Editora PUC-Rio lança gratuitamente livro sobre Bergman
Rostos de Bergman: vida e morte em um plano traz uma mistura temática que unifica fragmentos das obras do cineasta Ingmar Bergman (1918-2007)
Por Redação
A Editora PUC-Rio acaba de lançar o livro Rostos de Bergman: vida e morte em um plano, organizado pelos professores do Departamento de Comunicação Gustavo Chataignier, Liliane Heynemann e Tatiana Siciliano e por Luiz Baez, egresso do Mestrado. A obra, disponível gratuitamente online, compila textos de acadêmicos de diversos ramos do conhecimento, da PUC-Rio e de outras relevantes instituições de ensino do Rio de Janeiro, além de críticos filiados à Abraccine e à ACCRJ, em uma estrutura de blocos temáticos, cada qual composto por duplas de filmes. Resultado do seminário homônimo, organizado em 2018 na universidade por ocasião do centenário do mestre sueco, espera-se que a leitura acompanhe estudantes de cinema e comunicação, bem como amantes das artes, em investigações futuras.
Ao abordarem aspectos estéticos, políticos e históricos de sua filmografia, dezesseis artigos inéditos reiteram a contemporaneidade de Bergman, cujas imagens formaram gerações de cinéfilos, para a compreensão da realidade que nos cerca. O segmento final da antologia reserva ainda uma surpresa ao leitor: a última e incompleta publicação de Miguel Pereira (1940-2019), um dos mais importantes nomes da relação entre as atividades crítica e acadêmica no Brasil, a quem os autores dedicam o livro. “Seu centenário é muito mais do que cem anos. É um olhar de renovação e constante inquietação. Bergman vive e está entre nós”. Ele morreu antes de finalizar o texto, mas deixou esse fragmento indicado no final de uma página jamais escrita.
“Conheci Gustavo Chataignier enquanto ainda trabalhava no Portal PUC-Rio Digital. Desde aquele momento, sua articulação para falar sobre Dalí e “Spellbound” muito me impressionou. Resolvi que seria seu aluno. Ainda nas aulas de Estética, no terceiro período da graduação, antecipava o desejo de uma orientação futura. E, como planejado, nos reencontramos alguns anos mais tarde. Escolhas implicam perdas, é claro. Do outro lado do corredor, Lila Heynemann falava sobre arte e cinema para outro grupo de estudantes. Não tive a oportunidade de frequentar seu curso. E, justamente por isso, muito me alegrou o convite para juntos pensarmos um seminário. Enquanto nos reuníamos no Departamento de Comunicação, duas figuras nos presenteavam com o brilhantismo de suas contribuições. A primeira, Tatiana Siciliano, por vezes comigo esbarrava nos corredores da universidade. Lembro-me de ter verbalizado a vontade de ser seu aluno, mas, à época, sua turma era exclusiva do curso de Publicidade. A segunda, o saudoso Miguel Pereira, me foi apresentado, provavelmente, por Arturo Neto. Nossa relação, de pupilo e mestre, deu origem a uma orientação de iniciação científica e outra, esta interrompida, de Mestrado. Acredito no cinema como lugar de encontros. Especialmente no caso de Ingmar Bergman: uma abertura à alteridade, mas também um encontro consigo mesmo, com as memórias. Por isso evoco aqui os prazerosos dias de convívio com Gustavo, Lila e Tatiana na PUC-Rio. Hoje, dois anos mais tarde, tentamos restituir materialmente esse lugar simbólico, com o lançamento do livro Rostos de Bergman: vida e morte em um plano e sua dedicatória à memória de Miguel, mestre de todos nós. Além do último e inacabado – como a arte de Bergman, que resiste à absolutização do sentido – texto de Miguel Pereira, tivemos a honra de receber investigações de pesquisadores de diversos ramos do conhecimento e das principais instituições de ensino do Rio de Janeiro, bem como as de críticos filiados à Associação Brasileira de Críticos de Cinema – Abraccine e à ACCRJ. Em ordem de publicação: Ney Costa Santos, Maria Caú, Luiz Fernando Gallego Soares, Cássia Chaffin, Pedro Hussak, Patricia Machado, Madalena Sapucaia, Flavio Kactuz, Pedro Duarte, Roberto Veiga, Denise Costa Lopes, Rosana Suarez e Lenivaldo Gomes.”, disse Luiz Baez.
