Direção: Denis Côté
Roteiro: Denis Côté
Elenco: Emmanuel Bilodeau, Philomène Bilodeau, Roc Lafortune, Sophie Desmarais
Fotografia: Josée Deshaies
Montagem: Nicolas Roy
País: Canadá
Ano: 2010
Duração: 92min
A opinião
“Curling” é uma espécie de filme alternativo que pretende ser cult. A parte técnica, competente e incrível, posiciona a camera em uma fotografia fria, gélida, de granulação saturada, voltada ao contraste e clara. Confrontando o detalhe ao plano longo. “Você já percebeu que não tem ninguém aqui?”, diz-se. Os personagens vivem o limite do cansaço e da desistência. Desejam a mudança, mas ela não vem. Com isso, o que se mostra são ações e conversas banais, e cotidianas, sobre o nada existencial. Os diálogos são diretos e secos, enfatizando a raiva contida e que precisa desesperadamente de uma catarse. A narrativa retrata o vazio de seus personagens. “Ela é vazia, não há nada nos olhos”, sobre a menina em questão. Não há consistência, confiança e muito menos emoção. A estranheza dos acontecimentos, que não se explicam totalmente, é vivenciada até às ultimas consequências, chegando a ser patéticas em determinados momentos.
Espera-se do espectador o sentimento de alerta, de que algo irá acontecer em breve, desejando a sua cumplicidade. A cena em que pai e filha esperam a duração de uma música americana dos anos oitenta, sentados em um sofá é o que se pretende mostrar: o nada, o o comum e o simples. Pulula o silêncio. Há a morbidez da curiosidade. “Finalmente se interessa por alguma coisa”, diz a mãe a seu filho, quando o ensina a jogar o “Curling”, título do filme. A conclusão do todo é que o específico (fotografia) não se sustenta sozinho, tornando-se mais um longa desse gênero, que se arrasta para colocar os elementos narrativos, a própria trama e terminar o roteiro em tela.
A Sinopse
Jean-François é pai solteiro e mora numa vila no interior do Québec. À noite, trabalha em um boliche deserto e, de dia, em um hotel decadente. Temeroso que sua filha de 12 anos, Julyvonne, seja machucada pela sociedade como ele foi, faz o que pode para isolá-la em casa. Mas alguns acontecimentos inesperados colocam em risco o frágil equilíbrio da relação: um menino desaparece de casa e Julyvonne descobre cadáveres na mata próxima. No entanto, o encontro com um tigre pode ajudá-los a se libertar de suas próprias prisões. Leopardo de Melhor Direção no Festival de Locarno.
Nasceu no Canadá, em 1973. Dirigiu diversos curtas-metragens, entre eles Des Tortues dans la pluie (1997), Seconde valse (2000) e La Sphatte (2003). Seu primeiro longa, Les États nordiques (2005), ganhou o Leopardo de Ouro – Vídeo no Festival de Locarno. Já Elle veut le chaos (2008) venceu o Leopardo de Prata de Melhor Diretor no mesmo festival. Em 2009, Carcasses (2009) foi selecionado para a Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes.