A opinião
O filme ficou guardado até que a ex-mulher do diretor (a atriz principal) resolveu pedir que o finalizasse. Pois é. O filme retrata uma época. A estética e suas caractéristicas. As fotos de Nova Iorque iniciem o filme. Porém a forma como retrata soa um tanto quanto trash. Principalmente quando se quer passar por um sério. Há uma degradação interna aceita e resignada, fazendo os diálogos diretos e sem moral. Isso pode ser interessante. Então retorna ao escracho. Algumas cenas são patéticas. E não são poucas.Há frases de efeito “Isso é sofismo puro. É só linguagem as palavras”. O filme não respeita a inteligência do público esgotando a paciência. “Aqui os sonhos ginecológicos se tornam verdadeiros”, outra pérola. Acredita-se, pretensiosamente, que tudo o que é dito será absorvido por aceitação geral. “Estrelas merecem o máximo, porque são o máximo”, essa até que é legalzinha. Posso usar alguns diálogos para expressar o meu descontentamento. “Muitos acidentes vem do tédio”, pois é, o filme estava guardado no tédio de uma gaveta e não precisaria expor o seu acidente. Talvez tenha sido o destino que fez com que eu assistisse as interpretações da personagem Heaven. “Odeio o destino”, diz-se. Em defesa, alguns diálogos são bem interessantes, exemplificando com “Nós vimos um filme ruim”, pois é, eu assino embaixo. Fuja.
Ficha Técnica
Direção: Robert Feinberg
Roteiro: Robert Feinberg
Elenco: Ruby Lynn Reyner, Ondine, Mary Woronov
Fotografia: Fred Aronow
Montagem: Mark Mann
País: Estados Unidos
Ano: 2009
A Sinopse
Heaven é a mestre de cerimônias do Bowery Follies, uma velha casa noturna de Nova York cujos dias de glória já se foram. O lugar sobrevive de alguns poucos remanescentes, entre artistas de vaudeville e desajustados. Heaven sabe que seu tempo ali já passou. Bêbada, ela passa noite após noite cantando para homens desconhecidos, sonhando em encontrar entre eles um grande amor. Mesmo sem entender como foi parar naquele lugar, Heaven tem apenas um desejo: conseguir sair de lá. Filmado em 1970, o filme ficou perdido por mais de 35 anos, até ser encontrado, editado e finalizado em 2009.
O Diretor
Após frequentar a Sorbonne e o Curso Americano de Fotografia em Paris, formou-se em 1972 em Cinema na Universidade de Nova York. No Brasil, fundou em 1977 a Vina Filmes, com Vinicius, Suzana e Pedro de Moraes. Trabalhou como diretor de produção e ator de uma série de filmes, além de ter fotografado capas de discos e livros. Entre 1990 e 1998, foi fotógrafo da Telephoto, em NY. Este é seu primeiro filme como diretor.