Os Filmes Brasileiros na Berlinale 2017
Toda a preparação sobre um festival de cinema começa muito antes, com o referido credenciamento, depois com os release de imprensa e mais tarde com a “enxurrada” de e-mails de produtoras a fim de divulgar seus filmes. E quando, realmente, a experiência cinematográfica, acontece, nós, críticos-jornalistas precisamos estar organizados com todo conteúdo e informação possível.
O Festival de Berlim possui uma preparação única, até porque encontramos sub-festivais para todos os gostos (que parece uma edição do Festival do Rio pela infinidade surreal de opções de filmes). Logicamente, a preferência máxima é a cobertura de todos os brasileiros que integram a Berlinale.
Há a mostra competitiva oficial (o carro chefe), a mostra panorama, as especiais, a mostra culinária, o Lola, a mostra indígena (novidade da edição de 2017), os clássicos revisitados, retrospectiva, fórum, geração, perspectiva alemã, curtas-metragens, homenagens, exposições e muito mais. Sim, é humanamente inviável conseguirmos assistir a tudo, mesmo se formos extra-terrestres como os críticos Rodrigo Fonseca e Pablo Villaça.
O Vertentes do Cinema, como já está implícito, colocará os filmes oriundos de nosso país em primeiro plano. São doze exemplares, divididos em categorias diversas, e que um deles está na competição oficial pelo Urso de Ouro.
Na competição oficial, “Joaquim”, do pernambucano Marcelo Gomes (de “Cinema, Aspirinas e Urubus”, “O Homem das Multidões”, “Viajo Porque Preciso, Volto Porque Te Amo” – este que co-dirigiu com Karim Aïnouz). Com Julio Machado, Isabél Zuaa, Rômulo Braga, Welket Bungué, Nuno Lopes. Brasil do século XVIII. Há uma crescente preocupação em uma colônia de que a mineração de ouro está em declínio. O país está sendo governado por oficiais corruptos do colonial. O tenente Joaquim fez nome como um caçador de traficantes de ouro. Ele tem esperado em vão pela recompensa que pretende usar para comprar a liberdade de seu amante, um escravo negro. A fim ganhar dinheiro de outra maneira, ele concorda em tomar parte em uma expedição perigosa para encontrar novas lugares de ouro. Ele é acompanhado por alguns de seus compatriotas e uma tropa de escravos africanos, índios indígenas e mestiços. Quanto mais pesquisam, mais suas dúvidas sobre a missão crescem. Gradualmente ele começa a reconhecer a injustiça que seu país trouxe para a colônia e vê muito claramente o mecanismo da opressão. Na selva, ele perde o controle, mas seu ponto de vista moral é cristalina. Seu amante também o faz ver que ele deve reconsiderar suas convicções e suas lealdades. Um relato parcialmente ficcional, em parte histórico, da vida do herói nacional brasileiro Joaquim José da Silva Xavier, conhecido como Tiradentes.
No Panorama Especial, as ficções “Como Nossos Pais”, de Laís Bodanzky (de “Bicho de Sete Cabeças”), com Maria Ribeiro, Clarisse Abujamra, Paulo Vilhena, Felipe Rocha, Jorge Mautner. A história aborda a personagem Rosa e a quebra de suas obrigações para descobrir uma nova vida; e “Vazante”, de Daniela Thomas (em sua primeira direção sozinha sem a co-direção de Walter Salles), com Adriano Carvalho, Luana Nastas, Sandra Corveloni, Juliana Carneiro de Cunha, Roberto Audio, sobre a transição de raça e relações de gênero sessenta anos antes do fim da escravidão, em 1821.
Na Sessão Panorama, “Pendular”, de Julia Murat (de “Histórias que Só Existem Quando Lembradas”). Com Raquel Karro, Rodrigo Bolzan, Neto Machado, Marcio Vito, Felipe Rocha. Nosso site conheceu as primeiras ideias deste projeto no Festival de Berlim 2014. Por isso, a curiosidade aumentou. Em um sótão vazio, uma mulher e um homem colam fita alaranjada no chão para demarcar duas áreas de tamanho idêntico: um espaço será seu estúdio de dança eo outro sua oficina de escultura.Esta interação entre intimidade e rivalidade significa que o casal está constantemente explorando-se novamente.
