Direção: Erik de Castro
Roteiro: Érico Beduschi, Erik de Castro e Heber Trigueiro
Elenco: Carlos Alberto Riccelli, Selton Mello, Christovam Neto, Cesário Augusto, Eduardo Dussek, Carolina Gómez, Analu Silveira, Solange de Barros e Michael Madsen como Sam Gibson
Fotografia: Cezar Moraes, ABC
Montagem: Heber Trigueiro
Música: Eugênio Matos
País: Brasil
Ano: 2010
Duração: 91min
A opinião
“Federal” busca a atmosfera alternativa, oscilando entre a violência visceral e diálogos, na maioria das vezes, encenados e teatralizados. Com o custo de 5 milhões de reais, e filmado em 16mm (para fornecer o tom pretendido) e tendo o ator americano MIchael Madsen no elenco, o filme, passado em Brasília, objetiva a imersão no submundo desses funcionários que tem o dever de proteger a sociedade, mas que usam paradoxalmente isso para financiar as próprias vidas. Os personagens utilizam o poder intrínseco que um Federal possui para ditar e ou quebrar regras do sistema. “É cidade sem lei”, diz-se. A camera apresenta ora planos aéreos, para ambientar e descrever o que irá ser apresentado; ora planos detalhes, a fim de absorver os personagens; ora andando (travelling em trilhos), para interagir a imagem e buscar a presença observadora do espectador. As interpretações são irregulares e não convencem, deixando a atmosfera artificial. Mas há exceções. Como exemplos, temos a cena do personagem de Selton sofrendo e batendo na luz após uma batida policial. Outro é a condescendência resignação da esposa perante o marido. Os clichês referenciais são recorrentes, como a utilização de um saco no rosto para extrair a confissão (estilo “ditadura militar”), remetendo a “Tropa de Elite”. A narrativa não consegue equilíbrio. Os altos e baixos, vazios e excessos, vácuos e informações demais, isso cria uma indecisão a quem esta do outro lado da tela. Não se sabe por qual caminho seguir. O roteiro deseja a manipulação, fazendo com que os elementos apresentados não pareçam óbvios.
Em certos casos, até se consegue, como na cena em que o personagem de Carlos Alberto Riccelli é surpreendido por um tiro. “Tratando bandido na maciota, que se fode é você”, diz-se, com o palavreado típico deste meio e do próprio cinema nacional, que acha que palavrão fornece convencimento. Há também a extração introspectiva dos personagens, que tenta quebrar o limite. “Cadê o mandato?”, “Mandado”, sobre o erro comum das duas palavras. Há a figura de Eduardo Dusek, que vive de trocar informações sigilosas. “Por acaso a polícia consegue proteger quem está lá fora”, diz-se com o clichê óbvio e repetitivo. Algumas frases funcionam muito bem. “Se tem uma coisa que funciona no Brasil é o crime, aqui é a capital do pó” e “Mês que vem tem micareta, tem que preparar a mercadoria”. Concluindo, é um filme ingênuo, amador e previsível, salvo alguns instantes e pela maquiagem cinematográfica de deixar uma ferida com aspecto realista. Selton Melo ajuda para que o filme fique menos pior. Mas a principal razão é a presença do grande astro americano.
A Sinopse
Um perigoso traficante age em Brasília, capital federal. Para pegá-lo, a polícia fará o que for preciso. Entre os dois lados, uma população assustada. Federal mostra a realidade de um país que hoje é uma importante rota para o narcotráfico internacional – a maior indústria capitalista do mundo.
Nasceu em Brasília, em 1971. Graduou-se em Cinema pela LA City College e especializou-se em Direção de Atores pela Escola Internacional de Cinema e TV de San Antonio de los Baños, em Cuba. Em 1996, produziu, escreveu e dirigiu o média Razão Para Crer. Em 2001, lançou seu primeiro longa, o documentário Senta a Pua!, e produziu A Cobra Fumou, de Vinícius Reis. Atualmente está finalizando O Brasil na Batalha do Atlântico.
1 Comentário para "Federal"
Grande Fabricio,
Semana passada, resolvemos "testar" os filmes brasileiros aqui em casa. Federal estava entre eles. O filme é péssimo. As cenas de ação foram mal coreografadas, como a cena de perseguição ao capoeira/bandido que abre o filme. Além disso, o policial gordo, pesado e lento, alcança um lépido e sarado lutador de capoeira. Poderiam usar um recurso de tiro na perna do capoeira, ou qualquer coisa que tornasse possível um outro resultado da perseguição, que não a inacreditável possibilidade de sucesso. A luta é patética. Os atores ficam congelados esperando pelos golpes. E o pior, e mais grotesco, são os hematomas que aparecem antes dos socos.
Não entendemos as falas do Senton Mello. São travadas e em baixo volume.
Os diálogos são arrastados e não fluem.
Michael Madsen poderia ter ficado em casa. O respeito que seu personagem demonstra pelo Brasil é o mesmo que o ator demonstra pelo filme, com uma atuação preguiçosa e desleixada.
Raros bons momentos: Eduardo Dussek não faz feio, e o policial bicho-grilo parece mesmo real embora lembre bastante os personagens do Angeli.
Cenas de sexo e nudez desnecessárias completam a lista clássica de vícios do cinema brasileiro.
Parabéns pelo site.
Ciro