Fest Aruanda 2025: Entre encontros, comidas, territórios de ideias, rasgando Sidney Magal e sessões mais que especiais

Fest Aruanda 2025

Diário do Vertentes do Cinema

Fest Aruanda 2025: Entre encontros, comidas, territórios de ideias, rasgando Sidney Magal e sessões mais que especiais

Por Fabricio Duque

Ainda na tentativa de traduzir a alma do Fest Aruanda – Festival do Audiovisual Internacional da Paraíba 2025, que completa vinte anos de existência, e, também, setenta anos da Universidade Federal da Paraíba, que já ouvi que o festival é definido pelos “encontros” e pelos “territórios de ideias”, nesta matéria irei para a possíveis influências dos comportamentos sociais de João Pessoa, em que talvez tudo esteja diretamente conectado à gastronomia do local. Sim, mas antes preciso abrir um parênteses. Venho do Rio de Janeiro, e lá no sudeste, nossa alimentação diária é mais sem sal (literal e metaforicamente). Nosso arroz é sem tempero. Nosso feijão é só com grãos. Nosso frango é grelhado. Aqui não. O feijão é completo, tanto que é chamado de “gordo”. O peixe é moqueca. Sim, uma comida com mais sabor, molho e vida. E lógico que quando comemos temos sempre “efeitos colaterais”. Talvez seja nisto, não na minha “consequência”, mas no costume, que esteja a força e a energia do povo nordestino. Outra coisa que também observei foi a cultura da não-pressa. Nós, os fora daqui, embarcamos em um tempo único de maior duração para fazer as coisas (eu inclusive ouvi de uma amiga pessoense: “o tempo de vocês é rápido demais”). Mas também e talvez, quase paradoxalmente, isso se reflete em outra cultura: a do cinema. Talvez a potência da comida aflore, mais potencializada, uma hiperatividade. Uma urgência de vida, que não se perde tempo com pormenores técnicos e sistemáticos que nós somos “mestres” em se retroalimentar.

O Fest Aruanda – Festival do Audiovisual Internacional da Paraíba 2025 acontece no complexo Cinépolis, no Manaíra Shopping, outro paradoxo e ousadia de levar filmes bem mais independentes à tela gigante da sala Macro XE 9, com 575 lugares. Outro parênteses, conversando com Tiago A. Neves, diretor de “Outono em Gotham City”, soube que o shopping em questão foi pioneiro em abrir suas portas e lojas no domingo e feriados e também o primeiro a aceitar dividir comprar em parcelas no cartão de crédito. Outra coisa que ouvi foi a de que para um local ter mais prestígio e credibilidade que outro, o critério é o ar-condicionado. Quanto mais frio, mais “chique”. E dessa forma, fechando o parênteses, a cultura do cinema aqui está muito mais na experiência (de evento) que na forma da cinefilia. Para os locais, não há problema algum em sair e voltar à sessão várias vezes e/ou ligar o celular e/ou conversar. Talvez esteja aleatoriamente no preço do como da pipoca. É cultural. Isso obviamente se reflete também na curadoria e na atmosfera do festival, principalmente pela primeira vez com exibições e shows na Praia de Tambaú, no Busto do Tamandaré, o ponto alto do Fest Aruanda 2025.

O Aruanda Praia aconteceu em dois dias. Na matéria anterior “Fest Aruanda 2025: Entre cabelos nevados, cinema-sunga, geladeiras ambulantes e toca Raul!”, um tudo sobre o aconteceu no primeiro dia com a homenagem a Raul Seixas. E no segundo dia, O Fest Aruanda – Festival do Audiovisual Internacional da Paraíba 2025 trouxe nada mais, nada menos, que o artista Sidney Magal para ser “rasgado” na Paraíba e no cinema com a sessão de “Me Chama Que Eu Vou”, de Joana Mariani, e apresentar seu “Baile do Magal”, de graça, também nas areias da Praia de Tambaú.

Fest Aruanda 2025: Entre cabelos nevados, cinema-sunga, geladeiras ambulantes e toca Raul!

Após o show e a entrevista já liberada com a Rede Globo, a assessora de imprensa Flavia Miranda, junto com a diretora Joana Mariani, conseguiu uma mini-coletiva (de uma pergunta) com os jornalistas Ailton Vieira (redes sociais do Fest Aruanda), Amilton Pinheiro (curador do Fest Aruanda), Bruno Carmelo (Meio Amargo), Miguel Barbieri (Canal do Miguel Barbieri), Simone Zuccolotto (Canal Brasil), Thiago Stivaletti (F5, UOL), Vitor Búrigo (CineVitor, Plano Geral) e, eu, Fabrício Duque do Vertentes do Cinema.

O Vertentes do Cinema perguntou ao ídolo “Como foi ser rasgado pelo cinema?”, que riu e respondeu: “Bom, eu devo isso tudo, antes de qualquer pessoa a minha querida diretora, nossa querida Joana Mariani, e, para mim, foi muito importante, porque nós tivemos alguns anos atrás o lançamento da minha biografia “Sidney Magal – Mais que um amante latino”. Isso para mim, para minha geração, é muito importante: você ter um livro que alguém possa colocar na estante para lembrar tua historia, e é lógico que, com a evolução e a tecnologia, o cinema veio tomando a frente de muita coisa , a televisão também, a internet, e quando ela (a diretora) me convidou para fazer esse filme: “olha vou fazer o máximo que eu puder para ser fiel a tua energia, a tua carreira, a tua alegria e esses anos todos que você encanta o publico  brasileiro”. E graças a Deus ela conseguiu porque ela coloca muita humanidade. É um documentário né, então ficou humano, ficou dito por mim e pelos meus familiares, alguns amigos, enfim, uma coisa muito íntima que eu queria que as pessoas soubessem mais a meu respeito e acabaram sabendo através. E é lógico estar junto do cinema, é sempre muito importante. Eu, que já tive a oportunidade como ator de fazer algumas coisas, fui me aproximando do cinema e das novelas e agora ter meu documentário registrando tudo isso, essa caminhada, é muito importante para mim,  sem dúvida”.