Na sessão Generation 14plus, o filme “A Mulher do Pai”, de Cristiane Oliveira, exibido no Festival do Rio 2016, e que foi um dos vencedores do Prêmio Vertentes do Cinema, com Maria Galant, Marat Descartes, Verónica Perrotta, Amélia Bittencourt, Áurea Baptista sobre a adolescente Nalu (Maria Galant) que precisa cuidar do pai cego, após a morte da avó que os criou como irmãos. Quando Ruben (Marat Descartes) percebe o amadurecimento da filha, surge uma desconcertante intimidade entre eles. Mas, com a chegada de Rosário, o ciúme ganhará espaço na vida de ambos.
Também na Generation 14plus, a ficção guarani de Felipe Bragança (roteirista de “Praia do Futuro”), “Não devore meu coração!”. Com Cauã Reymond, Eduardo Macedo, Adeli Gonzales, Zahy Guajajara, Cláudia Assunção. O filme, exibido no Festival de Sundance 2017, foi livremente inspirado nos filmes: “Princesa Mononoke”, de Hayao Miyazaki; a “obra-prima brasileira” “Iracema”; de Jorge Bodanzky e Orlando Senna (este, de 1976, que esteve proibido no país e só foi lançado oficialmente no Brasil em 1981); “Os Selvagens da Noite”, de Walter Hill; “Conta Comigo”, de Rob Reiner; e “A Hora e a vez de Augusto Matraga”, de Roberto Santos. Os corpos de homens mortos flutuam rio abaixo. Mas Joca, de 13 anos, está apaixonada pela misteriosa garota-jacaré do povo guarani, que vive na margem oposta. Definido para os sons de motores na luz difusa dos pântanos, Bragança retrata as atitudes e vidas de uma geração sem medo em uma história moderna Romeu e Julieta.
Na Generation Kplus, a ficção “As duas Irenes”, do estreante, em um longa-metragem, Fabio Meira (que foi assistente de direção de Ruy Guerra), com Priscila Bittencourt, Isabela Torres, Marco Ricca, Inês Peixoto, Susana Ribeiro. Um mosaico requintado que tece uma teia maravilhosamente delicada de questões de identidade, amizade verdadeira e os primeiros passos rumo à idade adulta de Irene que descobre que há uma outra Irene de 13 anos que vive na mesma cidade.
No Panorama Dokumente, o documentário “No Intenso Agora”, de João Moreira Salles. Em 1966, em uma turnê cultural da China, a mãe do diretor capturou em arquivos suas impressões do país e seu povo. Quarenta anos mais tarde, seu filho descobriu seu material. Ele comenta as imagens tiradas por sua entusiástica mãe, citando as impressões do autor italiano Alberto Moravia, que também viajou pela China e foi capaz de observar de perto as políticas maoístas.
Na sessão Forum, o filme “Rifle”, de Davi Pretto (de “Castanha” – este que também foi exibido na Berlinale). Com os não-atores Dione Avila de Oliveira, Evaristo Goularte, Andressa Goularte, Elizabete Nogueira, Livia Goularte. Dione (Dione Ávila de Oliveira) é um jovem com hábitos estranhos, que vive isolado com sua família em uma região rural e remota. Mas toda a tranquilidade do local é abalada quando um rico proprietário tenta comprar a pequena propriedade onde ele e sua família vivem. O jovem então começa a carregar sempre um rifle, de forma a defender seu território. Crítica e entrevista Aqui.
Na sessão de curtas-metragens do Berlinale Shorts IV:Utopia Unplugged, “Estás vendo coisas”, de Bárbara Wagner, Benjamin de Burca, curta-metragem documentário sobre o Tecno-Brega. Na Short Films 2 Kplus, o documentário “ficção científica” guarani “Em busca da terra sem males”, de Anna Azevedo. Na “terra sem mal” os humanos encontrarão paz, de acordo com os guaranis. Não muito longe do Rio de Janeiro, eles construíram uma aldeia onde eles podem viver de acordo com seus costumes e seus filhos podem crescer igualmente influenciado por tradições antigas e o mundo moderno.
No Queershorts Teddyrolle, o curta-metragem de seis minutos “Vênus – Filó a fadinha lésbica”, de Sávio Leite com Helena Ignez. Neste animado conto de fadas, Filly, uma fada lésbica com dedos ágeis, seduz as mulheres de dia vestidas de menino. Mas à noite algo estranho acontece e logo metade da população de Whatsit Village está ansiosamente filas.