De modo simultâneo, Rostos de Bergman apresenta aspectos estéticos, políticos e históricos da filmografia do diretor e escritor sueco. Com o intuito de proporcionar uma amostra da vasta obra do realizador, os organizadores realizaram uma seleção de duplas de filmes, reunidos segundo afinidades eletivas. Assim sendo, a obra oferece ao público uma apresentação dos filmes, seguida de uma leitura analítica feita por pesquisadores da Comunicação.
Dos primeiros filmes ao último, Ingmar Bergman se constituiu numa lenda viva. A Sétima Arte, em geral, e o cinema do mestre sueco, em particular, atuam como ferramentas de compreensão da realidade, responsáveis pela educação sentimental de gerações de cinéfilos. Espera-se que o material acompanhe estudantes de cinema, de comunicação e das artes na feitura de trabalhos acadêmicos e em suas futuras produções artísticas.
A coletânea resulta do seminário homônimo, organizado em 2018, na PUC-Rio, por ocasião do centenário do diretor sueco. No dia 18 de outubro, o editor-chefe do Vertentes do Cinema, Fabrício Duque, intermediou a discussão sobre o filme “Persona” entre os professores de Filosofia Pedro Hussak, da UFRRJ, e Pedro Duarte, da PUC-Rio, ambos autores do livro.
“Tudo começa com a cinefilia, com a paixão pelos filmes – e pelas amizades que isso produz. Por outro lado, seguimos, impactados, fiéis aos “acontecimentos” fílmicos. A data redonda veio a calhar: nada melhor do que o centenário desse que é um dos maiores realizadores da história, em 2018. Com a professora Liliane Heynemann e o então mestrando Luiz Baez, iniciamos as conversas e a produção. Tudo em tom de alegria, pois se a finalidade era oferecer algo representativo e adequado às condições de exibição e debate, por outro lado escolhíamos filmes e temas que literalmente amamos. Some-se a isso todo o apoio recebido pelo departamento de comunicação, em especial do professor Miguel Pereira – a quem o livro é dedicado. A professora Tatiana Siciliano então se junto a nós, enriquecendo as discussões. A estrutura da obra é dividir os filmes em eixos temáticos, agrupados em duplas. Em uma primeira exposição, há um quadro mais histórico, enquanto que cabe ao texto segundo uma abordagem mais exegética. Nesse sentido, fomos brindados com uma miríade de interpretações, oriundas dos mais diversos saberes: estudos fílmicos, teoria da comunicação, filosofia, psicanálise, estética, antropologia, estudos culturais, história etc. É digno de nota a participação de pesquisadores de diversas instituições. Esperamos, por fim, que essa pequena contribuição possa interessar novos amantes do cinema. Os rostos que traem intenções e nos levam, pela imagem, aos dramas da existência certamente não deixarão de achar seu público.”, disse Gustavo Chataignier.
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SOBRE OS ORGANIZADORES
Gustavo Chataignier é professor do Departamento de Comunicação da PUC-Rio e pesquisador associado ao Departamento de Filosofia da Universidade de Paris 8.
Liliane Heynemann é doutora em Comunicação e Cultura (UFRJ) e professora do Departamento de Comunicação da PUC-Rio.
Tatiana Siciliano é doutora em Antropologia Social (Museu Nacional – UFRJ) e diretora do Departamento de Comunicação da PUC-Rio.
Luiz Baez é mestre em Comunicação (PUC-Rio).