Se a gastronomia daqui representa toda essa vivacidade, imagine os encontros! A sensação que eu tenho é que o Fest Aruanda – Festival do Audiovisual Internacional da Paraíba 2025 tem uma aura diferente. É leve e natural. E isso se contagia todo o redor por suas conversas apaixonadas, acaloradas, subjetivas, idiossincráticas, impulsivas, viscerais e pululadas de cinefilia orgânica pela memória afetiva, não afetada da razão. Para Susanna Lira, a experiência da troca foi o que a marcou nesta edição 2025 do Fest Aruanda. Para Lúcio Vilar, foi a experiência da praia. E para a assessora de imprensa Flavia Miranda, a experiência da mostra para crianças foi o que mais a emocionou. Sim, tudo aqui é uma experiência própria a ser sentida. Assista abaixo o vídeo gentilmente cedido ao Vertentes do Cinema pela própria Flávia (Obrigado)!

“Acho que foram várias coisas importantes que me marcaram no Fest Aruanda 2025. A primeira: o encontro de todo mundo, que a cada ano é aprimorado por toda imprensa reunida, todo mundo discutindo, cada uma com o seu foco e pautas. Mas o meu melhor momento, que eu estou encantada, foi sobre apresentar os filmes no cinema, dentro do Fest Aruanda, em uma sessão especial de escolas públicas. Esse evento, que é formação de público, já acontece há cinco anos. E é o resultado de um ano inteiro trabalhando e mostrando na tela de cinema. É a coisa mais linda e mais importante do festival pra mim”, disse Flavia Miranda.

O evento especial que Flavia Miranda mencionou foi a Sessão Especial de Mostra de Curtas-Metragens dentro do Fest Aruanda 2025, organizada pelo Prof. William Bezerra, que exibe filmes produzidos e realizados por estudantes de escola pública estadual. Não podemos confundir com a Mostra Caleidoscópio, esta Universitária da Universidade Federal da Paraíba.

“Nestes vinte anos do Fest Aruanda eu era apenas um adolescente, achava interessante o Fest Aruanda, e me perguntaram se algum dia eu ia apresentar algum filme meu. E parece que a força do pensamento conspirou para o bem. E anos depois criei um cineclube para sessões especial de escola pública. E recebi o convite de Lucio Vilar em 2021, em que tive a honra e a felicidade juntamente com essa garotada que está trabalhando e vivendo a vida de adultos. A gente também resiste na escola pública por melhorias no ensino. É nesse contexto que a educação audiovisual adentra nas escolas com processo educativo de relatar histórias, sejam elas ficções ou documentais. Hoje exibiremos obras que trazem a ideia de pertencimento aos bairros, como por exemplo: “Os Primeiros aos Últimos”; “Irmão Negro”; “Horas Perdidas”; “Isso Pode Ser Abuso”; “Senna”; “School News”; “Charlie Chaplin e o Mosquito”; “Até que a Voz se Cale”, e trazer assuntos relevantes a nossa população, pois o cinema é o grande provocador crítico de sentimentos da sociedade”, disse o Prof. William Bezerra.

O Fest Aruanda – Festival do Audiovisual Internacional da Paraíba 2025 sempre se preocupou muito com a imprensa. Em ter mídia. Isso é muito importante, porque sem os jornalistas nenhum festival sai do local para o nacional e o mundo. A edição comemorativa dos vinte anos contou com 49 profissionais da imprensa local, entre o Jornal A União, a Rede Globo, a Rádio Tabajara, Digital Governo do Estado, Cabo Branco, Rádio Parahyba, entre tantos outros veículos. E com 15 profissionais da imprensa nacional, que listo tudo a seguir: Amanda Aouad -Bahia/Abraccine; Bruno Carmelo – Meio Amargo; Celso Sabadin – Planeta Tela – ; Cine Ninja – Ana Pessoa; Ismaelino Pinto – O Liberal; Luiz Zanin Orichio – OESP; Maria do Rosário Caetano – Revista de Cinema; Miguel Barbieri – Blog/Site; Rafael Camacho Aguiar – Guia do Cinéfilo; Renato Felix – Editor do Jornal União; Simone Zuccolotto – Canal Brasil (com Lohana Brandrão); Thiago Stivaletti – F5 / FSP; Valmir Moratelli – Veja – Coluna Gente; Vertentes do CinemaFabricio Duque; e Vitor Burigo – Cine Vitor e Uol. Sim, uma edição que está sendo histórica!

Acompanhe e fique ligado na cobertura do Vertentes do Cinema que está longe de acabar. Hoje mais tarde tem Cerimônia de Premiação. E amanhã lançaremos o Balanço Geral, mais vencedores e muito mais extras!

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