Segundo Balanço do Festival do Rio 2014
A experiência de se vivenciar uma
maratona cinematográfica, caso especial do atual Festival do Rio, é sem dúvidas
sentir, sensorialmente, uma atroz crueldade, principalmente aos cinéfilos
ávidos por novidades em filmes. Mas não só para o público que se encontra em um
grande labirinto “encantado” (ficando preso em algumas “saídas” e descobrindo “atalhos”
muito bem-vindos). Os realizadores “sofrem” também. Representa-se uma grande
teoria de Darwin. Os mais fortes sobrevivem. Em meio a tantos diferentes
estilos, tantas narrativas e tantos desprendimentos do mundo real, não é
possível “lembrar” de um filme “mais ou menos” quando se tem a epifania de uma
obra-prima. O processo é assim: ficamos intolerantes com “peso médio” e
partimos a uma jornada “WHIPLASH” (incrivelmente satisfatório – temos até uma
inferência a “Os Monstros”, da Alumbramento Filmes) de ser, motivando nossas
loucuras “Cisne Negro”.
Muita coisa já foi assistida até
agora pelo Vertentes do Cinema. O “vertente” Philippe Torres já fez até um
balanço parcial. E o outro “vertente” envolvido com edições de vídeos e corre-corre.
Não justifica, nós sabemos. Então, aqui, um resumo parcial (com pílulas
opinativas “rapidinhas”) do que “está rolando” ou o que “já rolou”. O “já” do
Fabricio Duque, o leitor-espectador-cinéfilo encontra agora.
O Festival do Rio começou com o “assumido”
infanto-juvenil de “final feliz”, “MARIA E O HOMEM-ARANHA”, da Mostra Geração,
seguido do “inicialmente estranho que ganha interesse e curiosidade”, “EM BUSCA
DO SENTIDO DA VIDA”, sem esquecer a “perfeição magna” já assistida
anteriormente, “MAPAS PARA AS ESTRELAS”, do mestre David Cronenberg. Neste
momento, a aventura cinéfila fica mais “divertida”. Próxima parada: Cinépolis
Lagoon, a “casa” da Première Brasil para conferir a estreia na direção de Alceu
Valença em “A LUNETA DO TEMPO”, uma “fábula musical do sertão de cadência ‘cordelista’
narrativa”, terminando o dia com o primeiro longa-metragem da mostra
competitiva de ficção, “O FIM E OS MEIOS”, uma “aventura pelos bastidores de
Brasília e que o espectador precisa, realmente, assistir de peito aberto”. No
outro dia, os filmes de “nota alta” (já com críticas completas), “DESERTO AZUL”
e “PROMETO UM DIA DEIXAR ESSA CIDADE”.
Também assistido anteriormente, o
leitor não pode deixar de assistir os excelentes “FRANK”, “O SAL DA TERRA” e “STATIONS
OF THE CROSS”. De jeito nenhum. Esses são presentes fornecidos pelo universo
cinematográfico nosso de cada dia. Seguindo adiante, encontramos o novo de Christophe
Honoré, “METAMORFOSES”, uma ode à cinefilia Eric Rohmer de ser; “CORAÇÕES
FAMINTOS”, um filme que vai do nada ao tudo, do superficial ‘fofinho’ à loucura
idiossincrática” e “DAVID BOWIE IS”, um passeio pela exposição que também
aconteceu no MIS SP. E quando nossa percepção achava que não encontraríamos
outro melhor, eis que surge a obra-prima das obras-primas, “AUSÊNCIA”, de Chico
Teixeira, diretor de “Casa de Alice” corrobora sua maestria em contar uma
história, gerando o nascimento de uma ator completo MATHEUS FAGUNDES, assim
mesmo em caixa alta. Também teve “OBRA” (com crítica completa), filme que
divide opiniões subjetivas e que tem o trabalho de desenho de som “mais-que-perfeito”
de Fabio Aldo. Logicamente, em um festival, somos surpreendidos com filmes não
muito bons. É o caso de “FANTASIA”, uma narrativa desequilibrada e ingênua
demais.
Eis que surge “GAROTA EXEMPLAR”,
novo filme de David Fincher, que não perde a mão nunca. É surpreendente a forma
como conduz o espectador as suas ideias. Já estreou no circuito tradicional
(fora do Festival do Rio). Seguindo, “STEREO”, uma experiência sensorial “Drive”
de ser e de esquizofrenia narrativa, “afaga” positivamente o “querer” já “de
expectativa alta” do cinéfilo (já “intolerante”). Tem também “LAND HO!”, “o
fofinho cut-cut”, com produção de David Gordon Green, um filme “despretensioso”,
“delicioso” e com possibilidades “turísticas” (de conhecer a Islândia). E mais
uma vez a “viagem” ao Cinépolis Lagoon acontece em 15 minutos. Tudo para
conferir o fantástico “CAMPO DE JOGO”. Depois corria a outro fantástico “SEEWATCHLOOK
– O QUE VOCÊ VÊ QUANDO OLHA O QUE ENXERGA?” e depois outro fantástico “O FIM DE
UMA ERA”. Fim da PARTE UM.

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