Curta Paranagua 2024

Deixe-me Entrar

Ficha Técnica

Direção: Matt Reeves
Roteiro: Matt Reeves
Elenco: Chloe Moretz, Kodi Smit-McPhee, Richard Jenkins, Jimmy ‘Jax’ Pinchak, Sasha Barrese
Fotografia: Greig Fraser
Música: Michael Giacchino
Produção: Alexander Yves Brunner, Guy East, Donna Gigliotti, Carl Molinder, John Nordling, Simon Oakes, Nigel Sinclair
Distribuidora: Paramount Pictures Brasil
Duração: 115 minutos
País: Estados Unidos
Ano: 2010
COTAÇÃO: BOM

A opinião

Lenda ou não, o universo dos vampiros é constantemente retratado em diversas vertentes narrativas e públicos. A maioria delas baseia-se em livros do tema em questão. Há “Entrevista com o vampiro”, “Crepúsculo”, entre tantos outros. Cada um trata das soluções de eliminação destes seres, podendo ser com estaca de madeira, água benta, alho. Enfim, são inúmeros roteiros férteis que recriam dos mordedores. Em 2008, o longa sueco “Deixe ela entrar” (aqui no blog), segue por um outro caminho: o de não assustar, explorando o lado humanizado deles. Sentimentos como perda, carência, fome, sobrevivência, ética, solidão, tédio, resignação, amor, proteção, união, prisão, tudo é abordado com aprofundamento seco, direto, com elipses cinematográficas de explicações das ações e próximos acontecimentos, que são características do cinema da Suécia. “Deixe-me entrar”, é considerado uma refilmagem deste último. Há quem ache cópia, porém há elementos inseridos. A história é a mesma. Mas quando o diretor americano Matt Reeves (de “O Primeiro Amor de Um Homem” – 1996 e “Cloverfield – Monstro” – 2008 – que é todo filmado por uma camera digital sobre um monstro que ataca a cidade) imprimiu seu tipicismo, havendo uma transformação da forma, deixando de ser existencialista – e intimista – mas direcionada à estética comercial, incutindo elementos como susto, emoção e explicação do que se está mostrando.

Blackeberg, subúrbio de Estocolmo. Oskar (Kodi Smit-McPhee) é um garoto de 12 anos que sente-se só. Na escola é provocado por outros garotos e, apesar da raiva que sente, é incapaz de reagir. Um dia, ao brincar no pátio repleto de neve do prédio onde mora, ele conhece Eli (Chloe Moretz). Ela é uma garota pálida e solitária que se mudou para a vizinhança recentemente, em companhia de seu suposto pai. Apesar do temor em se aproximar de Oskar, logo Eli se torna sua amiga. Paralelamente, uma série de assassinatos macabros acontecem em que o sangue das vítimas é retirado. Eli está envolvida com estes fatos, de uma forma que Oskar jamais poderia imaginar. Os vampiros são seres que terão que viver eternamente com a mesma idade que morreram. Não terão o sol, apenas a noite. E precisarão de sangue para se alimentarem. Eles tornam-se animais, porque seguem os próprios instintos, sem a dicotomia entendida do que é o certo e ou errado. Paralelamente, servem como referência à modernidade. As crianças de hoje em dia, apesar do ano retratado no filme ser de 1983 em Los Alamos, auge do movimento dos anos oitenta, são “criadas” por pais que se comportam como adolescentes e que não possuem estrutura e técnica de ensino.

Assim, essas criaturas em crescimento dependem única e exclusivamente delas mesmas, aprendendo com outros os valores sociais. A metáfora que se deseja transmitir é a de que essas crianças também estão sozinhas, o único detalhe é que morrerão. Se percebermos as regras vampirescos, nos daremos conta de que são mais educados do que a geração do agora. São valores antigos. Um dos exemplos é pedir permissão para que se possa entrar na casa de alguém. Alguém precisa convida-lo, senão choram sangue e podem até queimar. “Preciso de sangue para viver”, diz ratificando o que é. O cinema americano pede por clichês, efeitos e melodramas, já é intrínseco deles, como a televisão que mostra um programa evangélico com a frase “Você sabe onde seus filhos estão?”, ou quando é perguntada se quer namorar, ela responde “Eu não sou uma garota”, despertando risadas da plateia. Até porque o personagem principal apresenta-se como andrógeno. A sacada do roteiro é fazer com que o não vampiro aprenda os valores que não são aprendidos mais nem na escola. Quando o Bullyng acontece, a solução é revide. Quando ele está na porta dela, pergunta “Posso entrar?”. A fotografia remete a uma noite clara pela luz florescente da lâmpada. Fotografias e mais explicações acontecem para embasar a história e expor mais palatável a um público diferenciado e mais comercial. Concluindo, é o mesmo conteúdo, com atores diferentes, lugar diferente, mas se comportando fielmente ao que deseja “copiar”. O contexto totalitário é bom. Mesmo assim, fique com o primeiro.

O Diretor

Matthew George “Matt” Reeves, nasceu em 27 de abril de 1966, Rockville Center, no estado de Nova York. Começou a fazer seus filmes aos 8 anos, dirigindo seus amigos com uma câmera. Reeves conheceu J. J. Abrams quando ambos tinham 13 anos, quando seus curtas estavam sendo mostrados em um canal a cabo. Reeves e Abrams se tornaram amigos e eventualmente criaram a série de TV Felicity. Reeves cursou a Universidade do Sul da Califórnia. Lá, produziu um filme de estudantes chamado de Mr. Petrified Man, que o ajudou a conseguir um agente, e também co-escreveu o roteiro que se tornou Under Siege 2: Dark Territory. Após se formar ele co-escreveu The Pallbearer, que também foi sua estreia como diretor. Dirigiu o filme Cloverfield, produzido por Abrams.

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