Por Marise Carpenter
3a Mostra Joias do Cinema Francês
“Um lugar na Terra”, da diretora francesa Fabienne Godet, é um filme arte, um filme profundo, um filme denso, um filme bonito. Assim podemos dizer deste longa-metragem em questão aqui. A direção apropria-se das profissões de fotógrafo e de pianista para fazer arte e, através da lente, se aproximar da dor e do sofrimento que há no ser humano. Tudo embalado por Chopin.
Parece triste, mas não é, salvo pelo personagem de Antoine (o excelente ator Benoît Poelvoorde) que apesar de desencantado com a vida, é alegre e cativante ao ponto de proporcionar momentos divertidos e felizes à depressiva pianista que, por outro lado, proporciona belas fotografias.
Atraído pelo som de uma sonata de Chopin vindo do prédio ao lado do seu, Antoine se encanta ao ver a jovem pianista e imediatamente começa a fotografá-la as escondidas da janela de sua sala, quase que um click a cada nota de Chopin.
Antoine consegue capturar imagens lindas exatamente por conta de seu estado emocional, desacreditado de si mesmo, abusando da bebida e do cigarro, ingredientes perfeitos para contrapor com a beleza de ver surgir lentamente, nostalgicamente, a revelação das imagens fotografadas. Esse processo é solitário, assim como é solitário as fotografias escondidas que ele tira da pianista, assim como é solitário tocar Chopin.
Ao mesmo tempo em que se dá o processo de revelação em seu laboratório das fotografias “roubadas” da pianista, se dá também o processo de auto-revelação de Antoine porque onde antes se via uma jovem triste e abatida pela dor e pelo sofrimento, agora se revelava um rosto com expressões de alegria e vontade de viver. E era ele o observador e o revelador dessa transformação.
O filme trata da solidão e dos encontros que salvam, não importando a idade que se tenha. Desde Antoine até seu único amigo, Mateo, um menino de sete anos, filho de sua vizinha, passando por Elena, a jovem pianista. Cada um se salva através do outro a seu jeito.
Ou não!
3
Nota do Crítico
5
1