARVALHO, por “Redemoinho”
Pela maestria já conhecida de poetizar o visual, criando metáforas da epifania existencial com a concretude do tempo interiorano de comportamentos já acostumados e limitados à própria ambiência dominante.
Melhor Montagem
“ERA O HOTEL CAMBRIDGE”
Pela integração absoluta de mesclar realidade e ficção em um documento visual de catarse político-social, que atordoa o público pela emoção agressiva-passional de uma câmera personagem, quase mosca.
Melhor Roteiro
“COMEBACK”
Pela precisão técnica de ritmo equilibrado em manter do início ao fim a ideia do não julgamento de uma temática controversa, que provoca no público a saída de zona de conforto e aceitar de forma humanizada a normalidade de um mundo politicamente incorreto.
Melhor Filme Novos Rumos
“LOVE SNAPS”, de Daniel Ribeiro e Rafael Lessa
Pela experimentação artística-narrativa de inovar a estética visual, todo filmado pelo aplicativo Snapchat, conseguindo assim convergir uma nova mídia e abrir possibilidades de janelas de exibição e realização.
Sobre o Troféu
O modelo único foi criado pelo artista plástico Raphael Cavalcanti, carioca, que só trabalha com material reciclado de todos os tipos (cabos de telefone, tampa do chocolate alpino, carretel de fios de cobre) e diz que “nenhuma obra dele é igual, porque é arte, e arte não é igual, se for vira industrial”.